Entre 1943 e 1963 o compositor norte-americano Aaron Copland (1900-1990) foi uma espécie de embaixador cultural do Departamento de Estado dos EUA. No período, fez quatro incursões à América Latina, conduzindo orquestras, fazendo palestras e conhecendo a produção de seus pares.
Estava em uma temporada no Rio de Janeiro quando recebeu de Benny Goodman (1909-1986) a encomenda para compor uma obra para clarinete. Desta maneira, o “Concerto para clarinete” (1948) não teve como fugir à influência dos trópicos.
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Em celebração aos 125 anos de nascimento de Copland, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais executa essa obra, uma das peças mais importantes do repertório americano para este instrumento, em dois concertos nesta semana. As apresentações serão quinta (3/4) e sexta (4/4), na Sala Minas Gerais, com o clarinetista italiano Kevin Spagnolo como solista convidado.
O programa, que será regido pelo maestro associado José Soares, ainda terá a “Quarta sinfonia” de Bruckner.
“Quando Benny Goodman fez a encomenda a Copland, ele queria uma peça que se aproximasse do estilo clássico americano. Acho que provavelmente influenciado pela música brasileira (ele se aproximou de Villa-Lobos), conseguimos reconhecer uma fusão rítmica entre a música americana e a brasileira. Não sou um expert, mas em parte reconhecemos algo do frevo e samba”, comenta Spagnolo.
Na incursão brasileira (ele esteve por mais de uma ocasião no país), Copland esteve também em São Paulo, Recife e Salvador. E como Goodman era um dos grandes do jazz em sua época, chamado “O rei do swing”, o concerto, diz Spagnolo, traz também vários elementos do gênero musical.
“A peça promove uma conversa entre o clarinete e a orquestra. Tenho boas passagens com os contrabaixos, o que é divertido”, continua o músico de 28 anos. A carreira de Spagnolo deslanchou em 2018, quando ele recebeu o prêmio principal do Concurso Internacional de Genebra – na época com 22, foi o clarinetista mais jovem a vencer a premiação.
Nascido em Lucca, na Itália, começou a estudar o instrumento aos seis anos – foi a opção que lhe caiu melhor depois de tentar, sem muito entusiasmo, uma incursão pelos esportes. Seu irmão caçula, Lucas Spagnolo, seguiu caminho semelhante. Atualmente é o flautista principal da Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara em Munique, Alemanha.
Como solista, Spagnolo já se apresentou com as orquestras do Teatro Mariinsky, de la Suisse Romande, a Filarmônica da Sofia, a Sinfônica de Aguascalientes e a Filarmônica de Bruxelas. Em 2021, lançou seu primeiro álbum, “Façades”, com a Orquestra de Câmara Sueca.
ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Concerto nestas quinta (3/4) e sexta (4/4), às 20h30, na Sala Minas Gerais, Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto. Ingressos: R$ 39,60 (mezanino) a R$ 193 (camarote). Valores referentes à inteira. À venda na bilheteria e no site filarmonica.art.br
ACORDEON
Na próxima semana, a Filarmônica recebe uma nova solista internacional. A acordeonista chinesa Hanzhi Wang vai executar para o Concerto para bandoneon, de Piazzolla. O programa, dos dias 10 e 11 de abril, às 20h30, também incluir a sinfonia “Roma”, de Bizet, compositor homenageado pelos 150 anos de sua morte. A regência é do maestro Fabio Mechetti.
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