Conhecer “in loco” a gastronomia da França e seu “terroir" para aplicar os conhecimentos adquiridos na culinária de Minas Gerais, especialmente, no sertão norte-mineiro, aproveitando os ingredientes da região “geraizeira”. Este é objetivo da Expedição “Qual a melhor comida do mundo – Minas Gerais x França?”, que a chef de cozinha Juliana Dourado e o empreendedor e palestrante Fred Rocha, de Montes Claros, no Norte de Minas, realizam no país europeu, a bordo de um motorhome O (casa sobre rodas).


 


A viagem foi iniciada nesse sábado (4/5) e vai até 18 de maio. Durante 15 dias, o casal vai percorrer 2,6 mil quilômetros, passando por 12 cidades. A viagem foi iniciada por Paris, onde também será concluída. Depois da capital francesa, neste domingo (5/5), a chef de cozinha esteve em Monte Saint Michel. No roteiro da expedição, estão cidades conhecidas como Toulouse, Marselha, Lyon e Bordeuax, esta famosa pela excelência na produção de vinhos.


O público pode acompanhar a viagem , diariamente, pelo Instagram.


O projeto foi elaborado e organizado pela administração da Venda do Fred, espaço que reúne gastronomia e artesanato em Montes Claros, valorizando as tradições regionais e a culinária mineira, sobretudo, a “cultura geraizeira” e os ingredientes do Cerrado. A iniciativa conta com o apoio da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

 

Empreendedor Fred Rocha em motorhome no interior da França

Fred Rocha/Arquivo Pessoal


“Decidimos fazer a expedição no território francês porque temos feito um trabalho no Norte de Minas com intuito de valorizar a gastronomia local, e a França consegue, em diferentes regiões, manter as características mesmo sofisticando as comidas”, afirma Fred Rocha.


“No Brasil, em alguns estados, temos diferentes características  gastronômicas. A França também possui algo parecido, porém, o país tem lugares pequenos que são referências pela maneira e pelo jeito  de fazer (a comida) com matéria prima diferente. A França consegue trabalhar os territórios gastronômicos, chamados carinhosamente de “terroir". Nosso sonho é fazer a mesma coisa do Norte de Minas”, afirma o empreendedor.

 

Fred Rocha ressalta que, ao fazer a comparação entre a França e Minas Gerais no nome da expedição, a meta é estimular as pessoas a valorizarem a culinária mineira. “Quando a gente faz um comparativo entre a comida francesa, mundialmente reconhecida, e a comida mineira, que recentemente foi colocada como uma das melhores do mundo, na verdade a gente faz uma brincadeira para estimular as pessoas a entender as culturas locais, a gastronomia com o cuidado na produção dos pratos e a comida mineira com seu tempero incrível, sua entrega e seu sabor”, comenta.


Ele salienta que, na “disputa” sobre “qual a melhor comida do mundo”, a população de cada lugar defende sua culinária como a “vencedora”. “Nem dá para falar qual é a melhor comida do mundo. Culturalmente, cada um evidencia aquilo que sua comida possui. A gente ama aquilo que é da nossa cultura. Eu não troco um pequi por um scargot, e eles (os franceses) também não vão trocar um scargot por um pequi, mas culturalmente a gente tem que entender essa diversidade gastronômica”, ressalta o empreendedor “geraizeiro”.


A chef de cozinha Juliana Dourado espera aprender muito durante a viagem ao território francês. “Pois sabemos que a França é o berço mundial da gastronomia”, frisa.

 

Chef de cozinha mineira Juliana Dourado em motorhome no interior da França

Fred Rocha/Arquivo Pessoal


Juliana Dourado afirma que a imersão na gastronomia francesa objetiva reunir conhecimentos para melhorar o uso dos ingredientes disponíveis em Minas Gerais na culinária. “Vamos mesclar o conhecimento sobre a comida francesa com o aproveitamento dos nossos ingredientes. Vamos aprimorar nossos pratos, usando nossos ingredientes do Cerrado e do sertão”, assegura a chef de cozinha.


No espaço  “Venda do Fred”,  entre outras “matérias-primas” usadas no preparo de pratos da culinária mineira, são encontrados a carne de sol serenada, o pequi, a pimenta em conserva, a “farinha de morro alto” e ainda produtos do extrativismo como a “farinha de jatobá”.


Juliana Dourado informa que também espera aprender muito sobre o funcionamento e as técnicas usadas nos “bistrôs”, estabelecimentos conhecidos do país europeu, a fim de usar os ensinamentos no seu retorno ao Brasil.

 


“Foi na França que os ingredientes começaram a ser tratados de uma forma mais delicada, pequenas quantidades, a delicadeza do sabor, o visual do prato. A arte da gastronomia e a alta gastronomia nasceram na França. O Palácio de Versalhes, inclusive, é o berço da alta gastronomia, onde nascera os primeiros eventos, com a características dos talheres, das toalhas. Tudo isso foi aprimorado pelos franceses” descreve Fred Rocha.


Aprofundar conhecimento sobre terroir


O termo terroir é associado a características de solo, clima e cultura de uma região produtora de determinado produto. No caso da França, influencia a qualidade das uvas e do vinho. Fred Rocha assinala, porém, que o terroir "faz o diferencial também nos ingredientes usados na gastronomia".


Como exemplo, o empreendedor cita que, em Monte San Michel, visitado por ele e a chef Juliana Dourado neste domingo, o casal experimentou uma carne de carneiro com um sabor diferenciado por causa de uma característica local.


“A região, em parte do ano, conta com terre nos alagados pela agua salgada, onde nasce um campi que tem uma composição chamada de “pré salis”. Os carneiros e ovelhas consomem o capim, e a carne deles ganha um sabor inigualável – pode-se dizer que já vem salgada. Então, as características locais, como clima, solo e o capim... Tudo isso é o terroir da região”, afirma Rocha.


O empreendedor disse que o sertão mineiro também tem seu terroir, o que potencializa sua culinária. “O sertão mineiro é riquíssimo no seu sabor. Sabemos que a carne de sol do Norte de Minas tem um sabor inigualável como qualquer outros produtos do mundo. Então, a região conta com o terroir que diferencia na qualidade de vinhso, carnes, queijos e outros produtos com características regionais”, avalia.

 

Guia Michelin

 

O empreendedor Fred Rocha assinala que outra meta da viagem ano território francês é conhecer os restaurantes credenciados pelo Guia Michelin. Trata-se de uma das primeiras iniciativas da gastronomia no mundo a chancelar os restaurantes com o selo de qualidade da culinária, realizada pela multinacional francesa da fabricação de pneus.


Ele lembra que, no Brasil, há restaurantes com o “selo do Guia Michelin” somente em São Paulo e no Rio de Janeiro. “Mas, com nossa viagem à França, lançamos uma campanha, a fim de despertar o Guia Michelin a ter restaurantes certificados também em Minas Gerais. Afinal, Minas é referência em culinária no país”, observa Rocha.

 


Serviço: Expedição no território francês “Qual a melhor comida do mundo – Minas Gerais x F rança?”


Participantes: a chef de cozinha Juliana Dourado e o empreendedor Fred Rocha, da Venda do Fred, de Montes Claros.
Período: 4 a 18 de maio
Por onde vão passar: serão percorridos 2.600 quilômetros na França, como o seguinte roteiro: Chem du Moulin Tussac (Paris), Monte Saint Michel, Saint Maio, La Rochelle, Bordeaux, Saint Emilion,Toulouse, Carcassone, Marselha, Cassis, Provença, Lyon, Grande Rue e Chem du Moulin de Tussac (Paris)

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