São 40 horas de maturação após análise sensorial, uso de fermento específico, coagulação, corte, prensa para atingir o PH esperado, horas na salmoura e sete dias secando sem embalagem. Não é nada fácil a vida do queijo meia-cura, ainda mais se toda essa produção meticulosa for acompanhada de perto pela dona da fábrica, que tem fama de “a louca da qualidade”.

 

No caso da marca mineira de laticínios Coalhada's e sua fundadora Louise Fonseca, o resultado é a medalha super ouro, conquistada no Mundial de Queijos do Brasil, realizado em abril, em São Paulo. O produto - levado de Juiz de Fora a São Paulo num isopor com gelo - já seria o suficiente para comemorar não fossem outros dois fatos correlatos na notícia: uma outra medalha, a de ouro, para o requeijão de corte e, o mais importante, a estreia da Coalhada's, - que tem 30 anos - em concurso.

 

Louise Fonseca exibe, com orgulho, as duas premiações do 3º Mundial do Queijo do Brasil

Laticínios Coalhada's/Divulgação

 

“Existe um olhar cuidadoso com tudo na fábrica. Nossa preocupação é fazer um produto seguro do ponto de vista alimentar e de excelência, como sempre. Então, é engraçado por dois pontos. Um, é que o queijo que ganhou super ouro é uma novidade, ainda está em processo de aprimoramento. O que ganhou ouro é uma receita irretocável há mais de 30 anos. E é o mesmo queijo que vai para a mesa dos consumidores há três décadas, antes mesmo de eu abrir a fábrica”, diz Louise, que só decidiu participar do 3º Mundial do Queijo do Brasil por ideia de uma consultora que trabalha na fábrica. Deu no que deu.

 



 

O requeijão de corte medalha de ouro é tradicional, feito com leite fresco e fermento lácteo e cozido no tacho para resultar numa massa ácida, da mesma forma como aprendeu Louise no Instituto de Laticínios Cândido Tostes, em Juiz de Fora, quando aprendeu a fazer laticínios. "Ele é o requeijão da minha origem. Uma receita irretocável há 30 anos." De sabor e a textura únicos.

 

“A conquista é um marco que reflete a nossa paixão em criar queijos de personalidade e o cuidado minucioso”, acrescenta Louise.

 

 

Com um período de maturação de cerca de 30 dias, o queijo meia-cura é um tipo de queijo que fica entre o fresco e o curado. Durante o processo de produção, o leite é coagulado e moldado em forma de queijo. O Minas Meia-Cura é o mais recente no portfólio da empresa. Atualmente, esse e outros queijos Coalhada's estão espalhados por Minas Gerais e Rio de Janeiro.

 

Para uma funcionária, que não quis se identificar, Louise é uma figura maravilhosa, determinada e super apaixonada pelo que faz. “E ao mesmo tempo ela detesta aparecer. E até por isso que ela nunca participou de nenhum concurso de queijo. Nunca, nunca, nunca, nunca.”

 

Jornada sólida

 

O Laticínios Coalhada's surgiu em 1990 na cidade mineira de Juiz de Fora, onde está instalado no Bairro Retiro, Região Sudeste. Mas nasceu no Furtado de Menezes, onde teve suas outras duas sedes. Hoje, é uma fábrica de pequeno a médio porte.

 

Com um período de maturação de cerca de 30 dias, o queijo meia-cura é um tipo de queijo que fica entre o fresco e o curado

Laticínios Coalhada's/Divulgação

 

Criada e dirigida por Louise Fonseca, a empresa trilhou uma jornada sólida no ramo de laticínios. Após trabalhar em uma cooperativa, decidiu seguir seu sonho e fundar seu próprio negócio. Com paixão pelo leite e dedicação à qualidade, Louise iniciou a produção artesanal de coalhada e queijo frescal. Ao longo das últimas três décadas, a empresa expandiu significativamente, sem jamais se distanciar da missão original: produzir derivados lácteos de excelência, que combinam artesania e alta tecnologia. Essa filosofia resultou em uma linha de produtos diversificada e saborosa, conquistando o paladar de consumidores.

 

O leite vem de produtores da região da Zona da Mata Mineira. Existe um enorme controle de qualidade com a matéria-prima. O carro-chefe da empresa é o queijo. Minas Frescal, que corresponde a grande parte do share de vendas, quase a metade da produção. Este também foi levado para o concurso, mas não ganhou medalha.

 

Por ter clareza sobre o nicho do seu produto e não querer abrir mão da qualidade e da absoluta garantia do controle de todos os processos de produção, Louise ainda não busca o mercado internacional. 

 

 

Apaixonada por queijo e pela experimentação, Louise checa tudo. A ponto de, quando algum queijo está diferente do que ela acredita ser o ideal, a produtora cria um dia na agenda para assumir e coordenar a produção no “chão de fábrica” por um ou mais dias.

 

O requeijão de corte medalha de ouro é tradicional, feito com leite fresco e fermento lácteo e cozido no tacho

Laticínios Coalhada's/Divulgação

 

Em seus planos, está o lançamento de mais produtos, “nessa linha especial do Minas meia-cura”, alinhado ao slogan do Coalhada's: 'Com amor pra você'”.

 

"Oscar" do queijo

 

Promovido pela SerTãoBras, uma associação de vários produtores de queijos artesanais, a cada dois anos, o 3º Mundial do Queijo do Brasil reuniu o melhor da produção queijeira nacional e internacional, com quase dois mil queijos inscritos. O júri foi composto por 300 profissionais do setor, que levaram em consideração critérios como sabor, aroma, textura e aparência.

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