Tropeiro já é bom, mas pode ficar ainda mais bonito. Pensando em "vestir" o prato com trajes de gala, para fazer bonito em festas e comemorações, a chef Elzinha Nunes teve uma ideia inusitada e criou o rocambole de tropeiro. Ou, se quiser outro nome, sushi de mineiro. Ela vai ensinar a receita no Festival Fartura Dona Lucinha, no Serro, neste fim de semana (08 e 09/06), que celebra o ingrediente mais famoso da cidade: o queijo.
Elzinha é uma das filhas de Dona Lucinha, a homenageada do festival, e faz um trabalho de resgate e valorização de receitas tradicionais mineiras. "Mesmo tendo estudado na França, tenho me especializado em pesquisar e preservar a cozinha antiga, como mamãe fazia", conta a chef, que atualmente mora no Serro, no antigo casarão da família.
Com o rocambole de tropeiro, ela quer mostrar que feijão-tropeiro não precisa ser servido apenas em cumbuca ou gamela. "Quero mostrar o tropeiro vestido de festa, mais requintado, em porção individual, fácil de comer em pé", explica. Elzinha já serviu sua invenção em festas em São Paulo, onde tinha um bufê. Aqui em Minas será a primeira vez.
Quem quiser pode se antecipar e ir logo para a cozinha preparar essa delícia. É só anotar todas as dicas. Como a chef ensina, você deve preparar o tropeiro normalmente, com tudo o que tem direito (só o ovo que não é recomendado). A dica é deixar a mistura mais úmida, ou seja, a quantidade de farinha tem que ser menor. Isso para o rocambole ganhar forma com mais facilidade e não despedaçar na primeira mordida.
O próximo passo é enrolar o feijão-tropeiro em uma folha de couve. "Vai apertando com a mão e enrola bem apertadinho", destaca. Na hora de servir, você parte as fatias do rocambole em uma espessura ideal para servi-lo em porções individuais. Ele fica com formato cilíndrico, por isso o "apelido" de sushi de mineiro.
Angu doce
Elzinha vai ensinar a receita do rocambole de tropeiro no domingo (09/06), às 14h, no Espaço do Conhecimento. Antes disso, no sábado (08/06), às 15h30, ela participa do Cozinha ao Vivo, preparando o angu doce, que antigamente era feito com soro do leite e "rala" de queijo. "Quando você acerta o queijo para ficar redondinho, sobram as pontas. Aqui no Serro chamamos também de rela. É muito comum comprar para fazer pão de queijo e quitanda. Já vem com bastante sal."
O fubá de moinho de pedra é cozido em fogo baixo com soro do leite (hoje em dia utiliza-se mais o leite), uma pitada de sal e uma colher de sopa cheia de manteiga. "Tem que cozinhar durante muito tempo, porque não pode ficar cru. O ponto é de angu cremoso, o mesmo do salgado. Gosto de colocar erva doce, cravo e canela", acrescenta.
A chef recomenda servir em uma gamela, colocando camadas de angu, rapadura (o que dá o adocicado), "rala" de queijo, ou o próprio queijo ralado. Segundo ela, é um ótimo prato para dias frios. Aquece e dá sustância.
O festival
O Festival Fartura Dona Lucinha teve sua primeira edição em 2022. O evento homenageia Dona Lucinha e celebra o ingrediente que carrega o nome da cidade, o queijo do Serro, que recebeu recentemente o Selo de Indicação Geográfica, um avanço para a preservação deste patrimônio. Além da programação gastronômica, o festival tem música. O acesso é gratuito. A madrinha desta edição é a chef Mônica Rangel, de Juiz de Fora, Zona da Mata mineira, que comanda o restaurante Gosto com Gosto desde 1994, em Visconde de Mauá (RJ), e é reconhecida pelo respeito à terra, por perpetuar técnicas ancestrais e práticas sustentáveis.