Os fãs de queijos, especialmente os mineiros, foram agraciados nessa quinta-feira (13/6), com uma novidade no universo dos laticínios. O Governo de Minas Gerais regulamentou a identidade e qualidade para produção do Queijo de Casca Florida Natural, reconhecido em 2022 como uma variedade do Queijo Minas Artesanal. Na iguaria, fungos filamentosos, conhecidos como mofos ou bolores, formam uma “casca florida” visível na superfície do queijo. Agora, os produtores poderão produzi-los e vendê-los legalmente. 

 

A regulamentação foi publicada pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e reconhecida pelo governo durante a abertura da 6ª edição do Festival do Queijo no Expominas, em Belo Horizonte. O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, anunciou a novidade.

 

“Os nossos produtores, agora, poderão acessar mercados que antes estavam fechados. A certificação garante não só a segurança sanitária, mas coloca nossos queijos em condição de competição internacional com todos os principais queijos mofados do mundo", disse Simões. A partir de agora, os produtores de queijo devem seguir orientações sobre como o produto deve ser elaborado, seguindo as regras de segurança sanitária determinadas pelo IMA. 

 



 

O vice-governador ainda adiantou que em breve, o governo se reunirá com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para assegurar o Queijo Minas como Patrimônio Imaterial da Humanidade. “Será o primeiro laticínio do mundo a ser reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Com isso, nós teremos um mercado internacional sem fim”, garantiu.

 

A regulamentação

Para garantir a qualidade da produção, as regras foram construídas a partir de pesquisas de amostras de queijos mineiros.

 

O regulamento traz normas sobre análises laboratoriais exigidas, fluxograma de produção, temperatura da queijaria, umidade e tempo mínimo de maturação. Essas, portanto, são as condições para a obtenção do selo de habilitação sanitária junto ao IMA. 

 

 

O secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, reiterou a importância da publicação. “Minas Gerais sai mais uma vez na vanguarda, porque esse regulamento vai permitir que os produtores registrem esse queijo e possam comercializá-lo em todo território nacional." 

 

Reconhecimento no Brasil

De forma pioneira, o queijo Casca Florida foi reconhecido há dois anos como uma variedade do Queijo Minas Artesanal. O reconhecimento foi formalizado por meio da resolução de nº 42, publicada no Diário Oficial do Estado em dezembro de 2022. A resolução considerou como "casca florida" a cobertura com presença ou dominância de fungos filamentosos, popularmente chamados de mofos ou bolores.

 

A especialista em Queijos, Renata De Paoli, afirma que esse reconhecimento foi uma evolução sem precedentes. "Primeiro porque o queijo tem uma microbiota natural que se apresenta no leite cru, e principalmente, porque ele pode ser consumido e comercializado sem que haja problemas para a saúde." 

 

Renata ainda evidencia a importância do acesso dos produtores a treinamentos e consultorias para adquirir o conhecimento do modo de fazer e como aplicar o controle de qualidade na fabricação do queijo, uma vez que é preciso se precaver em relação à sanidade do rebanho para ter um leite saudável, e consequentemente, um queijo saboroso.

 

"Como esse queijo possui, naturalmente, fungos em sua superfície, ele tem intensidade e nuances de aroma, odor e sabor com mais personalidade. São queijos que possuem uma diversidade sensorial maior do que os de casca lisa, por exemplo", conclui a especialista.

 

O que dizem os produtores

Eduardo e Beatriz Pulier são produtores de Queijo Minas Artesanal desde 2019 e trabalham com leite há 13 anos. O casal comercializa sua produção na região turística de Ouro Preto por delivery, e enviada pelos Correios para os compradores das redes sociais. Segundo eles, tudo o que é produzido é vendido. 

 

Os dois observaram que os ganhos com o queijo de casca florida são muito institucionais. "Existe um reconhecimento pelos órgãos fiscalizadores, como o IMA. Quanto ao público, é uma questão de educação para o consumo", destaca o produtor. Para ele, a partir do momento em que o consumidor vai entendendo e experimentando o queijo, ele vai dando mais valor.

 

Festival do Queijo Artesanal de Minas

Para valorizar e promover um produto com enorme potencial econômico e um dos principais símbolos gastronômicos e culturais do estado, a 6ª edição do Festival do Queijo Artesanal de Minas acontece até este domingo (15/06). Dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa) comprovam a importância do segmento, uma vez que a comercialização dos queijos artesanais mineiros movimenta cerca de R$ 6 bilhões anualmente no estado.

 

Desta vez, o evento conta com uma programação extensa de atividades, composta, por exemplo, pela Oficina Queijo e Cultura, que inclui treinamentos de harmonização de queijos com vinho e mel, além de aulas práticas de gastronomia.

 

Neste ano, serão 40 expositores, o maior volume desde a primeira edição do evento. Entre eles, estão representantes de diversos segmentos como: azeites, mel, cachaças, doces, vinhos e cafés. Em 2023, mais de 21 mil pessoas passaram pelo festival, que comercializou cerca de quatro toneladas de queijo durante o evento.

 

Veja a programação completa

14 de junho (sexta-feira)

17 às 19h e 20h às 22h: Oficina de Queijo e Cultura (gratuita)
19h às 20h: Oficina de harmonização de queijo com vinho mineiro (R$ 60)

 

15 de junho (sábado) 

10h às 12h e 15h às 17h: Cozinhando em família - pais e filhos cozinhando com o chef do Inhac (gratuita)
17h às 18h:Oficina de harmonização de queijo cerveja artesanal (R$ 60)
18h às 19h: Oficina de harmonização de queijo vinho mineiro (R$ 60)

 

Como participar?

Para participar, o interessado deve realizar credenciamento no site oficial do evento e apresentar o QR Code na entrada para realizar a retirada do crachá. 

 

Serviço

  • Evento: 6ª edição do Festival do Queijo Artesanal de Minas
  • Local: Expominas (Avenida Amazonas, 6020 - Gameleira, Belo Horizonte)
  • Data: 13/06, das 12h às 22h; 14/06, das 12h às 22h; 15/06, das 10h às 22h
  • Entrada gratuita: ingressos pelo site do Festival. Menores de 12 anos entram sem inscrição. Idosos também precisam fazer o credenciamento.
  • Evento Pet Friendly

 

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos

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