Autenticidade, nostalgia, tradição, raiz, clássico repaginado. Seja qual for sua leitura, todas vão ter em comum a certeza de que os bares com estufa reforçam a cena gastronômica da capital. A vitrine climatizada, além de fazer parte da identidade da casa, é um chamariz para atrair aqueles, saudosistas ou não, que gostam de ver petiscos e porções através do vidro – que, quando embaçado, cria um clima de surpresa –, atiçando o paladar, sem tempo para esperar o preparo. O consumo vai ser imediato.
A vitrine dos botecos está cada vez mais presentes nos bares descolados, muitos recém-abertos, acompanhada de boa música, bebida de qualidade e público descontraído e pronto para celebrar a rica culinária exibida em cada uma das suas travessas. É um convite aos passantes para adentrar.
Além de democratizar o consumo (as porções, vendidas por unidade, ficam mais acessíveis), as estufas expõem em primeira mão os tira-gostos e conquistam os clientes na hora. Não tem descrição no menu, a imagem fala tudo. Primeiro se come com os olhos. E nelas estão sabores típicos de comida de boteco, com pitadas inovadoras, às vezes. Do torresmo à almôndega; da carne de panela à rabada; do pernil ao salsichão Frankfurt com queijo coalho. Cada casa tem o seu segredo.
Com tantas qualidades, os bares com estufas voltaram a ser queridinhos em Belo Horizonte. No coração do Lourdes, precisamente na Avenida do Contorno com Antônio de Albuquerque, está o Angu Bar de Estufa, inaugurado no mês passado, dos sócios Rafa Marra, Ana Carolina Monteiro e Caio Almeida, também donos de O Candiá Bar. Com decoração personalizada, o melhor do samba de raiz e MPB para movimentar a semana e a estrela da casa, que é a estufa.
Na vitrine do Angu, estão quitutes mineiros quentes ou frios e pratos especiais, inovadores à vista dos clientes. Entre as opções, batatinha assada em conserva picante; medalhão de abobrinha com queijo e pesto; berinjela recheada com tomate seco e queijo; palito de angu com cogumelo; bolinho de queijo; angu com carne de panela; kafta com babaganoush e joelho de porco com salada de batata. E, claro, não iam faltar os clássicos: língua, moela, torresmo, pastel de angu, salsichão e almôndega.
Rafa revela que sempre teve vontade de empreender. Chegou a tentar outros negócios, encarou uma franquia, mas, em 2022, convidou o amigo Caio, que conheceu trabalhando em uma empresa de tecnologia, para se tornar seu sócio com a namorada, Carol, e montar O Candiá Bar.
Carol é arquiteta por formação e foi responsável pelo leiaute e identidade visual dos dois bares. Ela se dedica integralmente às atividades das casas, enquanto Rafa e Caio, que continuam em áreas comerciais de empresas de tecnologia, partilham o tempo entre os negócios.
O Angu surgiu da vontade desse trio de ter uma casa que fosse ao mesmo tempo simples e sofisticada, tanto do ponto de vista da operação quanto do cardápio. A experiência com O Candiá foi bem motivadora. “Ter um espaço com música e comida boa, onde, não só o público se divertia, mas nós também, nos motivou a abrir outro bar.”
Encontrar um ponto interessante foi um desafio. “Quando vimos a pracinha na Contorno, foi amor à primeira vista. O ponto casou perfeitamente com nossa proposta de praticidade e sofisticação. Queríamos ter um lugar que lembrasse os bares mais tradicionais em BH, no coração do Lourdes.”
Ao alcance dos olhos
Para Rafa, o bar de estufa tem uma atmosfera única. “Ter todos os pratos ao alcance dos olhos adiciona um toque especial de interação e entretenimento e desperta os sentidos, aumentando a expectativa de saborear a comida”, comenta.
O sócio do Angu acrescenta que a rapidez no atendimento, aliada à qualidade dos pratos, garante uma experiência especial: a pessoa não precisa ficar 40 minutos sentada à mesa aguardando para comer. “É só escolher e já levar seu prato para a mesa.”
O cardápio é assinado pelo chef André Corrêa e mistura a comida mineira raiz de estufa com pratos nem tão comuns nas estufas, como já revelado: babaganoush, conserva de repolho, palito de angu com cogumelo, entre outros. “O nosso pastel de angu também tem uma receita deliciosa e, fazendo jus ao nome do bar, é um dos petiscos mais solicitados”, garante.
A proposta do Angu, salienta Rafa, é ter um cardápio vivo, com opções diferentes todos os dias. Para beber, o trio apostou em chopes artesanais (da marca Verace) e drinques conhecidos em BH como, por exemplo, Rubra e Gingibre.
Tecnologia como aliada
Como dois sócios vivem no mundo da tecnologia, a modernidade e a agilidade que este universo entrega estão no Angu, nos totens de autoatendimento. O cliente compra a ficha e retira seu pedido diretamente no balcão, “eliminando aquele problema chato de ter que dividir a conta no final. Aqui, cada um paga o seu, sem brigas”, avisa, sorrindo.
Morando por anos no Bairro Padre Eustáquio, Rafa conta que sempre frequentou o Bola Bar, quase uma instituição de bar de estufa, referência na capital, que acabou sendo uma inspiração para o novo negócio: “Ele é sensacional. O formato é simples e aconchegante, com uma comida deliciosa. Foi uma das inspirações para criarmos o Angu”, conta.
O bar funciona de terça a domingo, a partir do horário do almoço, quando serve o prato do dia, e de noite com os petiscos. A galera costuma aproveitar a pracinha para se acomodar ou ficar em pé tomando aquela cerveja gelada e saboreando os itens da estufa.
Aprenda a fazer a salada de batatas do Angu Bar de Estufa
Ingredientes
- 1kg de batata em cubos de 3cm
- 1 maço de cebolinha verde picadinha
- 300g de bacon em cubos de 1cm
- 200g de cebola roxa picadinha
- 300ml de caldo de carne
- 200g de mostarda amarela
Modo de fazer
- Cozinhe as batatas em água com sal até que fiquem al dente.
- Frite o bacon.
- Deixe a cebola em conserva para virar picles.
- Misture bem todos os ingredientes para que a salada fique cremosa.
- Corrija os temperos.
Serviço
Angu Bar de Estufa (@angubardeestufa)
Avenida do Contorno, 7.290, Lourdes