Podem chamá-lo de “lorde dos maîtres”. Antônio Tenuta, de 60 anos, há 12 nessa função, deixou o mercado de luxo para exercer a profissão de relações-públicas no mundo gastronômico, atendendo a um pedido da sobrinha, a chef Fernanda Chiari, que tinha um café e restaurante no Barro Preto, queria expandir e passaria seis meses na Itália aperfeiçoando seu talento na cozinha.

 




O convite chegou na hora certa, quando Antônio pretendia tomar outro rumo e crescer em outra área. Ele entrou como sócio do negócio e, hoje, ao lado de Fernanda e Eulo Sérgio Beggiato (pai de Fernanda), comanda o restaurante Beggiato, no Prado. A mãe da chef, Rosângela Chiari, também faz parte dessa história, que começou em 2013, já tem 11 anos.

 


Antônio assumiu a função de maître com exímia competência. Como se tivesse nascido para esse papel. “O aprendizado começou desde criança, com os pais ensinando como receber as pessoas, as visitas. Como tratar e oferecer algo para que se sentissem confortáveis em nossa casa, já que saíram de seus lares e vieram até nós. Então, não podíamos pecar no atendimento e recebimento”, lembra Antônio, que ganhou o apelido de “lorde Antônio” quando atuava no ramo da joalheria.

 

Jogo de cintura


Para ele, outro ponto fundamental desta profissão, que está no seu DNA, é gostar de gente. “Adoro pessoas e o contato é espontâneo para mim, ser carinhoso e prestativo como tem que ser ao receber alguém em sua casa”. Ele enfatiza que cada visita ou cliente é de um jeito e o jogo de cintura é essencial para lidar: “Tem hora da plateia e hora do palco. Esse alinhamento ocorre de acordo com cada pessoa. Há quem goste de quebrar o gelo, gosta do toque, da conversa e quem se retrai, não dá abertura. É necessário ter o feeling”.

 

'Adoro pessoas e o contato é espontâneo para mim', diz Antônio Tenuta, que tem o hábito de passar por todas as mesas e conversar com os clientes

Jair Amaral/EM/D.A Press


Para Antônio, a principal habilidade de um maître é fazer “um scanner das pessoas, sem qualquer preconceito e prestar um serviço imediato. O recebimento é tudo, porque, ao lado do seu restaurante, na esquina, tem outros e ele escolheu o seu, o que já foi uma vitória. Quando um cliente é bem atendido, 10 voltam”.

 


A educação é outro ponto fundamental: “Como somos de família italiana, fomos adestrados para qualquer ambiente. Cada pessoa é uma biblioteca vasta, uma história, uma cultura. Se não der carinho, afago, ela não se abre.”

 

Perfis diferentes


Os perfis dos clientes são mesmo muito distintos. Há aqueles que almoçam desamparados, sem tempo para a família, e “o maître é o amparo, entrou na sua casa, merece respeito e atendimento maravilhoso”. Há também aquele que incomoda, e lidar com ele não é fácil.


“Às vezes, não é a leitura que queríamos, mas o mundo é feito de diferença e este é o tempero e o desafio. O principal é não cair em saia justa, não deixar que nada atrapalhe seu movimento. O cliente reclamou, o dono investiu, um profissional sequer que não seguir os valores da casa prejudica. Todos nascemos carecas, banguelos e analfabetos e conquistamos tudo com treino e escuta do outro. É assim.”

 


Para Antônio, exige-se do maître também ser proativo no que se propõe, ter a equipe alinhada e tratar muito bem as pessoas, sem rótulos. Além de manter regras básicas de boa apresentação, cabelo cortado, unhas cortadas e limpas, há toda uma etiqueta profissional que tem de ser seguida e preservada.


“Isso somado ao que aprendemos ao longo da vida. É também saber enxergar as pessoas 'invisíveis', os prestadores que chegam ao restaurante, oferecer uma água, um café, um almoço, isso é acolhimento, e para todos. Há regras para todos e dá certo, falta é amorosidade e carinho ao receber.” Antônio sabe bem do que fala, tanto que é disputado para dar cursos sobre “elegância comportamental”.


Serviço

 

Beggiato (@beggiatorestaurante)
Rua Cura D'Ars, 722, Prado
(31) 2555-0722

 

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