Seja no bar da esquina ou no churrasco, a cerveja é protagonista em vários momentos de celebração. Ela é tão importante que, inclusive, já foi até "ouro líquido". Há registros, segundo o professor da Escola Mineira de Sommelieria Marcelo Magnabosco, de que a cerveja era parte da organização social do Egito, onde boa parte do pagamento de trabalhadores que construíram as pirâmides do país foi realizado com a própria bebida. 

 

Achados arqueológicos na Babilônia, ainda segundo o especialista, mostram que há até mesmo descrições sobre o que cada trabalhador, sacerdotes ou pessoas do Estado poderiam receber por dia de cerveja em relação ao serviço prestado. Ele comenta que se tratava de uma bebida muito mais nutricional do que alcoólica.

 

Os operários braçais, Marcelo afirma, recebiam cerca de três litros de cerveja por dia, um número menor do que um religioso ou servidor público, por exemplo.




 

A cerveja se tornou uma forma de pagamento, essencialmente, por sua base nutricional riquíssima. Conforme Marcelo, isso se deu porque não era uma bebida alcoólica como hoje, então, era considerada quase um alimento.

 

Mas o professor reitera que tratava-se de uma forma rudimentar de produção e fermentação natural, onde não se produzia tanto álcool, portanto, era carregada em maior parte por vitaminas, minerais e carboidratos. 

 


O código de leis mais antigo já descoberto, o Código de Hamurabi, também já citava a cerveja e estabelecia até mesmo pena de morte por afogamento para quem fosse pego vendendo cerveja ruim ou adulterada, “mas não sabemos exatamente o que era considerado ‘ruim’ para a época”, o professor explica. 


Embriaguez divina?


Por muito tempo, a cerveja foi relacionada a algo quase divino. Marcelo Magnabosco explica que isso se deu porque a fermentação não era um fenômeno tão conhecido.

 

“Então as pessoas bebiam, ficavam embriagadas e achavam que era um presente dos deuses. Achavam que estar embriagado era uma forma de comunicação com eles”, Magnabosco diz. 

 


Origem

 

O especialista em cervejas explica ainda que, no período ambientado pelos sumérios na Região da Mesopotâmia, no início da revolução agrícola, os excedentes da produção de cereais se molhavam e “era essa água que fazia com que o grão germinasse e finalizasse na conversão do amido e em uma fermentação espontânea”. Ainda segundo o professor, não se sabe se isso foi um fator acidental ou não, mas resultou na origem das primeiras cervejas. 

 

 

“Os primeiros rastros da escrita só aparecem cerca de 3400 a.C., assim, os documentos iniciais não indicam um caminho direto sobre as origens da cerveja. Mas o seu surgimento esteve diretamente associado com a produção doméstica dos cereais”, diz.

 

Os cereais eram a base da economia, então, não só alimentaram os habitantes das primeiras cidades como foram importantes moedas de troca. “A cerveja é uma relíquia líquida e está muito ligada com a própria história da origem da civilização humana”.

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