O “jeitin” mineiro conquistou o mundo em 2024. No mês de dezembro, os modos de fazer Queijo Minas Artesanal se tornaram Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). E para que todos os mineiros possam degustar um pouco do Queijo Minas Artesanal, o primeiro item gastronômico brasileiro na lista da Unesco, A Pão de Queijaria lançou a linha “10 Regiões”, com receitas exclusivas de cada uma das microrregiões que produzem o queijo.


A história de A Pão de Queijaria começou com o desejo de fabricar pães de queijo de verdade, saborosos como os tradicionais feitos há anos nos lares mineiros. A ideia era trazer de novo esse gostinho desaparecido do comércio.

 




O proprietário da marca, Lucas Parizzi, conta da inquietação ao sentir essa falta. “Nos incomodava estar em Belo Horizonte, capital do estado que criou o pão de queijo, e termos tanta dificuldade de achar lugares que fazem pão de queijo autêntico. A gente quis resgatar isso, o que entendemos que é um bom pão de queijo”, contou. Com esse propósito, desde 2014, a marca produz pães de queijo com Queijo Minas Artesanal: Canastra, Salitre e Serro.

 

Na época da candidatura para o título de patrimônio, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), por meio do secretário Leônidas Oliveira, apresentou um convite à marca: representar nos pães de queijo os modos de fazer queijo de cada região produtora. O desafio foi aceito.

  

 

“Esse projeto da Unesco veio muito de encontro com o que a gente sempre fez. Foi quase natural esse gesto do Leônidas, secretário de cultura, para fazer o convite, porque o que ele pediu foi o que a gente sempre fez, mas com o desafio de incluir mais sete receitas”, contou Parizzi.

 

Os pães de queijo foram lançados pouco antes da declaração do título. Hoje, sete regiões são somadas às três produções já feitas: Araxá; Campo das Vertentes; Cerrado; Diamantina; Entre Serras da Piedade ao Caraça e Serras do Ibitipoca. 


Para fazer o Queijo Minas Artesanal, é necessário seguir uma série de diretrizes do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). O Queijo Minas Artesanal é produzido a partir do leite cru, extraído direto do rebanho, não pasteurizado. A utilização preserva micro-organismos que contribuem para o sabor característico do queijo artesanal e para a sua durabilidade.

 

Linha de pães de queijo '10 Regiões' apresenta receitas exclusivas feitas com Queijo Minas Artesanal

Léo Bicalho/Divulgação


Outro elemento importante na fabricação é o pingo, item obrigatório para que o queijo pertença à categoria artesanal. Trata-se de um fermento natural, um soro rico em bactérias ácido-láticas que é armazenado e reutilizado na etapa de fermentação da produção do dia seguinte. Feito isso, o queijo passa pelo processo de maturação, quando o queijo é armazenado, e com o tempo, o aroma, sabor, consistência e textura se modificam.


Segundo o proprietário de A Pão de Queijaria, Lucas Parizzi, o Queijo Minas Artesanal, ou QMA, vai além de um simples modo de produção, “é uma combinação dos elementos da terra com a atuação humana, pautada na história e no saber-fazer específico de cada microrregião produtora, é o que caracteriza o alimento como símbolo da identidade alimentar mineira”, ressalta.

 

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Em relação ao sabor, Parizzi salienta que as diferenças são sutis entre cada microrregião. A percepção sensorial é parecida, apesar de suas particularidades:


1. Araxá

  • Maturação mínima de 14 dias.
  • Massa de caráter manteigoso e coloração branca-creme homogênea.
  • Sabor é marcadamente ácido, de forma agradável e não picante.
  • A região de Araxá é conhecida por sua tradição doceira e o queijo frequentemente aparece como acompanhamento para sobremesas à base de frutas e de compotas, como goiabada, marmelada, laranja, figo e abóbora.

 

2. Campo das Vertentes

  • Maturação mínima de 22 dias.
  • Massa de casca fina, com o interior semi-duro e de coloração amarelo-palha.
  • Sabor costuma ser ligeiramente ácido, não picante.
  • Com grande vocação alimentar e expressivo patrimônio arquitetônico, a região recebe alto volume de turistas em busca das suas igrejas históricas, seus circuitos culturais de cinema e de música, além dos festivais gastronômicos.
  • Outros produtos típicos da região incluem cachaça, rocambole, rosquinhas, biscoitos caseiros e café.

 

3. Canastra

  • Maturação mínima de 14 dias.
  • Massa caca de fina e amarelada. Interior liso e uniforme, com massa semidura com tendência para macia.
  • Sabor ácido, levemente picante.
  • Berço do Rio São Francisco e do Parque Nacional da Serra da Canastra, a região tem o turismo rural e ecológico como pilares importantes, além da célebre produção queijeira.

 

 

4. Cerrado

  • Maturação mínima de 22 dias.
  • Casca fina, amarelada e massa compacta, ligeiramente amanteigada.
  • Sabor é ligeiramente ácido, sem ser picante.
  • O Cerrado é hoje uma das maiores bacias leiteiras do Brasil, além de se destacar pela produção do milho e do café.

 

5. Diamantina

  • Maturação mínima de 22 dias.
  • Casca lisa e amarelada.
  • Sabor é levemente picante, com notas adocicadas.
  • A mineração representa ainda uma parcela significativa da economia local, mas a região se tornou mais célebre pelo patrimônio artístico e arquitetônico. Festivais gastronômicos, ecoturismo e a tradicional Vesperata de Diamantina atraem visitantes de todo o país.
  • A produção queijeira da região é predominantemente familiar, com pequenas propriedades bem integradas ao cenário natural, demarcado por uma série de Unidades de Conservação.

 

6. Entre Serras da Piedade ao Caraça

  • Maturação mínima de 22 dias.
  • Com casca lisa e amarelada, apresenta olhaduras bem características da região.
  • Perfil sensorial suave, com odor e sabores moderados.
  • Em 1774 foi fundado o Santuário do Caraça, servindo como destino de peregrinação e como colégio, além de se tornar um dos desenvolvedores originais da produção queijeira na região.
  • De forma similar, o Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade foi importante para a experimentação de técnicas de maturação do queijo artesanal no século XX, dando origem ao Queijo Frei Rosário.

 

 

7. Serras do Ibitipoca

  • Maturação mínima de 22 dias.
  • Casca fina de cor amarelo-clara.
  • Aroma lácteo agradável, com sabor suave e levemente ácido.
  • Até o início do século 20 a região era a principal exportadora de queijos para o estado do Rio de Janeiro. Porém, o acirramento da legislação sobre os métodos artesanais e o avanço da produção industrial em Minas impediram este avanço.
  • Hoje, o ecoturismo e a promoção da cultura alimentar local fortalecem socioeconomicamente a região, com a recuperação da atividade rural tradicional que estava estagnada.

 

8. Serra do Salitre

  • Maturação mínima de 14 dias.
  • Casca fina, amarelada. Massa de textura compacta, com tendência para macia.
  • Sabor é suave, pouco ácido e não picante.
  • Uma peculiaridade da região é a utilização, por alguns produtores, da resina de cor amarela ou preta para revestir as peças já maturadas.
  • A altitude elevada e a notável concentração de minerais no solo da região contribuem para a formação da flora bacteriana singular observada no QMA local.
  • Este quadro foi decisivo para que Serra do Salitre fosse caracterizada separadamente da microrregião do Cerrado. No passado, ambas eram agrupadas na microrregião do
    Alto Paranaíba, hoje extinta.

 

9. Serro

  • Maturação mínima de 17 dias.
  • Casca fina com cor branco-amarelada. Massa de consistência semidura a compacta.
  • Sabor acentuadamente mais ácido e facilmente reconhecível.
  • A região do Serro recebe atualmente um fluxo considerável de turistas em função da cultura queijeira. A tradicional Festa do Queijo do Serro já passa da trigésima sexta
    edição anual.
  • Dentre as muitas quitandas típicas da região está o pastel folhado de queijo.


10. Triângulo Mineiro

  • Maturação mínima de 22 dias.
  • Massa compacta, lisa. Textura semidura com tendência a macia.
  • Sabor suave e levemente ácido. 
  • Com o declínio da exploração mineral que mobilizou grande parte da população no centro do estado, algumas famílias buscaram esta região ainda pouco povoada para demarcar suas sesmarias. Assim se iniciou uma tradição agropecuária que perdura até hoje produzindo frutas, hortaliças, café, laticínios e carne bovina.

 

Equipe de A Pão de Queijaria celebra lançamento da linha limitada de pães de queijo '10 Regiões'

Léo Bicalho/Divulgação

 

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Todas as variações dos pães de queijo podem ser encontradas nas unidades de A Pão de Queijaria, mas por tempo limitado. Segundo Lucas Parizzi, não haverá reposição, por enquanto. Ou seja, é até o estoque acabar. Com exceção do Serrado, que entrou como linha fixa junto com Canastra, Salitre e Serro. Em 2025, Parizzi planeja relançar, um por um, ao longo do ano, assim, será possível se aprofundar em cada microrregião.


Serviço

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Pampulha
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Belo Horizonte - MG, 31310-490

 

*Estagiária sob supervisão da subeditora Celina Aquino

 

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