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Uma das cinco instituições de ensino superior mais antigas dos Estados Unidos, a Universidade de Columbia, em Nova York, fundada em 1754, antes, portanto, da Revolução Americana (1776), foi palco de um importante seminário nessa semana.
A Universidade de Columbia tem por ex-alunos Thomas Jefferson, autor da Declaração de Independência dos Estados Unidos. Além disso, 10 juízes da Suprema Corte daquele país, 43 Prêmios Nobel, 39 vencedores dos Prêmios da Academia, 26 chefes de estados estrangeiros e três outros presidentes: Theodore Roosevelt, Franklin Roosevelt e Barack Obama. O ex-presidente Dwight Eisenhower foi presidente do tradicional e afamado educandário no período de 1948 a 1953.
Organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), por meio de seu braço internacional, a FGV-Europe, que tem sede na Alemanha e inaugura, ainda nesse ano, unidade em Bruxelas, na Bélgica, e pelo Consulado Geral do Brasil, em Portugal, com apoio da Fundação Leman (Leman Center of Columbia) e da AMCHAM, o seminário teve por tema “Transição Energética e Inteligência Artificial: soluções para a sustentabilidade mundial”.
Entre os palestrantes, o foco nas potencialidades energéticas brasileiras, os gargalos para a sua produção, a transmissão e o armazenamento e a importância das relações entre ambas as nações no continente, sobretudo nesse momento de transição energética e de desenvolvimento da inteligência artificial no Brasil.
O diretor da FGV-Europe, professor César Campos, fez a abertura solene do acontecimento, juntamente com o cônsul geral do Brasil, em Nova York, embaixador Adalnio Senna Ganem.
O diretor da Bolsa de Nova York (NYSE), Will Goodwin, destacou, na ocasião, o poderio da economia americana e como empresas brasileiras podem se beneficiar dessa situação por diversos fatores, no que foi complementado pelo secretário de Assuntos Internacionais da cidade de Nova York, Edward Mermelstein, pelo diretor do Leman Center of Columbia, Paulo Bilkstein, e pelo CEO da AMCHAM, Abrão Neto.
O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), também palestrante no evento, discorreu sobre os avanços na Corte de Contas brasileira, que beneficiam a transição energética e o desenvolvimento das energias renováveis no país.
O diretor do Goldman Sachs, Alexander Tingle, falou sobre a importância do desenvolvimento tecnológico e da inteligência artificial e dos investimentos em infraestrutura e o diretor de Sustentabilidade do JP Morgan, Gissell Lopez, tratou da atração de investimentos para o setor, entre vários outros painelistas.
O fechamento do seminário ficou por conta do advogado Décio Freire, general counsil da FGV e presidente do Conselho Consultivo dos Diários Associados. Em sua palestra, Freire salientou a potencialidade do Brasil em relação às energias renováveis, o que classifica o país, atualmente, como o 2º maior produtor do mundo de energia elétrica proveniente de hidrelétricas, o 8º maior em produção de energia solar e o 4º mundial em energia eólica.
Ao mesmo tempo, ele valorizou o grau de maturidade, que alcançaram as agências reguladoras brasileiras, citando o exemplo da ANEEL que, criada em 1996, obteve o reconhecimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), como das melhores agências reguladoras do planeta.
Freire assinalou, ainda, que o país possui 91 distribuidoras de energia, que atendem a um mercado de 81 milhões de unidades consumidoras e, somente, em 2024, foram instaladas, no Brasil, 301 novas usinas, sendo Minas Gerais o estado em que mais houve tais empreendimentos.
Ressaltou, no entanto, a importância de se enfrentar cinco gargalos que, segundo ele, travam ou dificultam a expansão energética no país: (1) a LITIGIOSIDADE, que acarreta a morosidade da justiça, com atuais 81 milhões de processos ativos; (2) o CONFLITO DE DECISÕES ENTRE JUDICIÁRIO X AGÊNCIAS, que gera insegurança jurídica em relação à independência e autonomia das agências; (3) o RIGOR DA LEGISLAÇÃO E DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS, citando, a título de ilustração, as dificuldades que a Petrobras está encontrando para explorar uma reserva de 30 bilhões de barris de petróleo na Margem Equatorial; (4) a complexidade do ARCABOUÇO FISCAL e a elevada carga tributária que, de acordo com a visão do palestrante, não resultarão em significativas atenuantes no processo de reformulação fiscal; e (5) o CURTAILMENT, interrupções forçadas de fornecimento de energia, causadas pelas deficientes infraestruturas de armazenamento e transmissão, que não acompanham a expansão da geração.
A pedido do cônsul geral do Brasil, em Nova York, Adalnio Senna Ganem, o sucesso do seminário e sua importância foram tão grandes, que a FGV-Europe já ficou incumbida, atendendo a uma sua solicitação, após o encerramento, de organizar um próximo evento para dar continuidade às profícuas discussões sobre esta temática.