Ele é considerado o Indiana Jones do direito brasileiro. Grandes e complexos conflitos internacionais parecem atrai-lo para as mais inusitadas aventuras oficiais. São vários os seus passaportes, alguns deles com chancela de representação diplomática da República. Muitas vezes, sob ameaça ou risco de morte, pisou em solos outros inimagináveis. Detentor de educação acurada, dessas que saltam aos olhos desde o primeiro contato, nascido no berço esplêndido de Alfenas, sul de Minas, nunca teve medo de cara fechada.


Munido do mais cativante dos sentimentos, o respeito a seus semelhantes, a despeito de gênero, cor, religião e nacionalidade, ele distribuiu afetos e ensinamentos mundo afora, cultivados em larga experiência prática e acadêmica, principalmente sobre direitos humanos e democracia. Especialista em sufrágio universal, ensinou a importância da cédula de votação na evolução do processo civilizatório a vários povos do planeta.


"O Brasil é visto com bons olhos no mundo inteiro", confirmou, "e conhecer culturas, hábitos e povos me motiva bastante". São cerca de 100 países visitados ou em missão. "Não existe valor absoluto. Desde a geografia até a história de cada povo tudo é integrado", arrematou. Ele atravessou o Saara com os tuaregues. Desfrutou da rotina dos lamas no Tibete. Negociou com os guerrilheiros no Zimbabwe.


Aos 61 anos, o desembargador Paulo de Tarso Tamburini Souza, membro da Terceira Câmara Criminal do TJMG, é desses brasileiros que orgulha a todos, tal o grau de sua qualificação profissional. Agora mesmo, ele se encontra em Paris, na França, onde participa de seminário sobre a criminalidade cibernética. Na maior desenvoltura, deu show de entrevista no sofá do programa de Jô Soares. Seu armário abriga cerca de 150 condecorações. Uma em especial lhe envaideceu: das mãos do presidente Giorgio Napolitano recebeu, em 2014, a Medalha da Ordem do Mérito da Itália, país de seus ancestrais, que lhe concedeu outra cidadania.


Fluente em inglês, francês, alemão, italiano, espanhol e russo, Tamburini participou de eventos de missão de paz em diversos países pela Organização das Nações Unidas e pelo Brasil, como República Democrática do Congo, Haiti, Israel, Palestina, Nepal, Barbados, México, Gabão, Gana, Cabo Verde e outros. De delegado da Polícia Civil a professor de Direito Penal, Constitucional e Internacional (só na Unifenas foram 15 anos), de juiz de direito a secretário geral da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), passando por coordenador do Grupo Institucional de Segurança das Eleições de 2020, 2022, 2024, inclusive as municipais deste ano, o desembargador mineiro desempenhou papel de excelência em múltiplas tarefas institucionais.


A convite do ministro Gilmar Mendes atuou em mutirão para um diagnóstico sobre o sistema carcerário no país. Constatou, então, situações degradantes, como crianças confinadas em container e superpopulação às centenas em celas minúsculas. "A magistratura precisa de nova cara", alertou o combatente da burocracia jurisdicional. Somente como juiz auxiliar, Tamburini acumulou postos na Corregedoria Nacional de Justiça, presidência do Conselho Nacional de Justiça, vice-presidência do TSE, presidência do STF, presidência do STJ e presidência do TRE-MG. Além disso, foi indicado pelo STF para ocupar a vaga de juiz de direito no Conselho Nacional de Justiça (2009-2011), aprovado pelo Senado Federal e nomeado pelo presidente da República.


Seus diplomas se acumulam como formando em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, doutor em direito pela Faculdade de Direito da UFMG, pós-graduado em direito internacional da Corte Internacional de Justiça de Haia (Holanda), Universidade de Bologna, Universidade de Lews & Clarks, professor visitante da Universidade de Tulane (EUA). Por fim, a boa nova: Tamburini se debruça sobre os escritos de um livro com relatos de toda essa sua odisseia pelo mundo.

 

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