Laura Maria teme a não saída do bloco por falta de verbas

       -  (crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)

Laura Maria teme a não saída do bloco por falta de verbas

crédito: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press

O bloco ‘Xô Preconceito, Meu nome é Felicidade’, que homenageia a Rua Guaicurus, as profissionais de sexo e as minorias, tem relatado falta de apoio financeiro para ir às ruas no carnaval de 2024. Uma das principais razões da dificuldade de encontrar auxílio é o estigma contra as trabalhadoras do sexo. 

A história do bloco começou em 2013, durante o evento Miss Prostituta, que aconteceu no Uai Shopping, localizado no hipercentro da capital mineira. “No dia, escrevi no meu antebraço a frase ‘xô preconceito, meu nome é felicidade’. Um repórter me perguntou que frase era aquela, e na hora pensei: ‘Isso dá um bloco de carnaval’”, contou Laura Maria, escritora, palestrante, ex-profissional do sexo e fundadora do bloco.

 

Em 2019, durante a Virada Cultural, o sonho do bloco deu seus primeiros passos. Laura subiu no palco do evento e anunciou no microfone que a partir daquele dia, nasceria o bloco ‘Xô Preconceito, Meu nome é Felicidade’, em homenagem à Rua Guaicurus. Finalmente, em 2020, o bloco saiu nas ruas pela primeira vez, mas pago com dinheiro de um empréstimo feito pela fundadora. O bloco também recebeu auxílio do então vice-prefeito, Paulo Lamac, e Ivan Cândido, produtor e fundador do bloco ‘Vem Kem Ker sem Preconceito’, que desfila pela Comunidade Ventosa, em BH. Ambos levaram um trio até a Guaicurus para o bloco recém-criado.

O bloco não conseguiu o apoio do edital de auxílio financeiro para blocos de rua da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), então Maria Laura tem tentado conseguir a ajuda de empresários locais, mas até o momento, sem sucesso.

“Acho que os empresários têm um pouco de preconceito. Geralmente quando vou até eles, para pedir apoio, alguns falam: ‘Ah, mas o bloco é para a rua Guaicurus!’. E daí? O sangue que corre nas veias de uma madame é o mesmo que corre nas de uma garota de programa. Não tem diferença alguma!”, diz Maria Laura.

A fundadora também relatou ter ouvido de empresários que eles não poderiam ajudar seu bloco por serem casados, e que o bloco dela é ‘da zona’. 

“Tenho perdido noites de sono, eu não quero cancelar o meu bloco. Mesmo que as pessoas não gostem do Xô Preconceito, ele é o bloco da alegria, do amor, das meninas, da Guaicurus e de todos aqueles que já sofreram preconceito. Ele é de todo mundo! Todos são bem-vindos.”

Para pôr seu bloco na rua, Laura Maria tem aceitado doações feitas por Pix, que também é o seu endereço de e-mail para contatos: lauramariadoespiritosanto@gmail.com
 

* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.