A garantia do atendimento aos direitos das pessoas trans nas áreas de saúde e educação, buscando também mais espaço para essa população no mercado de trabalho. Este é o objetivo de uma roda de conversa que será realizada em Montes Claros, no Norte de Minas, nesta segunda-feira (29/01), com a participação de gestores públicos, em comemoração ao Dia Nacional da Visibilidade Trans.
A iniciativa é da Prefeitura de Montes Claros, em parceria com o Movimento LGBTQIA+ dos Gerais (MGG). O evento, denominado “Dia T – respeito e cidadania – travestis e transsexuais, acontecerá na Casa da Cidadania, no horário das 14 às 17 horas.
O Dia Nacional da Visibilidade Trans é um marco da luta pela cidadania e pelo respeito às travestis, homens e mulheres trans. É uma data simbólica destinada a lembrar a luta de pessoas trans pelo respeito à identidade de gênero e seus direitos básicos.
Conforme os organizadores, a Roda de Conversa contará com a participação de representantes de diversos segmentos da sociedade, tais como a Comissão de Diversidade da 11ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Montes Claros e as secretarias municipais de Saúde, Educação, Defesa Social, Planejamento e Gestão e Desenvolvimento Social.
Serão apresentados serviços ofertados pelo Poder Publico às pessoas trans. O encontro visa também levantar as demandas dessa parcela da sociedade.
O evento contará com a participação de uma equipe da entidade filantrópica Centro de Educação Profissional Divina Providência, que ministra cursos de qualificação gratuitos e encaminha os profissionais para o mercado de trabalho
O assistente social do MGG, William Martins, salienta que a iniciativa visa superar os obstáculos enfrentados pelos transsexuais, sobretudo, no mercado de trabalho. “Sabemos que a população trans ainda é muito inviabilizada, encarando enormes dificuldades para ser aceita. É muito difícil encontrar pessoas trabalhando numa loja ou em um shopping, por exemplo. Essas pessoas precisam ocupar os espaços”, afirma Martins.
Ele lembra que existem regras e normas do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre o atendimento voltado para os trans, que enfrentam problemas específicos. “A população têm necessidades especiais de tratamento, pois, passa por uma transformação do corpo que exige tratamento hormonal”, frisa o assistente social do MGG.
Willian Martins ressalta que há muitos trans que fazem uso de hormônios sem o devido acompanhamento médico e acabam tendo problemas sérios de saúde, com a necessidade da busca de atendimento hospitalar de urgência. Entre as complicações, ocorrem problemas no fígado, hipertensão e casos de trombose, além de complicações decorrentes do uso do silicone industrial no corpo, que é proibido e pode causar consequências graves como deformações, dores, infecção generalizada, embolia pulmonar e até a morte.
A mulher trans Lívian Venturini, servidora da prefeitura de Montes Claros e que coordena as políticas públicas do Movimento LGBTQIA+ dos Gerais, afirma que “apesar do público trans ser o mais invisibilizado dentro da comunidade LGBTGIA+”, houve alguns avanços na área. Entre as conquistas da comunidade trans, ela cita o direito à cirurgia de resignação sexual (antes conhecida como mudança de sexo) pelo SUS e retificação de nome (nome social) gratuitamente nos cartórios.
Porque 29 de janeiro é o Dia Nacional da Visibilidade Trans
O Dia da Visibilidade Trans é celebrado em 29 de janeiro porque, nesta data, no ano de 2004, foi organizado, em Brasília, um ato nacional para o lançamento da campanha “Travesti e Respeito”. A manifestação foi um marco na história do movimento contra a transfobia, resultando no recomento à importância da garantia de direitos das pessoas trans. A partir daí, o Dia Nacional de Visibilidade Trans passou a celebrado anualmente.