'Feminismos em Movimento' é o resultado da primeira parceria entre Camila Galetti e Jéssica Melo Rivetti. O lançamento em Belo Horizonte será no sábado, dia 9 de março, às 11h, na Casa Terra, localizada na Rua Eurita, 62, no Santa Tereza, Região Leste da capital mineira. A nova obra literária nasce de uma inquietação das organizadoras em representar e divulgar a pluralidade das inúmeras vertentes do feminismo.

Ao longo dos anos, a luta se desenvolveu em várias direções, correntes e perspectivas teóricas e cada uma delas trouxe uma visão única sobre as questões de gênero. Por isso, o livro conta com a participação de 38 autoras, entre elas mulheres brasileiras de diversas regiões do país, três argentinas, uma indígena do Povo Aymara e uma espanhola. Elas apresentam 32 verbetes que formam um movimento diverso, por meio de percepções múltiplas que buscam transformações em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.

“A ideia surgiu do fato de que, muitas vezes, há confusões sobre a multiplicidade dos feminismos, e para quem não está no contexto acadêmico possa acessar de forma clara e concisa esse mundo das epistemologias feministas”, é o que contam as organizadoras, Camila e Jéssica. Segundo elas, o intuito do livro é abordar a temática, que abarca a diversidade de corpos e mulheres que compõem a sociedade, com uma linguagem acessível.



Entre as vertentes abordadas estão: Anarcofeminismo, Antifeminismo, Ciberfeminismo, Ecofeminismo, Feminismo Anticapacitista, Feminismo Camponês e Popular, Feminismo Comunitário, Feminismo Cultural, Feminismo da Diferença, Feminismo da Igualdade, Feminismo Decolonial, Feminismos Dissidentes, e Feminismo e Prostituição.

A escolha das autoras convidadas foi feita com base nas pesquisas das organizadoras. Todas atuam em áreas como professoras universitárias, pesquisadoras pós-graduadas, graduadas e militantes especialistas na temática.“Selecionamos intelectuais e ativistas que já publicaram trabalhos e que possuem um arcabouço teórico sobre cada corrente”.

Além disso, cada uma teve liberdade para escrever dentro do limite de 300 páginas. Por meio dos verbetes, o lançamento traz contribuições valiosas para a luta por igualdade de gênero. “Alguns textos são mais poéticos, outros mais acadêmicos e outros mais militantes”. Por esta razão, as reflexões sobre a pluralidade do movimento podem contribuir para a compreensão da complexidade das lutas feministas.

Lançamento em BH

“A nossa expectativa é ter um diálogo pensando nessa multiplicidade de corpos e nos atravessamentos na política institucional na vida das mulheres, para compreender que há uma violência política de gênero quando elas ocupam cargos políticos”, ressaltam Camila e Jéssica.

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O lançamento do livro no próximo dia 9, é gratuito e aberto ao público, e também contará com a presença da deputada estadual de Minas Gerais, Bella Gonçalves.

O processo de construção

As organizadoras escolheram a editora independente ‘Luas’, idealizada por Cecília Castro, e também construída por mulheres para realizar o projeto. “Quando elas chegaram até mim, eu falei: esse projeto entra na nossa pauta. Não temos dinheiro, mas vamos fazer acontecer”, alega a editora.

Cecília explica que as editoras pequenas nem sempre têm verba para publicar os livros. Por meio da parceria, elas decidiram fazer um financiamento coletivo de R$ 53.731, o qual arrecadou mais do que o esperado, com cerca de 115% de apoio.

“Nós contamos com o apoio de muitas ativistas, mobilização de deputadas federais e estaduais e até influencers feministas. Antes dos 60 dias de financiamento nós já tínhamos conseguido alcançar a meta de 100%”, relembra Camila Galetti.

A Editora Luas

Nascida no Norte de Minas, Cecília Castro, idealizou a ‘Editora Luas’ em 2015, mas a primeira publicação aconteceu em 2019, com o livro ‘Todas as Primaveras em Mim’. Ela relembra que durante sua formação se incomodava com a ausência das mulheres como referência nos livros.

Por isso, sua ideia, desde o início, é encontrar, publicar e trabalhar exclusivamente com mulheres, com o objetivo de diminuir a diferença em relação às vozes de homens e mulheres na literatura.

“Nosso trabalho é mais do que fazer um livro, é um projeto político”. Com quatro anos de história, a editora independente já possui 16 títulos, que promovem a visibilidade feminina na produção editorial.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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