Mil formandos das Universidades Zumbi dos Palmares e Universidade Federal do Sul da Bahia vão receber capelos adaptados para seus cabelos com dreads, tranças, coques, crespos ou cacheados. Para adaptar os chapéus de formatura, a marca Dendezeiro desenvolveu quatro modelos especiais em parceria com a Vult. Os capelos vão ser usados no segundo semestre de 2024. Em seguida, os modelos dos chapéus ficarão disponíveis para download gratuito.
O primeiro modelo foi pensado para cabelos com dreads ou trançados. Ele tem estrutura rígida frontal e maleável, por ter um lenço para amarração. O segundo tem uma abertura circular no topo, perfeitos para longos coques, turbantes ou penteados altos. O terceiro modelo tem pentes para fixar, sendo perfeito para cabelos volumosos, crespos ou cacheados. O quarto e último modelo encaixa em qualquer cabelo ou penteado, com uma estrutura passadeira na abertura para fixação.
“A Dendezeiro desenvolveu os capelos pensando em acompanhar a atual realidade das universidades brasileiras, cada vez mais diversas, do tom de pele até as texturas capilares. Entendemos que falar sobre a vitória de não apenas entrar, mas também de concluir um curso superior, precisa ter um diálogo múltiplo. Por isso, escolhemos modelos de capelos que permitissem diversas possibilidades de uso, para assim incluir cada vez mais pessoas", comentam Hisan Silva e Pedro Batalha, CEOs e diretores criativos da Dendezeiro.
A campanha #RespeitaMeuCapelo conta, ainda, com um minidocumentário, disponibilizado no canal do YouTube da Vult. Nele, a professora Joana Guimarães, reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia, a primeira reitora negra de uma universidade no Brasil, conta que os capelos são evitados nas cerimônias de formatura na instituição. “Eu tenho uma coisa para usar na minha formatura, que é o dia mais importante para mim, e eu não posso usar porque simplesmente ele não é desenhado pro tipo de pessoa que eu sou”, justifica.
O vídeo também mostra ex-universitárias recriando suas fotos de formatura usando capelos que atendem seus cabelos. Uma delas é a Jacqueline Siqueira de Souza, de 36 anos, formada em 2010. Na primeira colação de grau ela usou gel para prender o cabelo e na segunda fez uma trança enraizada, mas não gosta das fotos da época, pois não pôde valorizar suas raízes negras como gostaria. “Naquele dia, no símbolo maior da graduação, o meu cabelo não estava como eu queria. Para mim, não é uma lembrança feliz”, desabafa.
A campanha também quer chamar atenção para a falta de inclusão de pessoas negras na sociedade, inclusive no âmbito educacional, reconhecendo na academia o local em que ocorrem mudanças para tornar o país mais diverso. O movimento ainda conta com uma ativação digital, pedindo aos estudantes para compartilhar a hashtag (da ação marcando os perfis das universidades nas quais estudam). A campanha faz parte do marketing da Vult para sua nova linha de produtos, voltados para os cabelos das brasileiras. Ao todo, serão mais de 50 itens que prometem abranger todos os tipos de cabelo.