"Benja em Min - 1º Círculo de Pesquisa em Palhaçaria Negra", é um projeto cultural e representativo, que recupera o acervo do primeiro palhaço negro do Brasil com visibilidade, Benjamin de Oliveira, responsável por produzir alegria nos tempos de escravidão. A pesquisa é uma oportunidade de formação circense, ao mesmo tempo em que fortalece o legado artístico de Benjamin. O projeto vai promover peças, consultorias e oficinas em escolas municipais de BH. As atividades começaram em março e vão até 3 de julho.

 

A idealizadora e coordenadora do projeto, Mariele Cristina Conceição, a palhaça Mar, afirma que o público é convidado a estudar a dramaturgia de Benjamin de Oliveira, que contribui para a reparação histórica e justiça social. Os trabalhos desenvolvidos possuem acessibilidade em libras, incluem a qualificação, difusão e valorização da palhaçaria negra.

 

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"Nas graduações, nos cursos de formação e na sociedade em geral, é necessário romper com o epistemicídio (morte da construção do conhecimento). As autorias negras, os acervos que poderiam ser patrimônio público, por vezes estão se apagando por conta do racismo. Nas obras de Benjamin existe potência, inspiração e muitas referências".

 



 

No 1º Círculo de Pesquisas, o Projeto Benja em Min contará com a transcrição de sete obras de Circo Teatro de Benjamin de Oliveira, nove, Círculos de Pesquisa sobre as Peças revitalizadas, quatro consultorias de pesquisa virtuais e duas oficinas em escolas municipais da capital. Os detalhes de cada atração e a agenda de atividades podem ser acessados pelo link.

 

Confira a programação:

Círculos de pesquisa: no YouTube sempre às quartas-feiras, às 21h

 

Consultorias de pesquisa: no YouTube sempre às terças-feiras, às 21h

- 26/03 : 1 Consultoria - com Prof. Daniel Lopes, do Circonteúdo

- 16/04 : 2 Consultoria - temática a definir

- 14/05: 3 Consultoria - temática a definir

- 18/06: 4 Consultoria - temática a definir

 

As consultorias serão realizadas pelo Prof. Dr. Carlindo Fausto Antônio, poeta e dramaturgo. Atualmente Carlindo Fausto é docente da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afrobrasileira (UNILAB), instituição com estudantes do continente africano e da diáspora.

Grande parte da pesquisa das obras e acervo histórico foi realizada no Museu Histórico de Pará de Minas (MUSPAM), cidade onde o artista nasceu, que guarda 14 obras de Benjamin de Oliveira.

 

Cronograma acessível em libras

- 24 de abril: obra Greve Num Convento ser comentada pela Jojô Vieira e Hislany Midon

- 8 de maio: obra O Grito Nacional será comentada por Chico Vinicius, o Palhaço Peleja

- 22 de maio: A Ilha das Maravilhas, apresentada por Alef Costa, Palhaço Temporário

- 12 de junho: é a vez de Marcus Carvalho, o Palhaço Pinga, comentar a obra O Chico e O Diabo. Também nesta data, Elisângela Souza, a Palhaça Penicilina Pau de Enchente, ministra oficina de formação para estudantes de escola pública de Belo Horizonte.

- 26 de junho: O Punhal de Ouro será a obra comentada por Alexis Sandro, o Palhaço Sapeco

- 3 de julho: A obra Os Irmãos Jogadores será comentada por Wendell Guilherme, o Palhaço Caracol

 

O apresentador destas Rodas será Vinicio Queiroz, o Palhaço Chouriço e a intérprete de Libras Carol Mezanto.

 

Quem foi Benjamin de Oliveira

Benjamin de Oliveira nasceu em 11 de junho de 1870 no interior de MG, na atual cidade de Pará de Minas, em um Brasil ainda escravocrata. Negro e filho de um casal escravizado, ele foge aos 12 anos com o Circo Sotero, uma pequena caravana de artistas que se locomovia pelo interior de Minas em carroças e carros de boi, e percorre o sertão mineiro com a Companhia, se tornando um artista completo e diferenciado no fazer teatral, porém, sempre fiel ao picadeiro.

 

Benjamin foi o primeiro palhaço egro do Brasil reconhecido pelo ofício

Divulgação

Também neste circo, Benjamim aprende que o trabalho no circo vai muito além do espetáculo. O rapaz enfrentava uma rotina árdua de treinamento e de tarefas domésticas. É no circo Sotero que Benjamim conhece seu mestre Severino de Oliveira, cujo sobrenome foi adotado pelo rapaz após um novo registro.

 

Benjamin foi um multiartista, palhaço, ginasta, acrobata, músico, cantor, dançarino, ator, autor de músicas e peças teatrais, idealizador e criador do primeiro circo-teatro. 

 

 

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