Nos primeiros quatro meses deste ano, Minas Gerais registrou 173 casos de homofobia, de acordo com levantamento da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Desde 2016, também em relação ao período de janeiro a abril, o estado não registrava tantas ocorrências de crimes com causa presumida LGBTQIA+fobia. Mais de 23% dos casos de homofobia no estado em 2024 ocorreram na capital mineira. 

 




Dos 173 registros deste ano, mais de 27% foram crimes de injúria e 23% de ameaça. Injúria racial e lesão corporal estão também entre as naturezas de crimes mais registrados. 


Além de contabilizar os registros e as características da ocorrência, o Painel de Crimes com Causa Presumida LGBTQIA+fobia da Sejusp traça um perfil de dados das vítimas e autores, coautores e suspeitos. 


Em 2024, 179 pessoas sofreram crimes desta natureza. O relatório indica que, deste total, 91 vítimas se declararam homossexuais, orientação sexual com maior incidência nos registros. Em relação à identidade de gênero das vítimas, mulheres transexuais são a maioria. A faixa etária média das pessoas que sofreram os crimes é de 20 a 24 anos, o relatório também indica que elas eram majoritariamente brancas.


Já nos dados dos autores, que totalizaram 118, informações como raça, orientação sexual e identidade de gênero foram pouco informadas. A média de idade é de 35 a 39 anos. Além disso, o relatório aponta que apenas 26,27% dos prováveis autores, coautores e suspeitos foram conduzidos à delegacia.

 

Leia também: Erika Hilton pede por políticas públicas no dia da luta contra a homofobia


Caso de homofobia

 

Na semana do Dia Internacional de Combate à Homofobia, à Bifobia e à Transfobia, comemorado em 17 de maio, Belo Horizonte registrou mais um caso motivado pela orientação sexual.

 

O pesquisador Pedro Henrique Vilard, de 30 anos, foi vítima de ataques verbais de cunho homofóbico durante uma discussão motivada por uma vaga de estacionamento. Ele conseguiu gravar parte do ocorrido, o vídeo mostra uma mulher abrindo a porta do carro dele e o chamando de “bichinha”.


Pedro conta que tudo começou quando estava esperando para estacionar o carro em uma vaga na Rua Padre Rolim, localizada próxima à área hospitalar, e uma mulher “passou na frente” e parou antes. Ele a contestou e ela rebateu com ataques verbais. “Disse que eu não tinha vez, que era uma bichinha muito folgada”, conta.

 


O pesquisador em seguida procurou uma vaga em outra rua e foi surpreendido pela mulher o confrontando mais uma vez. “Quando ela percebeu que eu era gay, ela tentou crescer pra cima de mim. Me chamou de ‘viadinho”, relembra Pedro.

 

Ele e o companheiro, que chegou logo após o acontecido, chamaram uma viatura ao local e relataram a situação. A mulher foi procurada na região e informada que a polícia estava a caminho, mas não foi ao local que os militares estavam, apesar de dizer que “não tinha medo de polícia, não era vagabunda como a gente”, diz o pesquisador. 


Pedro relatou que está inseguro de voltar à região, na qual vai ao menos três vezes na semana para levar a sogra na fisioterapia, por medo de encontrar a mulher e sofrer outros ataques. Ele também conta que depois da repercussão midiática que o caso teve, recebeu comentários homofóbicos nas mídias sociais de pessoas defendendo a moça. 


Henrique Carvalho, advogado do pesquisador, afirma que buscará uma indenização por danos morais e sugeriu que a autora dos ataques participe de um curso de conscientização contra a homofobia, “ainda mais na semana do dia mundial de combate contra a homofobia. Além de doer no bolso, tem que dar dor de cabeça, tem que trazer conscientização, trazer informação.” 


 *Estagiária sob supervisão da subeditora Fernanda Borges

compartilhe