Ícone LGBTQIAPN+ da história de BH, Cintura Fina é homenageada no Memorial Vale -  (crédito: Divulgação/Memorial Vale)

Ícone LGBTQIAPN+ da história de BH, Cintura Fina é homenageada no Memorial Vale

crédito: Divulgação/Memorial Vale

Em junho, mês dedicado ao orgulho LGBTQIAPN+, o Memorial Vale, localizado na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de BH, celebra a diversidade e a identidade de gênero com direito a homenagem. O destaque é a sobreposição da "Alegoria da República", pintura que representa os ideais políticos e econômicos da época da construção de Belo Horizonte, pela "Alegoria da Cintura Fina: a rainha da navalha".

 

Cintura Fina (1933-1995), natural do Ceará, negra e travesti, era uma personalidade marcante da história dos movimentos LGBTQIA+ de BH. Ela transitou pelo universo boêmio da cidade entre os anos 1950 e 1970, defendendo sua rede de sociabilidade. Sua resistência deixou marcas no imaginário belo-horizontino, a exemplo da navalha, objeto usado como proteção a ataques transfóbicos.

 

A convite do Programa Educativo, o arte-educador Gustavo Rodrigues desenvolveu a obra apresentando como destaque questões sociais que atravessam o corpo trans e a história da capital. A imagem estilizada de Cintura Fina, com mais de 3 metros de altura, é uma pintura digital que estará exposta no espaço central do Museu durante todo o mês.


 

 

Homenagem


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O gerente do Memorial Vale, Wagner Tameirão, conta que Cintura foi resistência em uma sociedade conservadora. "Uma figura importante na luta LGBTQIA+ do país, que, afinal, é o que mais mata pessoas trans no mundo. Ela foi uma sobrevivente. A alegoria vai dar visibilidade e reconhecimento para sua história, honrando sua memória e as memórias de mulheres trans e travestis da cidade”, afirma.

 

História documentada

 

A história dela em BH é detalhada no livro “Enverga, mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte“, de Luiz Morando. 

 

"É uma coincidência muito bacana, neste mês de junho, a Cintura Fina ser homenageada em um equipamento cultural da cidade. Um ambiente que, na época dela ou até hoje em dia, esse grupo social não é chamado a frequentar", afirma o autor, que foi um canal por meio de seus estudos para a exposição. "Esse momento é importante para chamar atenção para essa pessoa e por meio dela chamar atenção para o grupo social ao qual ela pertence", reitera Luiz.

 

Na obra, o pesquisador mostra como a mídia da época retratava a travesti e tenta desvendar sua trajetória na cidade por meio de registros policiais, notas em jornais e depoimentos de moradores. Luiz Morando comenta que pesquisa a mais de 20 anos a memória da população LGBT de BH.

 

 A Alegoria da Cintura Fina: a rainha da navalha

A Alegoria da Cintura Fina: a rainha da navalha

Memorial Vale

 

"Nesta investigação, a figura da Cintura foi ganhando forma bem como a curiosidade e o interesse por sua trajetória de vida na capital. Foi uma pesquisa importante para as pessoas entenderem que no passado travestis já existiam e conviviam conosco, não é uma invenção da década atual", relembra ele.

 

Rainha da Navalha

 

Entre os anos que viveu na cidade, Cintura Fina ficou famosa pela habilidade com as navalhas que usava para se defender ao ocupar os espaços públicos da cidade. A imprensa mineira explorava sua imagem usando o gênero masculino e apelidando-a de “rei da navalha”.

 

Nascida em Fortaleza, ela chegou à capital mineira em 1953 e trabalhou como cozinheira, faxineira, lavadeira, gerente de pensão, profissional do sexo, alfaiate, cabeleireira e gari. 

 

Serviço

Endereço: Praça da Liberdade, nº 640, esquina com Rua Gonçalves Dias, Savassi.

Horário de funcionamento:

Quarta, sexta e sábado: das 10h às 17h30, com permanência até as 18h

Quinta, das 10h às 21h30, com permanência até as 22h

Domingo, das 10h às 15h30, com permanência até as 16h.

Entrada Gratuita

 

* Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata