Iepha-MG registrará Reinados e Congados como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais -  (crédito: Fernanda Tubamoto/EM/D.A. Press)

Iepha-MG registrará Reinados e Congados como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais

crédito: Fernanda Tubamoto/EM/D.A. Press

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) anunciaram nesta terça-feira (30/7) que Reinados e Congados do estado serão declarados como Patrimônio Cultural Imaterial. Um dossiê com mais de 900 cadastros será apresentado no próximo sábado (3/8), durante a celebração da primeira edição do festival Cozinha das Afromineiridades.


De acordo com João Paulo Martins, presidente do Iepha-MG, desde 2021, o instituto trabalha na catalogação e pesquisa sobre essas expressões culturais para a produção do dossiê. O documento será apresentado na reunião do Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep) e ressalta a importância histórica, social e cultural dos congados e reinados para o estado, definindo ações de salvaguarda para a proteção dessas tradições.

“A presença da cultura afro, negra, congadeira, é algo constitutivo de Minas Gerais. Dos 300 anos de estado, também são 300 anos de cultura negra mineira, faz parte da nossa identidade, e por isso é importante ser registrado como patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais”, explica ele.


Para Isabel Casimira, Rainha Conga de Minas Gerais e das Guardas de Moçambique e Congo 13 de Maio de Nossa Senhora do Rosário, o reconhecimento dos reinados e congados como Patrimônio Cultural Imaterial do estado é motivo de felicidade.


“Estamos colhendo as frutas que os nossos ‘tatas’ plantaram. Minha avó foi raiz, minha mãe foi tronco e eu sou fruta, que semeia. É um reconhecimento maravilhoso pelo trabalho que o nossos ‘tatas’ fizeram na construção de Belo Horizonte e de Minas Gerais para que, hoje, nós tenhamos êxito em participar desse evento maravilhoso que tende a atender o máximo de pessoas em Minas Gerais, e a reafirmar que tudo é de todo mundo, então tudo é nosso também", dita ela.

Cortejo no sábado

A reunião do Conep acontecerá na manhã do último dia do festival. Depois dela, está previsto um grande cortejo com cerca de 1.500 congadeiros de mais de 30 ternos de congados e reinados oriundos de todas as regiões do estado, cada um com seus cantos, tambores e indumentárias que expressam semelhanças e singularidades.


“Esse patrimônio que estamos encaminhando para o registro com a finalização do dossiê, dos Congados e Reinados, é um dos mais constitutivos da Afromineridade, e não se pode falar disso sem cozinha”, complementa Martins.


 

O cortejo vai se deslocar do Palácio das Artes em direção ao Palácio da Liberdade, onde continuará a programação do Cozinha das Afromineiridades, evento gratuito que contará com bate-papo, cortejo, cozinha viva, oficina e apresentações culturais no Palácio da Liberdade.


Com a chegada do cortejo, será erguida a histórica bandeira de Nossa Senhora do Rosário, na frente do Palácio. Ao lado, será exibida também a bandeira de ferro fundido de Ouro Preto, que possui mais de 200 anos. Produzida com técnicas africanas, foi encontrada na Capela de Nossa Senhora das Necessidades em 2020.


Cozinha das Afromineiridades

Em celebração às raízes afromineiras da cultura alimentar do estado, Belo Horizonte receberá o primeiro festival Cozinha das Afromineiridades: Congados e Reinados, com início na sexta-feira (2/8), às 17h. A Feira Afro ocupará o interior e os jardins do Palácio da Liberdade com barracas de alimentos produzidos por integrantes de congados e quilombos mineiros.


A partir das 19h do mesmo dia, haverá a roda de conversa “Vivência com a Rainha Conga de Minas Gerais”, tendo a  Rainha Belinha como convidada. Presidente da Guarda Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário, ela falará do reconhecimento da cultura dos congados e reinados como patrimônio histórico.


No sábado (3/8), a feira acontecerá das 9h às 22h. Às 15h, será promovida a oficina “Toadas dos Congados” com a Capitã Pedrina de Lourdes, e por volta das 17h, haverá um show especial da banda Congadar, que funde os ritmos do congado ao rock em suas composições.


 

Também estão previstas duas Cozinhas Vivas com o tema da Cozinha da Afromineiridade, a serem ministradas por representantes da Comunidade Quilombola dos Arturos, de Contagem, na região metropolitana de BH. Serão distribuídos 1.500 pratos para degustação de quem estiver no local e para os congadeiros participantes do evento. Às 18h, será realizado o ritual de descimento do Mastro.


“Não tem festa em Minas Gerais sem cozinha, e estamos falando dos Reinados e Congados que sempre acompanham um verdadeiro banquete que a gente falava afrodescendente, mas na verdade também é comida mineira. Então, é fundamental unir essas práticas e esse patrimônio imaterial para celebrarmos juntos com Belo Horizonte e as guardas que vêm do interior”, declara Nathalia Larsen, subsecretária de Cultura de Minas Gerais.


Investimentos

A Secult e o Iepha também anunciaram dois editais, no valor total de aproximadamente R$ 4 milhões, voltados para as culturas tradicionais e populares de Minas Gerais, por meio do Descentra Cultura – Fundo Estadual de Cultura, um deles exclusivo para a participação das mulheres.


 

“São dois editais, um que se chama Afromineiridades, que inclui todos e todas as práticas do patrimônio imaterial – saberes, modos de fazer, quitandeiras, benzedeiras, capitães de guarda, entre tantas outras práticas –, e outro, que é o Rainha Conga, esse específico para o público feminino e pessoas que detêm e preservam o nosso patrimônio imaterial de diversos segmentos”, explica a subsecretária de Cultura do estado.


O Prêmio Rainha Conga destinará 65 prêmios de R$ 20 mil, totalizando R$ 1,3 milhões, enquanto o Prêmio Afromineiridades distribuirá 65 prêmios de R$ 40 mil, totalizando R$ 2,6 milhões.

Mulheres que fizeram história nos congados de BH são tema de livro