A 25ª edição da Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Belo Horizonte – considerada a maior manifestação social de Minas Gerais – contará com um recurso de R$ 670 mil vindos da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). De acordo com o Cellos-MG (Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais), entidade organizadora da manifestação, o retorno para a cidade é quase 30 vezes maior do que o valor recebido.


“O que a população precisa saber é que o Cellos e a PBH lidam com os recursos públicos com seriedade. Fazemos prestação de contas à risca, durante um longo período e com todas as normas previstas. E esse investimento está voltado para a cidadania das pessoas LGBTQIA+. Não é para atacar ninguém, nem fazer confronto, mas para garantir que nós, que somos tão vulnerabilizados e execrados socialmente, tenhamos voz”, explica Maicon Chaves, presidente do Cellos-MG.

 



 

A subsecretária de Direitos de Cidadania de Belo Horizonte, Luana Magalhães, explica que os recursos vindos da PBH são do próprio orçamento municipal e de algumas emendas parlamentares destinadas para o evento.


“A PBH está co-organizando a Parada e abrange todas as áreas possíveis, exceto na produção artística. Todo o apoio burocrático, administrativo e financeiro que a Parada precisa, a Prefeitura já vem dando há meses, e os R$ 670 mil vêm para colocar essa manifestação nas ruas para todas as pessoas que queiram celebrar o Orgulho no domingo (21/7)”, afirma.


“Esse valor é o grosso da Parada para fazer uma manifestação grande, segura e organizada. Mas, além disso, nós temos patrocínio da Amstel Vibes e auxílio de sindicatos que nos ajudam em outros acessos financeiros. É muito menos, mas é uma quantia que nos ajuda a fazer o que, com dinheiro público, não podemos, como pagar um lanche para os voluntários, organizar uber e pagar o ônibus do pessoal”, acrescenta Maicon.


“E a gente devolve isso para a cidade. Uma pesquisa da Belotur indicou que a gente devolve quase R$ 20 milhões para o município em um único dia, além da ocupação, da hotelaria, dos bares, boates. É uma parceria que dá certo”, complementa o presidente do Cellos-MG.


Logística da Parada

A 25ª Parada LGBTQIA+ de Belo Horizonte fará a retomada da Avenida Afonso Pena, na região Central da capital mineira. Apesar de o primeiro motivo ter sido a obra na Praça da Estação – onde, tradicionalmente, ocorre a concentração da manifestação –, Maicon explica que também se trata do resgate da história da Parada, que ocupou essa mesma avenida em sua primeira edição. A expectativa é de que, deste ano em diante, o percurso seja esse, mesmo quando a Praça da Estação ficar pronta.


“São Paulo tem a Avenida Paulista, o Rio de Janeiro tem Copacabana, e nós queremos fazer nosso ato ocupando a maior avenida de Belo Horizonte, a Afonso Pena, para dar o recado para a cidade de que somos uma população e temos direito à cidadania”, diz ele.


 

Em relação à Feira Hippie, que acontece todos os domingos na Afonso Pena, Luana Magalhães tranquiliza: não haverá impactos.


“A Feira Hippie tem um horário de funcionamento que vai até às 14h. Como a concentração acontecerá às 12h em alguns quarteirões acima, na Avenida Brasil com a Afonso Pena, não haverá impacto nenhum. O primeiro trio elétrico está definido para sair da concentração às 17h15, um horário em que a desmobilização da Feira já vai ter acontecido”, declara.


Também houve a preocupação de não bloquear o acesso à Área Hospitalar, que fica próxima do percurso do cortejo.


“Temos algumas alterações de trânsito necessárias para desobstruir a Afonso Pena e permitir que a Parada aconteça com segurança, mas sem que tenhamos impedimento de acesso à Área Hospitalar, que fica muito próximo dali. Haverá toda uma operação de trânsito feita pela BHTrans para poder garantir que tudo aconteça dentro da conformidade tanto para a Parada quanto para a cidade”, diz a subsecretária.


“Com relação à segurança, o próprio Cellos colocou no plano de trabalho a contratação de segurança privada, mas, além disso, temos um diálogo com as Polícias Militar e Civil de Minas Gerais (PMMG e PCMG) e com a Guarda Civil Municipal (GCMBH) para que os agentes de Segurança Pública deem todo o suporte necessário para a Parada acontecer com toda a segurança possível”, finaliza ela.


Ainda assim, Maicon recomenda aos que pretendem ir à Parada que mantenham seus pertences à vista, evitando, mochilas e bolsas para usar doleiras – que serão distribuídas em número limitado ao longo do ato.


Manifestação social

O presidente do Cellos-MG relembra que a Parada LGBTQIA+ não é um evento, mas sim uma manifestação social e popular, considerada a maior do estado. Para ele, é importante que o ato conte com entretenimento além da luta política para enfatizar a luta da população.


“Somos a militância que celebra, mas que entende que a cidadania só é possível com muita luta”, atesta ele.


 

Em sua 24ª edição, a Parada de Belo Horizonte foi considerada a terceira maior do país, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Para Maicon, trata-se de um incentivo para aperfeiçoar a manifestação cada vez mais.


“Se São Paulo tem a maior Parada LGBT do Brasil, nós temos a mais inovadora”, aponta ele ao falar sobre o palco 360°, que será a primeira vez em que uma estrutura do tipo é instalada em uma Parada do Orgulho.


E Belo Horizonte é realmente precursora: foi a primeira Parada a ter, ainda em 2006, uma intérprete de Libras ao longo de toda a concentração e percurso e, mais recentemente, a primeira intérprete Drag Queen do Brasil, Justiny Chosen – que é, inclusive, vice-presidente do Cellos-MG atualmente.


Em relação à acessibilidade, a organização declara que haverá diversos recursos: desde a tradução em Libras e audiodescrição até apoio para pessoas com mobilidade reduzida, PcD (pessoas com deficiência – ocultas ou não) e presença de facilitadores de inclusão.


Celebrar o Orgulho

A Parada de Belo Horizonte tem 45 atrações confirmadas que, somando aos bailarinos que as acompanharão, colocarão mais de 150 artistas no palco 360° da edição deste ano. As apresentações contarão com personalidades locais que preencherão a concentração por cinco horas direto. A ideia é valorizar a cena regional e celebrar o Orgulho não só por pertencer à população LGBTQIA+, mas também pela arte produzida em Belo Horizonte e região.


“Sempre nos perguntam sobre trazer um nome nacional para a Parada de BH, mas nós queremos valorizar os nossos artistas locais. Entendemos que a Parada é uma ótima manifestação que acontece em apenas um dia do ano, mas quem faz a resistência durante todo o ano, quem movimenta a cena LGBT durante os 365 dias são artistas locais. São eles que estão nas nossas boates, vivendo dessa arte todo ano, em todos os anos”, declara Justiny Chosen.


 

Para celebrar, Maicon faz um chamado para a população: “A Parada é da cidade, e queremos a cidade conosco: toda a população LGBT, as famílias, os grupos organizados – e aqueles não tão organizados assim –, pessoas que simpatizam com a nossa luta ou que querem conhecer a nossa história. É importante que isso aconteça, porque somos o país que mais mata trans e travestis no mundo e ainda não temos uma legislação pró-LGBT em nível nacional, então precisamos mudar esse cenário, e é com o apoio das pessoas que vamos fazer isso.”


Serviço

25ª Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Belo Horizonte

Data: 21 de julho (domingo)

Horário: 12h às 17h (Apresentações) / 17h (Cortejo)

Local: Cruzamento das avenidas Afonso Pena e Brasil, Centro, Belo Horizonte

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