Segundo o balanço do terceiro trimestre de 2023, o banco alcançou um lucro líquido de R$ 76,4 milhões -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)

Segundo o balanço do terceiro trimestre de 2023, o banco alcançou um lucro líquido de R$ 76,4 milhões

crédito: Ed Alves/CB/DA.Press

O Banco Regional de Brasília recorreu, mais uma vez, a operações de venda de ativos para mascarar resultados negativos e mostrar uma suposta performance financeira positiva. Segundo o balanço do terceiro trimestre de 2023, divulgado ontem pela instituição, o banco alcançou um lucro líquido de R$ 76,4 milhões. Uma análise mais detalhada dos números indica, no entanto, que o BRB insiste em adotar medidas como venda de ativos de boa qualidade — como carteira de consignado para servidores e aposentados — a fim de compensar perdas acumuladas ao longo do ano.

No balanço do terceiro trimestre deste ano, o BRB usou novamente o expediente de vender carteiras de consignado a fim de resolver problemas no caixa. Em 30 de agosto, o banco vendeu por R$ 113,9 milhões em contratos de crédito consignado para a Byx Capital. Com a operação, auferiu um prêmio de R$ 21,3 milhões. Em 29 de setembro, na véspera de encerrar o terceiro trimestre, o banco fez nova transação envolvendo empréstimos consignados. Desta vez, o negócio foi significativamente maior, de R$ 533 milhões, em benefício da Facta Financeira. Pela operação, o BRB contabilizou um prêmio de R$ 88,9 milhões.

Com a venda das carteiras em agosto e setembro, o BRB somou prêmios de R$ 110 milhões. Conforme o demonstrativo divulgado pelo banco, à página 87, esse valor foi incluído nas receitas com operações de crédito, que totalizaram R$ 1,4 bilhão.

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Descontadas as despesas e outros itens, o banco afirma ter obtido um lucro líquido de R$ 76,4 milhões no terceiro trimestre. Não fossem os R$ 110 milhões acumulados como prêmio pela venda das carteiras de consignado, o banco estaria operando no vermelho, possivelmente na casa dos R$ 30 milhões. É mais uma evidência de que o BRB continua a acumular tropeços em suas finanças.

Prática recorrente


Ao longo do ano, a venda de ativos tem se tornado recorrente no histórico do banco. Nos demonstrativos anteriores, conforme publicado pelo Correio, o banco se desfez de ações das bandeiras Visa e Mastercard, imóveis como agências bancárias e, em duas ocasiões, venda de carteiras de consignados. No demonstrativo mais recente, o banco mantém a prática de fazer negócio com clientes endividados para sair do vermelho.

É a quarta vez que o BRB abre mão de sua carteira de crédito para compensar perdas financeiras. Em 29 e 30 de junho, às vésperas de encerrar o segundo trimestre, a instituição brasiliense registrou uma receita de mais de R$ 90 milhões ao transferir a carteira de consignado para o banco Pine e para a Byx Capital. No trimestre seguinte, o banco público de Brasília repetiu o expediente.

O endividamento dos clientes do BRB tem sido motivo de questionamento por deputados distritais. Na próxima semana, os parlamentares pretendem ouvir explicações do presidente do banco, Paulo Henrique Costa, sobre as contas e as práticas apresentadas nos demonstrativos financeiros.

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Além de operações controversas para compensar prejuízos, o BRB enfrenta questionamento de agências de risco e do Banco Central do Brasil. Segundo a agência de classificação Moody’s, há uma “perspectiva negativa” em relação aos indicadores do banco. A autoridade monetária, por sua vez, exigiu a reelaboração dos demonstrativos financeiros do BRB relativos a 2022 e 2023, após identificar inconsistências.