O presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros, criticou ontem a isenção a produtos importados de até US$ 50. Segundo ele, a isenção cria uma concorrência desleal e tem provocado insatisfação entre os empresários. As queixas do dirigente acontecem três dias após a Black Friday, que marca o início do período de compras de fim de ano.
José Roberto Tadros defende um tratamento igualitário, com as empresas brasileiras também recebendo o benefício da isenção em produtos de até R$ 250. “O que nós queremos é que o tratamento seja igualitário, tanto para os produtos importados quanto para os nacionais. Se for permitido US$ 50 isentos, que seja permitido o equivalente em reais dos US$ 50, que seria algo em torno de R$ 250, para as empresas nacionais”, afirmou Tadros em coletiva, após se reunir com o governador Romeu Zema.


O dirigente afirma que a carga tributária excessiva que existe no país inviabiliza a competição entre comércio interno e externo. Na sua avaliação, o decreto que regulamentou a isenção de impostos para produtos importados é ruim. “A medida vem penalizando o empresário brasileiro. Por isso, a Federação, com apoio total das federações do comércio no Brasil e dos sindicatos, rejeita de forma unânime”.
O presidente da CNC também fez críticas à reforma tributária. Segundo ele, a aprovação da PEC da reforma tributária na Câmara, em julho, deveria ter sido antecedida por uma reforma administrativa para não penalizar “o setor [de serviços], que mais emprega no país e que representa entre 73 a 75% do PIB”, informa.


Para José Roberto Tadros, as medidas tendem a afetar, em cadeia, a empregabilidade no país. “Se você aumenta significativamente o custo do produto, vai reduzir o número de compradores do negócio e a reação é a de reduzir as vendas e o número de funcionários. Com isso, ficamos extremamente preocupados com o aumento dessa carga tributária.”


Tadros falou ainda sobre a revogação, feita pelo ministro do Trabalho Luiz Marinho, da medida que altera o trabalho do comércio nos domingos e feriados. Para ele, fechar comércios essenciais, como o supermercado, atrapalha a população. “Imagine se às 6h for fechar a funerária, ou, hotéis e as farmácias aos sábados e domingos. Então, certas atividades econômicas não podem ser tratadas de forma igualitária”, enfatiza, destacando que “haverá uma reunião na própria CNC com a presença do ministro do Trabalho para se chegar a um consenso”.