Primeira reunião de 2024 do Copom foi nesta quarta-feira (31/1) -  (crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil - 13/4/20)

Primeira reunião de 2024 do Copom foi nesta quarta-feira (31/1)

crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil - 13/4/20

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (31) reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), para 11,25% ao ano.

O comitê manteve, em seu primeiro encontro de 2024, o ritmo de alívio nos juros aplicado desde o ano passado. Este foi o quinto corte consecutivo na taxa básica, movimento iniciado em agosto de 2023.

Em seu último encontro do ano passado, o Copom havia sinalizado reduções na mesma intensidade nas próximas reuniões.

Leia também: Desemprego encerra 2023 com média de 7,8%, menor nível em nove anos

O órgão afirmou também na ocasião que os membros avaliaram de forma unânime que essa é a cadência apropriada para manter a política monetária contraindo a economia em um nível necessário para o processo de desinflação.

Analistas apontavam antes do encontro que um novo corte era a medida aguardada, considerando os indicadores de inflação.

O boletim Focus, divulgado nesta terça-feira (30), indicou que o mercado espera que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) termine 2024 em 3,81% --na semana anterior, a previsão era de 3,86%.

A taxa básica de juros passou por um ciclo de 12 altas consecutivas de março de 2021 a agosto de 2022, respondendo ao aumento nos preços de alimentos, energia e combustíveis. Depois disso, ela ficou congelada no patamar de 13,75% ao ano até agosto do ano passado.

Os juros foram durante grande parte do ano passado motivo de discórdia entre o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central.

Leia também: Governo fecha 2023 com saldo negativo de R$ 230,5 bilhões

O mandatário desferiu diversos ataques contra o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, a quem chamou repetidas vezes de "cidadão", se recusando a pronunciar seu nome, questionou suas intenções e disse que ele não tinha compromisso com o Brasil.

A situação começou a mudar após as primeiras reduções na taxa básica de juros. O primeiro encontro entre Lula e Campos Neto ocorreu apenas em setembro do ano passado, em uma reunião no Palácio do Planalto.

O momento que selou a pacificação aconteceu poucos dias antes do Natal, quando Roberto Campos Neto foi convidado e participou do churrasco de fim de ano de Lula, na residência oficial da Granja do Torto, com a presença de todos os ministros do governo.

Antes da decisão do comitê, no entanto, integrantes do partido de Lula, o PT, pressionavam o Copom para que efetuasse um corte mais arrojado na taxa de juros.

Em suas redes sociais, a presidente da legenda, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), havia afirmado que o cenário econômico era favorável a uma redução maior e que 0,5 ponto percentual era "muito pouco".

"O Brasil está pronto para retomar o crescimento com pujança, estimulado pelos investimentos do PAC, da Petrobras e da Nova Indústria Brasil, entre outros. Falta o BC fazer sua parte e começar a reduzir para valer a indecente taxa de juros", escreveu a parlamentar.

"Cortar só 0,5 ponto da Selic outra vez, como antecipam a mídia e o mercado, é muito pouco. Está na hora de o BC pensar em suas responsabilidades com o país e fazer sua parte no esforço de reconstrução e crescimento", afirmou.