GOL Linhas Aéreas, que está em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, acusa a concorrente Latam de violar as lei de falência do país -  (crédito: Facebook/GOL Linhas Aéreas)

A Gol Linhas Aéres entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos há alguns meses

crédito: Facebook/GOL Linhas Aéreas

A disparidade entre oferta e demanda no setor aéreo brasileiro é um problema antigo e que pressiona para cima os preços das passagens. A ociosidade de aeronaves, como a Gol, que declarou semanas antes de entrar com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos ter 20 aviões parados, reduz a oferta de destinos e viagens.

Conforme destacou a Folha de S.Paulo em reportagem, a frota inativa da companhia aérea ociosa é quase metade do que a Avianca Brasil tinha no fim de 2018, quando, com menos de 50, entrou em uma crise que levou a empresa à falência. 

A Gol informou que, no terceiro trimestre de 2023, tinha uma frota operacional média de 108 aeronaves, entre 141 totais, mas que estão "focados em melhorar seus indicadores de produtividade e reduzir seu custo unitário, para permanecer como referência de menor custo unitário na região. A Companhia trabalha para garantir uma frota operacional cada vez maior", apontou em nota ao Estado de Minas.

O professor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), Alessandro Oliveira, também entrevistado pela Folha de S.Paulo, destacou que atualmente diversas companhias aéreas pelo mundo estão sendo afetadas por falta de peças e gargalos na cadeia de suprimentos.

A Gol alega que as aeronaves estão paradas para uma atualização da frota, mas que "vem sendo impactada pelos atrasos e incertezas no cronograma de entregas de novas aeronaves por parte do fabricante. Do total de 15 aeronaves programadas para 2023, a Gol adicionou uma nova aeronave Boing 737-MAX à sua frota (...) e também a quinta aeronave Boing 737-800BCF (...). Além disso, como parte do plano de renovação de frota e recuperação da eficiência operacional, a Companhia devolveu quatro aeronaves".

Os aviões ociosos, aponta Oliveira, caso estivessem no ar, poderiam pressionar os preços das passagens para baixo, devido a uma maior demanda de assentos.

Disputa

Recentemente, a Gol entrou com uma moção de emergência na Justiça dos Estados Unidos, na qual acusa a concorrente Latam de estar em uma campanha para adquirir as aeronaves que são usadas por ela, ao tentar atrair lessores (que são responsáveis por arrendar seus veículos para empresas da área) para negociar, com disponibilidade imediata, o arrendamento de 20 a 25 Boeings 737.

A empresa pede proteção e investigação por violar as leis de falência do país contra a concorrente chilena. A reclamação foi parcialmente aceita nessa segunda-feira (12/2).

O presidente da Latam, Jerome Cadier, em entrevista à Folha de S.Paulo no último dia 6, reconheceu que busca aumentar a frota e que tem aviões parados da Gol como um dos alvos.

"A Gol está com vários aviões parados. Quem sabe a gente pode colocá-los para voar. O que importa para o passageiro é ter avião para voar. Se está parado, não ajuda a ter oferta e baixar a tarifa. Queremos colocar oferta", afirmou ao jornal.

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Voa Brasil

O programa "Voa Brasil" do governo federal, lançado neste mês, prevê, nesta primeira fase, passagens aéreas a R$ 200 aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) que tenham renda mensal de até R$ 6,8 mil.

A ideia, aponta o ministro Silvio Costa (Portos e Aeroportos), é estimular o turismo e o desenvolvimento regional pelo Brasil. Os interessados poderão comprar duas passagens por ano, com direito a um acompanhante em cada trecho.

Este é um dos projetos do governo para tentar baratear as passagens aéreas no Brasil. Além dele, também está prevista uma criação de um fundo para socorrer companhias aéreas, visando fortalecer o segmento nacional. Estaria também incluso redução no preço do combustível de avião.

Cadier alega, ainda em entrevista à Folha de S.Paulo, que a medida de socorro só terá eficácia no barateamento das passagens caso os custos operacionais tenham redução, como combustíveis, e reduzir a judicialização.