O impacto da epidemia de arboviroses na economia de Minas Gerais pode chegar a R$ 5,7 bilhões, segundo um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), divulgado nesta segunda-feira (4/3). O levantamento leva em consideração os efeitos da doença na produtividade, mais os custos do tratamento.
Os impactos econômicos e sociais são calculados nos efeitos de custos com saúde, considerando medicação, consultas e exames, com a perda de produtividade, que inclui dias de afastamento e queda de produção potencial. Segundo a Fiemg, o resultado é a redução da atividade econômica, queda no Produto Interno Bruto (PIB) per capita, queda no emprego e perda de renda nas famílias.
A pesquisa estima que a epidemia cause um efeito na produtividade de R$ 3,8 bilhões, enquanto os custos do tratamento representam um impacto de R$ 1,9 bilhão. A Fiemg ainda prevê uma perda de pouco mais de 71 mil postos de trabalho e uma perda de R$ 1 bilhão em massa salarial. O impacto é quase 0,7% do PIB de Minas Gerais.
A pesquisa mostra que 60% das pessoas infectadas correspondem a população economicamente ativa, de acordo com dados do Ministério da Saúde, enquanto 25% são idosos e outros 14% são crianças e adolescentes. O levantamento ainda considera que sete dias de afastamento por infecção corresponde a R$ 2.004,7 em perda de produção por cada trabalhador mineiro.
Segundo a economista Juliana Gagliarbi, da gerência de Economia e Finanças Empresariais da Fiemg, quando o trabalhador se afasta gera um déficit na produção. “Cada trabalhador é responsável por produzir algo na economia devido ao seu trabalho. Quando eles se ausentam, existe uma perda dessa produção que impactam as empresas. Isso reflete em desdobramentos para outros segmentos que se envolvem”, explicou
Os números também foram levantados para o cenário nacional, considerando as previsões do Ministério da Saúde com 4,2 milhões de casos até o fim de 2024. Historicamente, Minas Gerais detém 37% do total dos casos de arboviroses, o que pode representar 1,5 milhão de casos em 2024.
No Brasil, o impacto esperado pela Fiemg é de R$ 20,3 bilhões, sendo R$ 15,1 bilhões em efeitos de produtividade e R$ 5,2 bilhões em custos do tratamento. De acordo com a estimativa, os valores seriam o suficiente para o pagamento do bolsa família a quase 3 milhões de beneficiários por ano. No Brasil inteiro é esperado uma perda de R$ 3,8 bilhões em massa salarial.
“Quando a gente olha para as questões sociais, entendemos que todo impacto econômico pode reverberar para a sociedade. Nós analisamos os fatos sociais em termos de possíveis perdas de até 214 mil postos de trabalho no Brasil e 70 mil postos em Minas Gerais, e consequentemente poderiam também impactar na perda de renda, que a gente chama de massa salarial”, ressaltou Gagliarbi.
Metodologia
As estimativas do estudo baseiam-se na metodologia Matriz de Insumo-Produto (MIP), que segundo a economista da Fiemg, funciona como uma fotografia da economia que mostra a interação entre os agentes econômicos, entre os setores produtivos, governo e famílias. “Ele consegue mostrar os fluxos de cada coisa que está saindo e entrando na economia”, disse.
No caso, a MIP faz uma análise em 67 setores econômicos para, a partir das estimativas, obter os efeitos diretos e indiretos da epidemia de dengue nos setores como reflexo dos encadeamentos produtivos.
Por exemplo, uma empresa vende bens e serviços para famílias, que ofertam a mão de obra, contratada pelas empresas, funcionando em um ciclo econômico. Quando uma epidemia ocorre, se tem um choque na produção que vai provocar uma redução na demanda, renda, admissões, queda de produção, decrescimento dos investimentos e redução do faturamento das empresas.
Impactos em Minas Gerais
- Casos estimados - 1,5 milhão
- Efeitos da produtividade - R$ 3,8 bilhões
- Custos de tratamento - R$ 1,9 bilhão
- Efeito total - R$ 5,7 bilhões
Impactos no Brasil
- Casos estimados - 4,2 milhões
- Efeitos da produtividade - R$ 15,1 bilhões
- Custos de tratamento - R$ 5,2 bilhões
- Efeito total - R$ 20,3 bilhões