O aumento nos preços de medicamentos já começou a ser notado por clientes em algumas farmácias de Belo Horizonte nesta segunda-feira (1º/4). Em abril, passa a vigorar, em todo o país, o reajuste anual no valor dos remédios, seguindo determinação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed).
O reajuste de 4,5% foi calculado com base nos últimos 12 meses do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O ajuste é menor ao de anos anteriores: em 2023, foi de 5,6%; em 2022, de 10,89%; em 2021, de 10,08%.
O vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Minas Gerais (Sincofarma), Rony Anderson Rezende, confirmou que "o aumento já está sendo praticado em todas as drogarias". "A gente já compra da indústria, desde 31 de março, com esse reajuste de 4,5%. (...) É praticado em cima de todos os medicamentos", afirmou Rezende.
Um cliente, que pediu para não ter o nome divulgado, afirmou que, ao comprar a vacina para gripe, o preço estava em R$ 98, e quando foi pagar, foi cobrado pouco mais de R$ 100.
Contudo, não é o que a maioria dos clientes percebeu hoje nas farmácias da Região Central de Belo Horizonte. A professora aposentada Eleonora Pereira Senem Gurgel, de 72 anos, não viu diferença no valor do seu remédio para colesterol. "Mas para quem usa remédio mais caro, o custo já é alto mesmo", comentou. Ela ainda pontuou que costuma comprar pelo programa Farmácia Popular, que, segundo Rezende, não sofre aumento para o consumidor, porém tem a margem de lucro da drogaria reduzida.
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A babá Andreia Campos Soares, de 39 anos, também não percebeu reajuste nos preços, mas teme que, quando ocorrer, tenha impacto negativo no custo de vida. "Antes era R$ 5 e pouco, e comprei três na faixa de R$ 10. Por mais barato que meu medicamento seja, qualquer aumento já mexe no bolso", declarou.
Neste ano, os medicamentos já sofreram aumento em 11 estados, devido ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Em Minas Gerais, o ICMS que incide sobre medicamentos genéricos é de 12%, enquanto sobre outros, o valor é de 18%.
Drogarias
A reportagem do Estado de Minas foi a farmácias para saber se a diferença de preços já estava sendo praticada. A gerente, que pediu para não ser identificada, de uma grande rede afirmou que a atualização dos "preços ocorre de forma automática no sistema" e notou que alguns "já tiveram reajustes, mas que outros tiveram decréscimo".
Já o gerente de uma unidade da Droga Clara Breno Pereira afirmou que os reajustes devem ocorrer no futuro, mas que a empresa, apesar de já poder, não reajustou para não prejudicar os clientes.
Outra gerente, que também pediu para não ser identificada, falou que a rede onde ela trabalha ainda não aumentou os preços e que a empresa não se posicionou sobre quando irão ocorrer esses aumentos.
Pesquisa
O vice-presidente do Sincofarma, Rony Anderson Rezende, aconselhou a população a fazer uma pesquisa de preços. O aumento não é compulsório, isso significa que os estabelecimentos não precisam necessariamente fazer o reajuste.
É isso que a pensionista Clara Lúcia Teófilo Quirino, de 75 anos, vem fazendo. Ela alega que, apesar de ter encontrado um medicamento no mesmo preço que vinha sendo praticado, afirma que fez uma pesquisa de valores antes de comprar.
Entretanto, ela também demonstra preocupação com um possível aumento do fármaco que custa normalmente mais de R$ 100. "Vai ser ruim demais. Achei que até já ia aumentar."
Rezende afirmou que os lojistas sentem o impacto do aumento apenas nos primeiros dias, mas que depois as pessoas se adaptam ao novo preço. "O impacto acontece em abril até o início de junho. A alta vem corrigir a defasagem de preços desses produtos", afirmou.