O Banco Interamericano de Desenvolvimento é uma das instituições que pretendem ampliar a capacidade de empréstimo -  (crédito: BID/Divulgação)

O Banco Interamericano de Desenvolvimento é uma das instituições que pretendem ampliar a capacidade de empréstimo

crédito: BID/Divulgação

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Um grupo formado por dez bancos multilaterais anunciou neste sábado (20/4) que pretende ampliar em US$ 300 bilhões a US$ 400 bilhões sua capacidade de financiamento ao longo dos próximos dez anos.

 

Fazem parte da iniciativa o BID (Banco Inter-Americano de Desenvolvimento), chefiado pelo brasileiro Ilan Goldfajn, o NDB (New Development Bank, conhecido como Banco dos Brics), comandado pela ex-presidente Dilma Rousseff, e o Banco Mundial, entre outros.

 


O documento foi declarado ao fim de um retiro realizado na sede do BID, em Washington (EUA), aproveitando a presença das lideranças para as reuniões de primavera do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional), que ocorreram na capital americana na última semana.

 

O fortalecimento da musculatura dos bancos multilaterais é uma das propostas da presidência brasileira do G20. As instituições são vistas como uma forma de canalizar recursos de países ricos, que bancam a maior parte das contribuições, a nações pobres, atrelados a objetivos socioambientais.

 

A reforma dessas organizações foi o tema da segunda reunião da trilha de finanças do bloco, realizada na última quinta (18) na capital americana. Em seu discurso de abertura, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a necessidade de ampliar a capitalização dos bancos multilaterais.

 

A proposta é vista com bons olhos pelas economias desenvolvidas, sobretudo os EUA, para quem esses bancos são uma forma de competir com o que chamam de "financiamento coercitivo chinês" -a potência asiática tem usado seu poder econômico para ampliar a influência na África e na América Latina, principalmente.

 

Outro acordo do grupo em linha com a agenda brasileira no G20 trata da resposta às mudanças climáticas. O documento divulgado neste sábado traz avanços na proposta de harmonizar a abordagem dos bancos para medir os impactos dos projetos que financiam em termos de adaptação e mitigação.

 

Os bancos também afirmam que pretendem aumentar o financiamento do setor privado, para além de entes governamentais. Nesse eixo, uma prioridade é elevar os empréstimos em moeda local -reduzindo a exposição ao dólar- e desenvolver outras soluções de cobertura cambial.

 

A valorização da moeda americana agrava a situação de países e empresas devedores, aumentando os custos da dívida. Entre o Brics, por exemplo, o uso de moedas locais é uma das principais pautas.

 

"Acabamos de realizar, na sede do BID, um inédito retiro dos líderes dos MDBs. De forma pioneira, decidimos aprofundar nossa colaboração e vamos trabalhar como um sistema", afirmou Ilan. "Estamos trabalhando para servir melhor nossos países e juntos conseguiremos fazer mais, com mais impacto e em maior escala."

 

Integram o grupo o Banco de Desenvolvimento Africano, o Banco de Desenvolvimento Asiático, o Banco de Investimento em Infraestrutura Asiático, o Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa, o Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimento, o BID, o Banco de Desenvolvimento Islâmico, o Novo Banco de Desenvolvimento e o Banco Mundial.