Que trabalhador nunca reclamou do trabalho, mas continuou no emprego? Ou mesmo ficou de mau humor só de imaginar um dia de expediente e mesmo assim manteve a rotina? Esse tipo de comportamento é considerada uma tendência no mercado de trabalho e é chamada “grumpy staying” ou “ficando mau humorado”, em tradução livre.
O movimento se caracteriza justamente pelo descontentamento dos profissionais com suas funções, mas que seguem nos empregos, mesmo contrariados. Um levantamento da empresa Robert Half, uma plataforma de RH, feito em 2023, mostrou que 91% dos trabalhadores brasileiros disseram que já permaneceram em algum emprego, mesmo se sentindo insatisfeitos.
Entre os motivos para continuar na vaga, foram apontados não achar novas oportunidades, incerteza nos rumos do mercado, medo de mudanças e estabilidade no emprego. Segundo a especialista da divisão em Saúde e Bem-estar da mhconsult Cinthia Martins, é normal se sentir insatisfeito no trabalho, mas o sentimento não pode ser constante. Já que, além de afetar a vida do colaborador, prejudica o retorno financeiro da empresa.
Por isso, o trabalhador deve avaliar o que o deixa insatisfeito e comunicar suas preocupações aos gestores, para haver mudança no local de trabalho. “Cada vez mais gestores estão dispostos a encontrar soluções que possam melhorar a experiência de trabalho, promovendo um ambiente mais satisfatório para todos”, explica.
Outra dica é estabelecer metas pessoais e profissionais para encontrar uma nova motivação. Cursos, workshops e novos projetos também podem ajudar a melhorar o mau humor. Mas, se mesmo assim o profissional se sentir insatisfeito, ele deve considerar uma mudança de emprego ou até mesmo de carreira, além de buscar apoio na família e nos amigos para aliviar o fardo emocional.
A consultora também dá dica para as empresas prevenirem a insatisfação no trabalho. As ações devem focar na criação de um ambiente que valorize os empregados, engajando-os e motivando-os. Para isso, os gestores devem investir na promoção de uma comunicação aberta e honesta entre as partes, promoção de um ambiente inclusivo e reconhecimento de um bom trabalho, com recompensas, materiais e emocionais.
Outro conselho é estabelecer formas mais flexíveis de trabalho, ajudando os colaboradores a equilibrarem suas vidas pessoais e profissionais. “Lembrando, é claro, de sempre certificar-se de que os salários e benefícios sejam competitivos e justos em relação ao mercado”, enfatiza.