Na reunião dos membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), nesta quarta-feira (19/6), foi definida de forma unânime a manutenção da Selic em 10,5%. A decisão marcou uma interrupção da sequência de quedas iniciada em agosto de 2023, com cortes de 0,25 e 0,50 pontos percentuais.
A justificativa, enviada por comunicado, é "que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela". A decisão vai ao encontro do que era esperado por uma boa parcela dos economistas.
O Banco Central começou uma sequência de cortes na taxa básica em agosto de 2023, que vinha no patamar de 13,75% ao ano desde agosto de 2022. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem, desde que assumiu o governo em janeiro de 2023, pressionando o presidente do BC, Campos Neto, para uma queda acelerada da Selic, com a intenção de impulsionar o crescimento econômico.
Lula vem fazendo duras críticas a Campos Neto chegando a dizer que o comportamento do Banco Central é a "única coisa desajustada" na economia do Brasil" e afirmou, após o presidente do BC jantar com o governador de São Paulo e bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), que ele tem "lado político".
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou o economista Campos Neto para a presidência do banco no final de 2018, assumindo o cargo no início de 2019.
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O presidente destacou que Campos Neto trabalha "muito mais para prejudicar o país do que ajudar" e não vê motivo para o alto valor da taxa de juros.
Um levantamento feito pela MoneYou aponta que com a taxa de 10,5% em junho, o Brasil fica em 6º entre as 40 maiores taxas de juros no mundo, atrás apenas de Turquia (50%), Argentina (40%), Rússia (16%), Colômbia (11,75%) e México (11%).