O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (26/6), que no momento o governo federal está analisando onde há gastos exagerados ou se realmente há necessidade de realizar cortes. A declaração do presidente ocorreu após ele ser questionado sobre qual medida econômica a administração federal irá adotar, visto que o governo está gastando mais do que arrecada.
Ao responder o questionamento, Lula discordou que o país tem gastado mais do que pode. "Se você pegar a média dos países da OCDE, eles gastam 113% do PIB. Se você pegar os Estados Unidos, 123% do PIB. Se você pegar a China, 83%. Se pegar o Japão, 237%. Se você pegar a França, é 112% e a Itália, 137%. E o Brasil é efetivamente 74%, 76%. Hoje está em 76%. Está muito aquém dos gastos que os outros países têm", disse Lula, em entrevista ao portal UOL.
O presidente ainda alegou que o país não costuma fazer políticas sociais, o que, segundo ele, explica os gastos do governo.
"O orçamento da União é um bolo de arrecadação, você tem que distribuí-lo. No Brasil, habitualmente, não se faz política social. E nós queremos fazer política de inclusão social que permita que as pessoas tenham a oportunidade de crescer. O que nós precisamos saber é o seguinte, o gasto está sendo bem feito? O dinheiro está sendo utilizado para alguma coisa que vai melhorar o futuro desse país? Eu acho que está. Nós, então, estamos agora fazendo uma análise aonde é que tem gasto exagerado, aonde é que tem gasto, sabe, que não deveria ter. Aonde é que tem pessoas que não deveriam receber, que estão recebendo. E isso com muita tranquilidade, sem levar em conta o nervosismo do mercado. Levando em conta a necessidade de você manter política de investimento. Se você tiver investido na educação, não tem jeito, você tem que contratar professores, funcionários. Você precisa fazer laboratórios, mais sala de aula, não tem jeito", pontuou.
- 'Gastar sem poder': Banco Central usa meme para mandar indireta ao governo
Ao ser questionado sobre possíveis cortes no governo, Lula que ainda disse que é preciso avaliar se eles são necessários ou se é preciso pensar em formas de aumentar a arrecadação. Ele citou como exemplo o impasse da desoneração da folha de pagamento de 17 setores. "Como a gente pode falar em gastos se a gente está abrindo mão de receber uma quantidade enorme de recursos que os empresários têm que pagar?", questionou.