IPCA

Inflação desacelera em BH, mas segue como uma das mais altas do Brasil

IBGE divulga IPCA de junho, e capital mineira aparece atrás apenas de Goiânia entre as regiões metropolitanas

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nessa quarta-feira (10/7) o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho. O número que mede a inflação oficial do país registrou uma desaceleração, também percebida em Belo Horizonte, embora a taxa da capital mineira siga como uma das mais altas do país com quase o dobro do indicador nacional. Nos últimos 12 meses, a cidade lidera entre as 16 regiões metropolitanas pesquisadas.

No cenário nacional, o índice foi de 0,21%, enquanto em BH, foi de 0,46%. Em maio, o IPCA do Brasil foi de 0,46% e o da capital mineira foi de 0,63%. Entre as 16 regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, Belo Horizonte só ficou atrás de Goiânia, que registrou inflação de 0,5% em junho. 

Nos últimos 12 meses, o acumulado da inflação belo-horizontina é de 5,23%, o maior do recorte feito pelo instituto e seguido por Brasília-DF e São Luís-MA, com 5,04%; Belém, com 4,8%; e Fortaleza, com 4,71%. 

Assim como no cenário nacional, a desaceleração da inflação na Grande BH foi influenciada pela queda do índice no setor de transportes. A maior discrepância entre o IPCA geral do Brasil e da capital mineira está no campo da habitação, que teve variação positiva de 0,44% no país e de 2,18% na cidade. Em grupos importantes como saúde e cuidados pessoais; alimentação e bebidas; e despesas pessoais, BH também teve aumento superior ao registrado no quadro brasileiro.

O IPCA mais alto em BH é uma constante que é observada regularmente. Os 5,23% registrados na capital mineira nos últimos 12 meses supera os 4,23% do Brasil no mesmo período. Para o membro efetivo do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), Gelton Pinto Coelho, Belo Horizonte reúne características de mercado que mantêm preços mais altos em setores chave da economia.

“No geral, a gente percebe uma diferença muito grande de preço por exemplo, no caso dos itens de alimentação que saem do Ceasa em relação ao ponto final de venda. Há uma semelhança com a questão da inflação inercial que afetou o país antes do do plano real, é um comportamento dos lojistas de repasse de preços, às vezes perdendo um pouco a coerência com com os preços de mercado. Nos artigos de residência, por exemplo, saúde e cuidados pessoais, vemos uma concentração muito forte de preços e a falta de uma dinâmica de concorrência”, afirmou.

O economista aponta que a tendência é que Belo Horizonte permaneça com um índice superior ao nacional. Ele ainda avalia que o aumento no preço dos combustíveis anunciado nesta semana pela Petrobras vai aumentar o IPCA do grupo de transportes, que deve ser balanceado por uma queda nos preços da alimentação já esperado para o mês de julho.

Além da concentração da oferta de mercado em Belo Horizonte, Gelton Pinto Coelho acredita que a retomada da geração de renda e criação de empregos na cidade permite que o mercado ofereça produtos a preços elevados sem uma queda no consumo. 

“Uma explicação para isso foi a retomada do emprego e da renda. Belo Horizonte, por ter uma economia mais forte e dinâmica, consegue manter um preço mais elevado e com oferta de produtos. Isso não acontece tanto em outras regiões mais carentes”, argumenta o economista. De acordo com dados do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), em março de 2024, Minas Gerais foi o segundo estado que mais gerou empregos no país e a capital teve o melhor saldo, com abertura de 5.351 vagas com carteira assinada.

Leia mais: Ministro de Minas e Energia elogia politica de preços da Petrobras

Cenário nacional

O resultado do IPCA de junho veio abaixo do esperado por analistas de mercado, que projetavam o índice acima de 0,30%. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em junho. O maior impacto foi da alimentação, cujos preços subiram 0,44%. Foram observadas altas nos preços da batata-inglesa (14,49%), leite longa vida (7,43%), café moído (3,03%) e arroz (2,25%). No lado das quedas, destacam-se a cenoura (-9,47%), a cebola (-7,49%) e as frutas (-2,62%). A alimentação fora do domicílio registrou alta de 0,37%, ante 0,50% no mês anterior. 

O segundo maior impacto em junho veio da saúde e cuidados pessoais, com variação de 0,54%. O grupo foi influenciado por uma alta de 1,69% de perfumes, além da subida de 0,37% dos planos de saúde. “Neste caso, decorre do reajuste de até 6,91% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 4 de junho, com vigência a partir de maio de 2024 e cujo ciclo se encerra em abril de 2025. Assim, no IPCA de junho, foram apropriadas as frações mensais relativas aos meses de maio e junho”, explica o gerente da pesquisa, André Almeida.

Nas últimas semanas, as expectativas para o IPCA em 2024 subiram em meio a fatores como a escalada do dólar e os reflexos das enchentes no Rio Grande do Sul. A catástrofe climática devastou plantações e prejudicou o escoamento de mercadorias no estado, que é o principal produtor de arroz no Brasil. Analistas do mercado financeiro projetam IPCA de 4,02% no acumulado de 2024, de acordo com a edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda-feira pelo Banco Central. A estimativa aumentou pela nona semana consecutiva. 

Outro possível fator de pressão sobre o índice oficial é o reajuste dos preços da gasolina e do gás de cozinha anunciado nesta semana pela Petrobras. O centro da meta de inflação perseguida pelo BC é de 3% neste ano. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos ou para mais. Isso significa que a meta será cumprida se o IPCA ficar no intervalo de 1,5% (piso) a 4,5% (teto) no acumulado de 12 meses até dezembro. Por ora, apesar do aumento das previsões, a maioria dos analistas projeta inflação abaixo do teto em 2024.

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