Em recuperação judicial, Americanas eleva capital em R$ 24,5 bilhões
Conselho de Administração homologou nesta quinta-feira (25/7) o aumento de capital, segundo comunicado da Comissão de Valores Mobiliários
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Siga noSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Conselho de Administração da Lojas Americanas homologou nesta quinta-feira (25/7) o aumento de capital da companhia, aprovado em uma assembleia geral extraordinária no dia 21 de maio, com montante total de emissão de R$ 24,46 bilhões, segundo comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
No início do ano, já havia sido anunciado no plano um aporte de R$ 12 bilhões dos acionistas de referência, o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.
Isso inclui dinheiro novo e conversão de empréstimos à varejista. De acordo com fontes, o trio já investiu R$ 2 bilhões via empréstimo DIP (devedor em posse, em tradução livre da sigla em inglês). O plano inicial também previa que os bancos converterão a maior parte da dívida em ações, se tornando sócios da varejista.
O aumento de capital considera a emissão de cerca de 18 bilhões de ações da companhia a um preço de R$ 1,30. No fim do pregão desta quinta-feira, as ações na Bolsa eram vendidas por R$ 0,76.
"O capital social da companhia passa a ser de R$ 39.918.251.652,38, representado por 19,718 bilhões de ações ordinárias, todas escriturais nominativas e sem valor nominal, de modo que, considerados os efeitos do grupamento, o capital social passará a ser representado por 197,185 milhões de ações ordinárias", segundo o comunicado.
Segundo outro comunicado feito pela empresa ao mercado anteriormente, o início da negociação das novas ações emitidas está previsto para sexta-feira (26).
Na assembleia, há três meses, os acionistas da varejista tinham aprovado um valor máximo de aumento de capital de R$ 40,7 bilhões.
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Na mesma data, acionistas também aprovaram o grupamento das ações ordinárias da empresa na proporção de 100 para 1, de acordo com o documento enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a ser efetivado no dia 26 de agosto.
Com o aumento de capital, a recuperação companhia vai caminhando para um desfecho. Até então, eram 902,5 milhões de ações em negociação. A expectativa é que o percentual nas mãos dos acionistas de referência passe, então, de 30,1% para 49,2%.
Os passos seguintes incluem o pagamento aos credores que venderam dívidas com desconto em um leilão em abril, a emissão de debêntures para saldar dívidas anteriores e o pagamento da dívida remanescente.
Pelas regras divulgadas anteriormente pela empresa ao mercado, ainda precisam ser observados eventuais restrições de acordo de "lock-up" --regra que obriga a empresa a ficar com as ações por determinado período.
Também segundo a companhia informou, 1.619 novas ações que seriam emitidas a três acionistas que subscreveram papéis no aumento de capital serão canceladas.
O valor de R$ 2.104,70 integralizado por eles será devolvido na próxima segunda-feira, dia 29 de julho.
No último dia 16, a companhia informou que uma investigação do comitê independente confirmou a fraude contábil que responsável por inconsistências no balanço patrimonial.
Essas inconsistências levaram ao pedido de recuperação judicial da empresa em janeiro de 2023.
Em um documento à CVM, a empresa disse que as evidências apresentadas pelo comitê confirmam a existência de fraude contábil.
"Essas conclusões seriam caracterizadas, principalmente, por lançamentos indevidos na conta Fornecedores, por meio de contratos fictícios de VPC (verbas de propaganda cooperada) e por operações financeiras conhecidas como 'risco sacado', dentre outras operações fraudulentas e incorretamente refletidas no balanço", escreveu.
As conclusões do comitê independente ainda não foram repassadas pela companhia às autoridades.
A Lojas Americanas foi fundada em 1929, na cidade de Niterói (RJ) por um grupo do qual faziam parte empresários norte-americanos.
Os bilionários Lemann, Telles e Sicupira adquiriram, mais tarde, uma fatia dominante na empresa.
A empresa vem tentando competir nos últimos anos com rivais mais agressivos na internet, como Mercado Livre, Magazine Luiza e, mais recentemente, com grupos asiáticos de peso, como Aliexpress, Shopee e Shein.