O presidente em exercício Geraldo Alckmin (PSB) chamou nesta terça-feira (9) o mercado de "estressado" e disse que o dólar subiu na última sem motivo. Para o vice-presidente, no entanto, a tendência é que o câmbio caia.
A moeda americana chegou a tocar a máxima de R$ 5,70 há uma semana, mas passou a recuar a partir de quinta-feira (5) após sinalizações positivas por parte do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que haveria cortes de gastos. O governo teve de reforçar a posição do presidente de preservação do arcabouço fiscal e anunciou um corte para 2025 de R$ 25,9 bilhões em despesas com benefícios sociais, que passarão por um pente-fino.
"Se olhar o tripé macroeconômico, o câmbio é flutuante. Do mesmo jeito que subiu, ele reduz. Ele tem oscilações e deve ser flutuante mesmo. Acredito que vai cair mais. A tendência é que caia mais. É que o mercado é estressado. Não tem nenhuma razão para ter ido no patamar que foi. A tendência é que ele caia", afirmou Alckmin.
"O presidente Lula deixou claro: tem o compromisso com arcabouço fiscal e tem o compromisso com déficit zero", completou.
Alckmin disse ainda ter confiança de que o juros vai cair e que não há razão para a Selic ser a segunda maior taxa básica de juros do mundo. Ele, no entanto, não citou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que tem sido alvo preferencial das queixas de Lula.
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O presidente tem assumido a dianteira nas críticas ao BC pela manutenção da taxa em 10,5%. Suas falas se intensificaram nas últimas semanas, o que contribuiu também para disparada do dólar, diante do temor de intervenção na política monetária ou de desrespeito às regras fiscais.
No último dia 2, quando o dólar bateu R$ 5,70, Lula disse que o Banco Central é uma instituição de estado e não pode estar a serviço do sistema financeiro. Ele também voltou a dizer que Campos Neto tem viés ideológico.
"A gente precisa manter o Banco Central funcionando de forma correta, com autonomia, para que seu presidente não fique vulnerável às pressões políticas. Se você é democrata, permite que isso aconteça. Quando é autoritário você resolve fazer com que o mercado se apodere da instituição", afirmou Lula em entrevista à rádio Sociedade da Bahia. "O Banco Central é uma instituição do estado, não pode estar a serviço do sistema financeiro, do mercado", disse o presidente.
Como mostrou a Folha, auxiliares do presidente já vinham defendendo moderação em suas falas para evitar um agravamento ainda maior do quado econômico. A alta prolongada do dólar poderia impactar a inflação e afetar as perspectivas de queda da Selic.