RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Americanas se agarra ao varejo físico, mas ainda vai fechar lojas

Crise de confiança no ecommerce tem levado a empresa, em recuperação judicial, a apostar nas vendas físicas para se manter no mercado

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma companhia menor, essencialmente do varejo físico, com venda de guloseimas, cosméticos, utilidades domésticas e brinquedos como carro-chefe, que deve continuar encolhendo pelo menos até o final de 2025. Em 2026, talvez, saia da recuperação judicial.

Este foi o quadro pintado para a Lojas Americanas em apresentação feita na manhã desta quinta-feira (15/8) pelo presidente da companhia, Leonardo Coelho, e pela diretora financeira e de relações com investidores, Camille Faria, que comentaram os balanços do último trimestre de 2023 e dos primeiros seis meses de 2024 da companhia, divulgados na noite desta quarta (14).

A empresa, em recuperação judicial desde janeiro de 2023, após vir à tona uma fraude contábil de R$ 25,3 bilhões, registrou um prejuízo de R$ 2,3 bilhões no ano passado, bem inferior às perdas de R$ 12,2 bilhões de 2022. Nos primeiros seis meses deste ano, o prejuízo somou R$ 1,4 bilhão, um recuo de 53% sobre as perdas verificadas de janeiro a junho de 2023, da ordem de R$ 3,2 bilhões.

Entre os fatores que estancaram a crise, segundo Leonardo Coelho, está a melhora do mix e da distribuição de produtos nas lojas físicas, assim como a negociação cada vez mais próxima com fornecedores, para garantir preços baixos. "Passamos ter o produto certo, na loja certa, no momento certo, o que diminuiu a ruptura", disse o executivo, referindo-se à falta de produtos nas gôndolas, um problema verificado no início da recuperação judicial.

"O varejo físico começa a se consolidar como o coração da Americanas", disse Coelho, uma vez que 71% das vendas brutas se concentraram nas lojas físicas no primeiro semestre. Em 2022, esse percentual era de 34%, uma vez que a Americanas era uma varejista majoritariamente online em faturamento, com 59% das vendas no digital.

No ano passado, as vendas no canal digital caíram mais de 75%, em função da "crise de credibilidade" que se abateu tanto sobre consumidores quanto sobre "sellers", os varejistas que oferecem seus produtos no marketplace e pagam uma comissão à Americanas, disse Coelho. "Uma coisa é você comprar na loja, colocar o produto debaixo do braço, passar no caixa e levar o seu produto para casa. Uma outra que envolve um grau maior de confiança, quando você pela pela plataforma digital e espera receber em casa", afirmou.

O executivo disse, porém, que o principal motivo para a queda nas vendas do digital foi porque a empresa decidiu descontinuar a operação chamada de "1P", que consiste na compra de produtos para venda no site, uma vez que a atividade demandava muito capital de giro. Dessa forma, a Americanas deixou site e aplicativo apenas como marketplace, oferecendo produtos de terceiros.

Apesar de as lojas passarem a ter um papel de destaque na nova fase da Americanas, o enxugamento do tamanho da rede ainda não acabou. O primeiro semestre deste ano encerrou com 1.622 lojas, uma queda de 10% sore as 1.803 existentes antes da recuperação judicial. "Devemos fechar lojas, não muitas, mas todas as que forem necessárias, que não sejam rentáveis", afirmou Coelho.

Mas disse que a empresa também pode abrir pontos de vendas. "Mas o saldo [entre aberturas e fechamentos] ainda deve ser negativo pelos próximos 12 a 15 meses", afirmou.

Questionada sobre o fim da recuperação judicial, Camille Faria afirmou que isso não deve acontecer "antes do início de 2026". "Estamos agora em supervisão judicial. Em geral, o juízo acompanha a execução do plano por mais ou menos dois anos, a partir da sua homologação", afirmou.

Segundo a executiva, a varejista já executou "a maior parte do nosso plano nos últimos seis meses", e a empresa poderia tentar antecipar a saída da recuperação judicial. "Mas existe a obrigatoriedade de conduzir o processo organizado de venda para HNT [Hortifruti Natural da Terra] e Unico na forma de UPI [Unidade Produtiva Isolada], o que só acontece se a companhia ainda estiver em supervisão judicial".

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma companhia menor, essencialmente do varejo físico, com venda de guloseimas, cosméticos, utilidades domésticas e brinquedos como carro-chefe, que deve continuar encolhendo pelo menos até o final de 2025. Em 2026, talvez, saia da recuperação judicial.

Este foi o quadro pintado para a Lojas Americanas em apresentação feita na manhã desta quinta-feira (15/8) pelo presidente da companhia, Leonardo Coelho, e pela diretora financeira e de relações com investidores, Camille Faria, que comentaram os balanços do último trimestre de 2023 e dos primeiros seis meses de 2024 da companhia, divulgados na noite desta quarta (14).

A empresa, em recuperação judicial desde janeiro de 2023, após vir à tona uma fraude contábil de R$ 25,3 bilhões, registrou um prejuízo de R$ 2,3 bilhões no ano passado, bem inferior às perdas de R$ 12,2 bilhões de 2022. Nos primeiros seis meses deste ano, o prejuízo somou R$ 1,4 bilhão, um recuo de 53% sobre as perdas verificadas de janeiro a junho de 2023, da ordem de R$ 3,2 bilhões.

Entre os fatores que estancaram a crise, segundo Leonardo Coelho, está a melhora do mix e da distribuição de produtos nas lojas físicas, assim como a negociação cada vez mais próxima com fornecedores, para garantir preços baixos. "Passamos ter o produto certo, na loja certa, no momento certo, o que diminuiu a ruptura", disse o executivo, referindo-se à falta de produtos nas gôndolas, um problema verificado no início da recuperação judicial.

"O varejo físico começa a se consolidar como o coração da Americanas", disse Coelho, uma vez que 71% das vendas brutas se concentraram nas lojas físicas no primeiro semestre. Em 2022, esse percentual era de 34%, uma vez que a Americanas era uma varejista majoritariamente online em faturamento, com 59% das vendas no digital.

No ano passado, as vendas no canal digital caíram mais de 75%, em função da "crise de credibilidade" que se abateu tanto sobre consumidores quanto sobre "sellers", os varejistas que oferecem seus produtos no marketplace e pagam uma comissão à Americanas, disse Coelho. "Uma coisa é você comprar na loja, colocar o produto debaixo do braço, passar no caixa e levar o seu produto para casa. Uma outra que envolve um grau maior de confiança, quando você pela pela plataforma digital e espera receber em casa", afirmou.

O executivo disse, porém, que o principal motivo para a queda nas vendas do digital foi porque a empresa decidiu descontinuar a operação chamada de "1P", que consiste na compra de produtos para venda no site, uma vez que a atividade demandava muito capital de giro. Dessa forma, a Americanas deixou site e aplicativo apenas como marketplace, oferecendo produtos de terceiros.

Apesar de as lojas passarem a ter um papel de destaque na nova fase da Americanas, o enxugamento do tamanho da rede ainda não acabou. O primeiro semestre deste ano encerrou com 1.622 lojas, uma queda de 10% sore as 1.803 existentes antes da recuperação judicial. "Devemos fechar lojas, não muitas, mas todas as que forem necessárias, que não sejam rentáveis", afirmou Coelho.

Mas disse que a empresa também pode abrir pontos de vendas. "Mas o saldo [entre aberturas e fechamentos] ainda deve ser negativo pelos próximos 12 a 15 meses", afirmou.

Questionada sobre o fim da recuperação judicial, Camille Faria afirmou que isso não deve acontecer "antes do início de 2026". "Estamos agora em supervisão judicial. Em geral, o juízo acompanha a execução do plano por mais ou menos dois anos, a partir da sua homologação", afirmou.

Segundo a executiva, a varejista já executou "a maior parte do nosso plano nos últimos seis meses", e a empresa poderia tentar antecipar a saída da recuperação judicial. "Mas existe a obrigatoriedade de conduzir o processo organizado de venda para HNT [Hortifruti Natural da Terra] e Unico na forma de UPI [Unidade Produtiva Isolada], o que só acontece se a companhia ainda estiver em supervisão judicial".

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