Os recentes problemas ocorridos com aeronaves que fazem voos regionais no Brasil, como a tragédia da queda do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, em 9 de agosto, deixando 62 mortos, aumentou a preocupação sobre as condições de modelos utilizados em voos de curta ou média distância e duração, em que normalmente são usadas aeronaves de pequeno porte, e as rotas que eles fazem.
O voo partiu de Cascavel, no interior do Paraná, e tinha como destino Guarulhos. O acidente ocorreu a poucos quilômetros do destino. O modelo ATR 72 tinha capacidade para 68 passageiros e, segundo alegou a companhia, passou por manutenção de rotina na véspera do acidente. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), informou que o avião tinha autorização para viajar.
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Minas Gerais conta com 11 aeroportos federais, sendo alguns concedidos à iniciativa privada e outros controlados pela Infraero, além de cerca de 40 aeroportos municipais, espalhados por todas as regiões do estado. O relatório de demanda e oferta, divulgado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), aponta que, em 2023, mais de 4 milhões de pessoas chegaram e partiram do estado.
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Já os voos que decolaram e pousaram apenas em território mineiro levaram quase 580 mil pessoas no ano passado. A quase totalidade das rotas operadas foram realizadas pela Azul Linhas Aéreas Brasileiras ou pelo braço da empresa, a Azul Conecta, que realiza voos regionais. A companhia foi responsável por 12.055 das 12.073 decolagens, o que equivale a 99,85%.
A Azul opera em 14 cidades de Minas Gerais e, a partir de novembro, voltará a fazer o trajeto de Divinópolis a Belo Horizonte. A companhia faz viagens para mais de 70 destinos, contando aviação regional, nacional e internacional. Ao ser questionada pelo Estado de Minas, a empresa afirmou que a idade média das suas aeronaves é de 7,6 anos.
A frota que atua na aviação regional no estado é formada majoritariamente pelos modelos Cessna Grand Caravan, ATR 72-600, Embraer E2 e E1, que podem carregar de nove a cerca de 100 pessoas por viagem.
Os voos que decolaram e pousaram apenas em território mineiro, levaram quase 580 mil pessoas no ano passado. A quase totalidade dos voos foram realizadas pela Azul Linhas Aéreas Brasileiras, ou pelo braço da empresa, a Azul Conecta LTDA, que é responsável pela realização de voos regionais, sendo responsável por 12.055 das 12.073 decolagens, o que equivale a 99,85%.
Sem resposta
Os outros 0,15% são de responsabilidade da Gol, Sideral Linhas Aéreas, Voepass e TAM, que contam respectivamente com 8, 5, 3 e 2 dos voos.
A Passaredo –antigo nome da Voepass – foi responsável, em 2023, por 1.078 voos saindo do interior de Minas Gerais. Entre elas destacam-se as rotas que ligam São Paulo a Santana do Paraíso/Ipatinga (343 decolagens), Goianá/Rio Doce (240), Montes Claros (165) e Uberaba (87). A empresa também faz todas as rotas de Uberlândia a Brasília (84) e Salvador a Montes Claros (65).
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As rotas mais comuns em território estadual foram as que ligam o aeroporto de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, às cidades de Uberlândia, Santana do Paraíso/Ipatinga, Montes Claros e Governador Valadares, que correspondem a mais de 90% das partidas e chegadas.
Procurada pelo Estado de Minas, a Voepass não deu informações sobre os modelos da companhia que fazem as operações no estado e a idade da frota.
Falhas frequentes
A aeronave da Voepass, que caiu 4 mil metros em movimento espiralado em aproximadamente um minuto e explodiu ao atingir o solo de um condomínio em Vinhedo, ainda está sendo alvo de perícia.
O presidente da empresa, o comandante José Luiz Felício Filho, afirmou que a companhia adota práticas internacionais de segurança e que está empenhada em garantir assistências irrestritas aos parentes das vítimas.
O avião que caiu no interior paulista já havia apresentado falhas em ao menos outras duas oportunidades e chegou a ficar alguns períodos em manutenção antes da tragédia.
A Secretaria Nacional do Consumidor, atrelada ao Ministério da Justiça, deu um prazo de dois dias para que a empresa informasse as condições de seus aviões, como modelos, anos de fabricação e periodicidade de revisões.
A aeronave tinha uma autorização provisória da Anac para que as caixas-pretas registrassem menos dados do que o que era exigido pela legislação.
As regras determinam que o equipamento, que não afeta o funcionamento regular do avião, colete 91 parâmetros do Flight data record (FDR), mas oito deles não foram gravados. O FDR registra informações como altitude, velocidade, posição das alavancas, botões que estavam acionados e outros dados técnicos.
Susto no Triângulo
Seis dias após a tragédia, uma outra aeronave da companhia, uma ATR 72-500, precisou realizar um pouso não planejado, na quinta-feira (15/8), em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, por suposta pane elétrica.
A aeronave saiu de Rio Verde, no interior de Goiás, e tinha como destino final Guarulhos, mas teve que pousar em Minas Gerais. A empresa alegou que ocorreu um “transiente elétrico”, que seria um pico temporário de energia, e que os 38 passageiros foram reacomodados e seguiram o destino.