Andreas Blazoudakis, fundador do Ifood, apresenta nesta sexta-feira (6/9) em Belo Horizonte uma nova forma de comprar e investir em imóveis. O especialista em inovação é CEO Netspaces, uma plataforma para promover a “Tokenização Imobiliária”. Mas, se esse tema geralmente afasta o comprador ou investidor com perfil mais tradicional, a empresa “desenhou” um formato que une a conveniência de uma transação digital com a confiabilidade do registro do imóvel em um cartório.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
A empresa foi fundada em 2021 com o entendimento de que o Brasil possui um bom sistema registral (tabelionatos e cartórios de registros), com 160 anos de tradição. “Não é por causa do blockchain (meio de registro digital de transações entre pessoas sem intermediários) que o sistema registral vai deixar de existir. Então, a gente partiu da premissa que teríamos que fazer uma inovação que respeitasse o sistema registral e não o substituísse”, explica o CEO da Netspaces.
Assim, foi desenvolvido um método para “tokenizar” a matrícula de um imóvel no cartório. Um token - código que identifica uma propriedade - é colocado na última página da matrícula, formando um elo bidirecional: a matrícula mencionando o token, e o token mencionando a matrícula. Para proteger essa inovação, as relações jurídicas foram asseguradas tendo como base o Código Civil. Assim, juridicamente o processo está perfeito.
Por fim, um regulamento de propriedade digital equipara, através de artigos jurídicos, todos os direitos que um proprietário civil tem - vender, onerar, dar em garantia, locar, fruir, fracionar, etc - ao proprietário do token. Com isso, seu proprietário também tem deveres: pagar condomínio, pagar IPTU, etc. Esse token é armazenado na carteira digital do proprietário, disponível pelo smartphone, que passa a poder comprar, vender, enfim, consegue fazer tudo o que se faz no mundo analógico, mas, em vez de demorar 30 dias, isso pode ser feito em 30 segundos.
A tokenização imobiliária permite uma flexibilidade que não se tem no sistema convencional de compra de imóveis. Dos 30 mil clientes da Netspaces, mais de 20 mil possuem uma pequena fração de imóveis, não sendo, portanto, necessário juntar todo o dinheiro para uma unidade completa. Para testar o sistema, um imóvel em Porto Alegre (RS) tem nada menos que 9 mil proprietários.
Esse modelo pode ser muito favorável, por exemplo, para trabalhadores autônomos sem estabilidade, que dificilmente passariam em um processo de análise de crédito. Nesse sentido, é possível investir o dinheiro guardado em 20% de um apartamento e morar nele com esse percentual de desconto no aluguel. Também é possível pagar três anos de um contrato sem perder o dinheiro investido. Nesse caso, se decidir sair do apartamento, esse proprietário ainda terá a renda do aluguel na porcentagem adquirida.
- ONS corrige dados e Aneel 'baixa' bandeira vermelha da conta de luz
- Ex-funcionário do X diz que equipe não recebeu FGTS após fim do escritório
- 'Fisco tem desafio em tributar bets', afirma secretário da Receita
Diferentemente da grande maioria das criptomoedas, como o Bitcoin, a tokenização imobiliária é considerada um criptoativo, já que possui lastro real, um imóvel ou parte dele. Enquanto as criptomoedas fazem parte de um mercado especulativo de oferta e demanda, que sobe e desce, os criptoativos são feitos para representar um valor de algo que está no mundo real para no mundo eletrônico. Na visão de Andreas Blazoudakis, a tokenização imobiliária pode ser tanto uma reserva de moradia quanto um investimento, mas um investimento imobiliário.
De acordo com o CEO da Netspaces, a tokenização é um assunto que vem sendo difundido no mundo inteiro. No Brasil o cenário não é diferente, onde o Drex (o real digital) está em pleno desenvolvimento. Na última quarta-feira (4/9), o Banco Central publicou 13 novos casos de uso em que o Drex poderá ser usado na transação, onde um deles são os imóveis, um pedido da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil.
O meio da internet destinado à transmissão de propriedades sem intermediários, conhecido como Web 3, o mesmo das criptomoedas e do Bitcoin, funciona há cerca de dez anos. Ainda assim, o potencial desse mercado é grande em todo o mundo. De acordo com Andreas, até hoje a internet penetrou apenas cerca de 5% do PIB de todas as nações. Isso porque o processo foi acelerado pelo Covid-19. No entanto, conforme previsão do Boston Consulting Group, até 2030, ou seja, daqui a seis anos, 16 trilhões de dólares estarão tokenizados em ativos digitais, onde os imóveis são os principais (entre 70% e 80%), o que vai corresponder a 10% do PIB das nações. Ou seja, em seis anos vai ser o dobro da internet em 35 anos.
Serviço
"Tokenização imobiliária", com o palestrante Andrea Blazoudakis, CEO Netspaces e fundador do Ifood
Data: Sexta-feira, 6/9
Local: CMI/Secovi-MG - Rua Sergipe, 1.000, Savassi
Horário: 9h