Varejo classifica as bets e os sites internacionais como 'inimigos ocultos'
Declaração foi dada por Nadim Donato, presidente do sistema Fecomércio MG, na abertura do Inova Varejo 2024
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Siga noA falta de uma regulamentação adequada das bets (empresas de apostas eletrônicas) e a taxação injusta dos sites internacionais foram classificados como inimigos ocultos da economia brasileira, segundo Nadim Donato, presidente do sistema Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG). O alerta foi dado nesta sexta-feira (4/10), na abertura da segunda edição do Inova Varejo, evento voltado para o varejo com palestras, workshops e debates voltados para empresários do comércio.
“Além de discutir como a economia vai se comportar, queremos discutir esses inimigos ocultos que estão atrapalhando o trabalho do comércio de bens, serviços e turismo através do desemprego e da evasão de recursos que deveriam ficar aqui e hoje estão indo para fora do país”, disse Donato na abertura do Inova Varejo 2024.
Para o presidente do sistema Fecomércio MG, a relação entre as bets e o varejo pode ser constatada analisando a redução do desemprego – hoje são de 6,7% a 7% de desempregados no Brasil, que, na visão de Donato, é um número fantástico – e o aumento do endividamento. “Os recursos estão saindo, indo para fora, não estão gerando trabalho, não estão gerando imposto, não está circulando dinheiro. Então a gente começa a perder recursos aqui. Nós entendemos que a regulamentação das bets tem que ser urgente, para que traga essas empresas para dentro do país e gerem empregos e impostos”, explicou.
Outro ponto destacado por Nadim Donato é o imposto pago pelos sites de compras internacionais. A reivindicação é que o imposto de importação das mercadorias vindas via sites estrangeiros aumente de 20% para 60%. “É só um equilíbrio, ninguém está querendo deixar de pagar imposto. Nós estamos querendo um equilíbrio entre quem está aqui trabalhando, gastando e comprando no país e quem está fora, sem deixar nada aqui dentro”, defendeu o presidente do sistema Fecomércio MG.
O desejo do setor é que o governo regulamente melhor essas atividades. A ideia é montar as bets no Brasil para gerar impostos e empregos. Quanto aos sites de compras internacionais, Donato explica que o comércio compra mercadorias internacionais com imposto de comunicação entre 60% e 104%, enquanto os sites internacionais pagam 20%. Ele também comentou sobre o uso massivo de recursos do Programa Bolsa Família em apostas eletrônica: “Em vez de estar ajudando as pessoas, principalmente em Alimentação e Saúde, esse recurso está sendo tirado de dentro do país”.
Varejo se recupera das perdas da Covid-19
De acordo com o presidente do sistema Fecomércio MG, o varejo vai fechar 2024 com um crescimento de aproximadamente 6%, recuperando as perdas da época da Covid-19. “É um número muito expressivo. É lógico que alguns setores estão sofrendo um pouco mais, mas, acho que na hora que começar a reduzir o desemprego e melhorar a renda do trabalhador, você começa a 'girar' melhor e com isso você tem um crescimento. Com isso, a nossa perspectiva para 2025 é muito melhor que 2024”, analisou.
Apoio ao empreendedor
Para Nadim Donato, uma das principais missões do Inova Varejo é divulgar os braços de conhecimento do sistema Fecomércio MG, como os cursos gratuitos. “Se alguém quer se tornar cabeleireiro, por exemplo, pode contar com o apoio do Sesc (Serviço Social do Comércio) e do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), que são os nossos braço sociais que vão tratar a questão técnica. Depois, para montar a empresa, pode contar com o apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). A Federação do Comércio pode tratar toda a questão jurídica. Temos todo esse arcabouço para ajudar a empreender”, explicou.
O economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), corroborou da necessidade de melhorar a capacitação dos funcionários e empreendedores: “O mercado de trabalho está mudando, por isso a aprendizagem é necessária para aumentar a produtividade”.
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Protecionismo de mercado é tendência mundial
O economista Paulo Guedes, ex-ministro da Economia, participou da abertura do Inova Varejo 2024 com um panorama do cenário econômico e político internacional e como ele pode influenciar o varejo. Ele destacou uma tendência de aumento do protecionismo dos mercados por meio de barreiras comerciais e apostou que os vários conflitos bélicos em curso no mundo não devem alcançar uma escala global.