Já ouviu falar de Pintópolis? Trata-se de um município localizado na Região Norte de Minas Gerais, a uma distância de aproximadamente 590 quilômetros de Belo Horizonte. De acordo com o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população, em 2022, era de 7.084 habitantes. Essa bucólica localidade foi a escolhida para receber uma usina de energia solar, com capacidade de gerar 142 megawatts (MW) de maneira contínua, que seriam suficientes para energizar 120 mil residências. Ainda não há previsão para que a estrutura entre em operação, tampouco para o começo das obras.
A implantação será feita pela norueguesa Scatec, que, para tal, investirá, inicialmente, cerca de R$ 350 milhões, mas o montante pode chegar à cifra de R$ 500 milhões. Durante o pico da construção da usina fotovoltaica, cerca de 500 empregos diretos devem ser gerados, de acordo com Terje Pilskog, CEO da empresa.
As placas solares, equipamentos-chave para a geração de energia elétrica, serão importadas, mas o executivo explica que estruturas de aço e outros equipamentos, como o cabeamento, podem ser produzidos no Brasil, o que também contribuiria para a economia local. O empreendimento ainda demandará uma conexão com a rede de distribuição, de modo a levar a energia elétrica até o destino.
A maior parte da eletricidade que será gerada na usina do Norte de Minas tem um cliente definido: a empresa de energia Statkraft, também de origem norueguesa, cuja sede brasileira está localizada em Florianópolis (SC), que deverá ficar com até 65% da produção. O contrato, válido para os próximos dez anos, já estabeleceu as tarifas.
A instalação da planta em Pintópolis, aliás, está relacionada ao destino da eletricidade. "A base do projeto é se adaptar às necessidades do cliente para gerar energia. É esse tipo de combinação que é importante", explica Pilskog. No entanto, o dirigente também salienta o potencial energético da região. "É um bom estado para continuarmos crescendo no Brasil", opina.
Excedente
O plano da Scatec é vender o excedente, que responderia por algo em torno de 35% da produção da usina, no mercado livre de energia. O executivo, inclusive, vê grande potencial para esse segmento no país e se diz confortável com as tarifas praticadas atualmente. "Acreditamos que, no futuro, haverá enorme desenvolvimento econômico no Brasil", avalia o executivo. "A expectativa é que, com a energia renovável, surjam muitas novas oportunidades", acrescenta.
É justamente esse otimismo, ainda de acordo com o CEO, que fez a Scatec assumir, sozinha, a empreitada no Norte de Minas. Nesse ponto, cabe destacar que a empresa norueguesa já opera usinas solares em outros estados do país, mas sempre associada a parceiros. "Desenvolvemos uma estrutura muito sólida no Brasil, onde temos 120 funcionários. Acreditamos que, agora, somos capazes de caminhar sozinhos", afirma Pilskog.
Apesar disso, o dirigente pondera que novos empreendimentos na área de energia renovável podem vir a contar com a participação de parceiros, dependendo das possibilidades que, eventualmente, surjam no futuro. "Podem tanto ser parceiros nacionais, brasileiros, quanto parceiros internacionais", antevê Pilskog.
Como são as operações da Scatec?
Sediada em Oslo, na Noruega, a Scatec foi fundada em 2007, já com foco no segmento de energia renovável. A empresa atua em países da Europa e também tem investido nos chamados mercados emergentes, entre os quais Índia, África do Sul e próprio Brasil. Atualmente, a capacidade global de produção da multinacional chega a 4,8 gigawatts. Além da geração solar de eletricidade, a multinacional atua, ainda, em projetos de energia eólica onshore, hidrelétrica, armazenamento em baterias e hidrogênio verde.
A Scatec começou a atuar no Brasil em 2015. A usina de Pintópolis, no Norte de Minas, será a terceira operada pela empresa no país: as outras duas estão situadas em Apodi, no município de Quixeré (CE), e em Mendubim, na cidade de Assu (RN). Atualmente, a capacidade instalada no país atinge 700 MW. Além das plantas de produção solar, Pilskog afirma que existe uma perspectiva de trazer, também, as tecnologias de produção de hidrogênio verde e de estocagem de energia para o mercado local.
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