A Black Friday 2024 está agitando o varejo de Belo Horizonte. Um dos pontos que mais concentram consumidores é um trecho da Rua Curitiba, na Região Central da capital, que reúne várias lojas de eletrodomésticos, uma das categorias de produtos mais procuradas.
“Vim de loja em loja pesquisando as melhores condições. Moro no Bairro Nacional, na avenida Abílio Machado tem boas lojas, mas aqui eu tenho mais recursos”, disse Luiz Carlos Lima, de 59 anos, explicando sua estratégia de comparação de preços. Ele e sua esposa estavam carregando um televisor de 55 polegadas. O eletricista comprou a TV por R$ 2.229 e garantiu economizou, já que o preço do produto era de aproximadamente R$ 2.800. Ele optou pelo pagamento em dez vezes sem juros e conta que, se tivesse pagado à vista, ainda teria mais R$ 200 de desconto. “O melhor dia para comprar é o da Black Friday mesmo”, garante.
Quem estava um pouco decepcionada com a Black Friday 2024 foi Fátima Barbosa, de 48 anos. A cuidadora de idosos estava procurando uma geladeira para dar ao filho e à nora, que se casam em janeiro. ”Não estou achando muita vantagem, achei pouco o desconto. Não é o que se espera da Black Friday”, declarou. Ela até achou a geladeira pelo preço que esperava, por R$ 3.500, mas esse valor teria que ser à vista. “Meu plano era dividir em dez vezes, porque ‘aperta’ menos no bolso, mas aí acrescenta R$ 300. Isso faz muita diferença. Vou dar uma olhada em outras lojas e no site”, explica Fátima, que ainda estava começando a comparar preços.
O enfermeiro Walisson Araújo usou a primeira parcela do 13º salário para comprar um televisor de 50 polegadas. O preço normal do produto é de aproximadamente R$ 3.000, mas ele pagou à vista R$ 2.400. A aposentada Leda de Andrade, de 82 anos, disse que comprou a máquina de lavar que precisava com R$ 400 de desconto, e ainda parcelou de 12 vezes sem juros. Já a doméstica Silvia Regina Paulo de Faria, de 45, estava pesquisando dois itens, uma escova de cabelo elétrica e um micro-ondas. “A escova está com preço bom, geralmente custa R$ 129 e aqui está por R$ 90. O forno eu ainda vou ver, estava custando cerca de R$ 500, e eu quero comprar por R$ 300”, explicou.
Oportunidades além do varejo
O movimento da Black Friday não contribui apenas com o varejo. A ambulante Clemildes Maria Arcanjo, de 89, avaliou que o movimento na Rua Carijós por volta das 10h estava acima da média, e que, baseado nos anos anteriores, isso costuma aumentar significativamente suas vendas. O taxista Oliveira Augusto, de 57, conta que o movimento à tarde costuma ser maior. “Para a gente, aumenta o movimento. Levar uma televisão, um micro-ondas pesado”, falou.
Para o locutor Wilson Avelino dos Santos, de 37, na Black Friday existe um fluxo maior de trabalho. “Como a movimentação é maior, nosso ânimo, atitude e energia têm que ser maiores para chamar a atenção de quem está passando. Minha preparação passa por ter o máximo de conhecimento possível para entregar um trabalho de excelência. Para isso, leio o encarte do local de trabalho, converso com o gerente e busco informações sobre o produto e as promoções”, explicou.
Metas ambiciosas nas lojas físicas
Na loja das Casas Bahia da rua Curitiba, a ordem do dia é faturar cinco vezes mais que em um dia comum. “Nossa venda diária está na faixa de R$ 120 mil, e queremos chegar a R$ 600 mil, disse Faimo Rodrigues, gerente da loja. A estratégia principal para alcançar o crescimento de 20% em relação à última Black Friday são as ofertas, além da ampliação do horário de funcionamento para atender a todo o público. Dentre as vantagens de comprar em uma loja física, Faimo lista o calor humano, o atendimento e o fato de que o cliente já sai com o produto na mão.
Leia Mais
Já a missão de Marcelo Vinícius, gerente do Ponto Frio, é de vender dez vezes mais que em um dia normal. Além das ações de preço junto à indústria, as ações para atrair os clientes envolvem oferecer brindes, cashback e degustação de pipoca, energético e batata frita. Ele considera que as melhores oportunidades estão em telefonia e televisores.
Shopping terá ação especial
Os shoppings também trabalham com ações especiais. O Boulevard Shopping terá horário estendido de hoje (funcionando até as 23h) a domingo (nos fins de semana, o horário de funcionamento será das 11h às 21h) e disponibilizou em seu site uma vitrine virtual com as principais ofertas dos lojistas. Neste ano, o Carrefour está funcionando de forma ininterrupta, tendo aberto as portas às 8h de quinta-feira (28/11) e só fecha à meia-noite.
Nesta manhã de sexta-feira, as lojas mais cheias do Boulevard Shopping eram as de maquiagem e afins. A promoção em que o cliente que levar seis itens não paga pelos três mais baratos gerou uma longa fila em frente à Kiko Milano. A ação foi tão atraente que, após comprar seis produtos nessa quarta-feira, a estudante de medicina Isabela Duarte, de 20, voltou à loja nessa quinta e enfrentou 30 minutos de fila só para comprar os mesmo itens para sua mãe. “Está valendo a pena, vou renovar tudo. Comprar um de cada, de tudo que precisa”, avaliou. Para se organizar, Isabela fez uma lista de tudo que precisava para, quando chegar à loja, não ficar muito perdida.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
A Sephora também estava cheia de clientes. Marcos Pedro Souza Santos, de 32, supervisor da loja, conta que espera para esse fim de semana um aumento de 30% no fluxo de clientes e crescimento nas vendas acima de 70%. A principal ação da loja foi o desconto de 20% em todos os itens, além de ter caprichado no estoque das principais categorias que os clientes procuram: maquiagem, perfumaria e skincare em geral. Clarissa Ferraz também aproveitou a Black Friday para repor o estoque de maquiagens e produtos de cabelo. Ela conta que se planejou financeiramente para o evento, já que prefere pagar à vista, e calculou que deve gastar entre R$ 600 e R$ 700, mas esses produtos devem durar seis meses.