Seja para vivenciar a experiência e se preparar com mais calma, ou quando é mesmo para valer, em 2023 quase 4 milhões de estudantes se inscreveram para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Foram 9.396 locais de prova, distribuídos em 1.750 municípios em todos os estados e no Distrito Federal. Tudo o que alimenta o sonho de ingressar em um curso superior e ter uma profissão, sem precisar despender tanto dinheiro para isso.

Lavínia Souza, de 18 anos, foi a segunda a deixar o local de prova, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MINAS), na tarde deste domingo (12/11). No primeiro dia do Enem, levou 5 horas e 45 minutos para concluir o exame e, agora, bateu o próprio recorde - saiu após duas horas e meia. Ela disse que o nível do teste estava razoável - nem tão fácil, nem tão difícil. E conta que não teve nenhum conteúdo que a surpreendeu, seguindo em grande parte os assuntos para os quais havia estudado e estava preparada.

Lavínia Souza quer ingressar no curso de fisioterapia na UFMG. Ela foi a segunda a deixar a sala de prova na PUC-Minas, em BH

Joana Gontijo/EM/D.A Press



Lavínia deseja cursar fisioterapia na UFMG, e essa é a primeira tentativa no Enem. Para ela, seu desempenho foi melhor no domingo anterior (5/11). Ela diz ter mais facilidade em português, mas nem tanto em matemática. "Em matemática, sou um desastre", brinca. A maior dificuldade foi mesmo o calor. "Tinha ventilador, mas mesmo assim a sala estava muito quente. Minha pressão caiu", relata.

Já Gustavo Henrique Santos Oliveira, de 19 anos, quer ingressar em Direito na UFMG. Essa é a segunda vez que faz o Enem - no último ano, não conseguiu a aprovação. "No primeiro dia fui bem, hoje nem tanto. Não sei se vou conseguir. Estou mais ou menos confiante", declara.

Gustavo Henrique Santos Oliveira está inseguro com o resultado da prova desse domingo. Para ele, o anterior foi melhor

Joana Gontijo/EM/D.A Press

Stephanie Cristina, de 19, faz o exame pela primeira vez. Mira medicina veterinária na UFMG e considera que a prova do último domingo foi mais fácil. "Consegui chutar mais, hoje nem sabia o que o chutar", diz, descontraída. A estudante conta que se sai melhor em matemática, português e geografia, e não vai muito bem em química e física. "Acho que fui péssima hoje. Porém, não fico frustrada nem decepcionada. Fiz o que eu podia. Se não der, continuo tentando. Mas é um alívio isso tudo terminar."

Stephanie Cristina diz que, ainda que não consiga a aprovação, não se decepciona. "Fiz o que podia"

Joana Gontijo/EM/D.A Press

Diretora pedagógica do Determinante, curso pré-vestibular preparatório para o Enem e colégio de Ensino Médio, Camila Ferreira diz que, pensando no exame deste ano, nem sempre é uma prova que entra no que a escola pública vem trabalhando e dá conta de fazer. "Mas, considerando o processo de aprendizagem, foi uma boa prova", pondera.

Professor de matemática e física do Determinante, Renato Ribeiro lembra que o Enem é o único acesso às escolas públicas federais existentes no Brasil. A aprovação permite estudar em federais no país inteiro e até no exterior - nos Estados Unidos e em Portugal, por exemplo, algumas faculdades aceitam o Enem - além da possibilidade de conseguir bolsas em universidades particulares e ter acesso ao Fies e Prouni, para alunos de escolas públicas, cita o professor.

"O Enem é de suma importância para o aluno que deseja estudar em uma universidade federal. É a fonte de acesso, e a gente sabe que, quando um aluno termina o Ensino Médio, deseja, na nossa cultura no Brasil, ter o ensino superior, escolher alguma área do conhecimento para ter uma profissão, com uma formação mais aprofundada", diz Renato.

Ele pontua que tudo o que se relaciona ao Enem não é tão fácil - é um momento de ansiedade, angústia e uma expectativa muito grande. "Ocorre uma vez por ano. Aquela prova vai decidir o que o aluno fez o ano inteiro de estudo, para verificar se ele, no ano que vem, vai estar, ou não, em uma universidade pública. Com o sucesso está dentro, vida nova, começa a buscar novos horizontes e objetivos. Mas se não der certo, é mais um ano de preparação e dedicação", declara Renato.

E mais um ano para encarar uma carga de matérias muito grande, com conteúdos extensos, o que, no Brasil, envolve grau de cobrança maior que em outros países. "É uma sobrecarga, um peso, um desgaste. O Enem é muito cansativo. Não é só conhecimento, mas questão de ter estratégia, e até preparo físico e emocional. Não é um modelo que ajuda o aluno. Mas é o acesso, a regra do jogo", aponta Renato.

Do outro lado, os professores desempenham papel fundamental na preparação e acolhimento aos alunos, dedicados a eles, apoiando, incentivando, estimulando, passando segurança, confiança, tranquilidade e treinando os estudantes para a prova ao longo do ano, diz Renato. "Eles chegam preparados. Estamos confiantes em nossos alunos."

O exame será encerrado às 18h30 deste domingo (12/11).

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