Honestino Guimarães -  (crédito: Kleber Sales/CB)

Honestino Guimarães

crédito: Kleber Sales/CB

A Universidade de Brasília (UnB) analisa, nesta sexta-feira (7/6), a partir de 14h30, a concessão do diploma acadêmico post mortem a Honestino Guimarães, estudante de geologia que desapareceu em 1973, durante a ditadura militar. O então estudante foi o 1º colocado no primeiro vestibular para geologia realizado na UnB, em 1965. Para a reitora Márcia Abrahão, a homenagem a Honestino é um ato de reparação.

 

Além de estudante de geologia, Honestino foi presidente da Federação dos Estudantes da UnB, em 1968. No mesmo ano, ele foi preso na invasão militar na universidade, foi solto meses depois e expulso da UnB. Em 1973, o líder estudantil foi sequestrado, aos 26 anos, e não foi mais visto. A confirmação pública da morte dele ocorreu em 1996. O corpo nunca foi encontrado.

 

"No dia 10 de outubro de 1973, Honestino Guimarães foi sequestrado por agentes do Estado brasileiro. Desde então, Honestino é um desaparecido político. Seus crimes, de acordo com a documentação produzida pela própria ditadura militar, eram participar e liderar mobilizações estudantis, manter a UNE (União Nacional dos Estudantes) em funcionamento clandestino e atuar numa organização de resistência contra a ditadura. A história de Honestino está imbrincada na história da Universidade de Brasília", ressalta o Conselho Universitário da UnB.

Quem foi Honestino Guimarães?


Honestino Monteiro Guimarães nasceu em 28 de março de 1947, em Itaberaí, Goiás. Ele mudou-se com a família para Brasília em 1960, ano da inauguração da nova capital, e começou a atuar no movimento estudantil, filiando à organização Ação Popular (AP). Em 1966, um ano após ingressar na UnB, o estudante foi preso pela primeira vez.

 

Ele voltou a ser preso em 1967 e, enquanto estava detido, foi eleito presidente da Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília. Um ano depois, Honestino Guimarães voltou à prisão e passou a ser alvo de constantes perseguições. Em 29 de agosto de 1968, o estudante foi novamente detido pelas forças de segurança que invadiram o campus da Universidade de Brasília.

 

 

Menos de um mês depois, Honestino foi expulso da UnB por causa da sua atuação política como líder estudantil. Após a decretação do Ato Institucional 5 (AI-5), em dezembro de 1968, ele saiu de Brasília e passou a viver na clandestinidade em São Paulo. Lá, ele desenvolveu atividades como dirigente da União Nacional do Estudantes e militante da Ação Popular.

 

"No final de 1971, Honestino transferiu-se para o Rio de Janeiro. Nos meses seguintes, a militância política na Ação Popular (AP) sofreu intensa fragilização. Aos 26 anos de idade, foi preso por agentes do Centro de Informações da Marinha (Cenimar) no dia 10 de outubro de 1973 e, desde então, permanece desaparecido. Apesar dos esforços da família de Honestino, as autoridades militares se negaram a fornecer mais informações sobre seu paradeiro. Maria Rosa Monteiro relatou que no Natal de 1973 autoridades militares prometeram-lhe uma visita ao filho no Pelotão de Investigações Criminais (PIC) de Brasília, mas a promessa nunca foi cumprida", informa o Memorial de Resistência de São Paulo.