É importante ter atenção para não usar expressões erradas em textos dos vestibulares -  (crédito: Freepik)

É importante ter atenção para não usar expressões erradas em textos dos vestibulares

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*Conteúdo produzido por Flávio Castro

Assim como as roupas e as comidas, as palavras também são sazonais. Elas surgem, fazem sucesso e, de repente, parecem estar em todos os lugares. Você já reparou nisso? Pense nas palavras como os yogoberrys e os cupcakes: deliciosos, populares por um tempo, mas rapidamente substituídos por outras novidades mais frescas e atraentes. No entanto, assim como essas tendências gastronômicas, as palavras da moda podem acabar saturadas e perder seu charme inicial.

Durante a pandemia de Covid-19, algumas expressões se destacaram pelo uso excessivo. "Novo normal" e "reinventar" se tornaram onipresentes, descrevendo a adaptação a novas realidades e a necessidade de inovação. Essas expressões, inicialmente úteis para descrever mudanças profundas nas nossas rotinas, rapidamente se tornaram clichês, perdendo a força e a originalidade ao serem repetidas ad nauseam em todos os tipos de comunicação, desde discursos políticos até campanhas publicitárias.

Outro exemplo de palavra da moda é o advérbio "literalmente". Originalmente, "literalmente" deveria ser usado para indicar algo que é verdadeiro em um sentido estrito e não figurativo. No entanto, tornou-se comum ouvir frases como "estou literalmente morrendo de rir" ou "minha cabeça literalmente explodiu". Esse uso incorreto não só não faz sentido, mas também dilui o significado preciso da palavra. Em vez de enfatizar a realidade literal de uma situação, "literalmente" passou a ser usado como um intensificador semântico, muitas vezes criando situações absurdas e confusas.

O verbo "ressignificar" sofreu um destino semelhante. Utilizado para descrever o ato de atribuir um novo significado a algo, foi tão amplamente empregado que acabou perdendo sua força original. Hoje, é comum ver "ressignificar" usado em contextos que pouco têm a ver com transformação significativa, reduzindo seu impacto e clareza. Expressões como "ressignificar a vida" ou "ressignificar o trabalho" se tornaram vagas e genéricas, usadas indiscriminadamente para qualquer mudança ou adaptação, independentemente de seu real significado ou profundidade.

Outro verbo que caiu nas graças da moda é "entregar". Muitos o utilizam para substituir "fazer", "realizar" ou "concluir", em frases como "o jogador entregou um bom jogo" ou “o produto entrega um bom resultado”. Embora não esteja gramaticalmente errado, o uso excessivo e fora de contexto pode empobrecer o vocabulário e a precisão da comunicação. "Entregar" pode soar desproporcionalmente técnico ou empresarial em contextos onde palavras mais simples e diretas seriam mais adequadas.

Por fim, o verbo "performar" exemplifica o processo de redundância e esvaziamento. Emprestado do inglês "to perform", seu uso muitas vezes é desnecessário, podendo ser substituído por "executar", "realizar" ou "atuar". Frases como "ele performou bem no teste" soam artificiais e pouco naturais no português, enfraquecendo a expressividade do discurso. Além disso, a proliferação de "performar" pode contribuir para a introdução desnecessária de anglicismos, empobrecendo a riqueza da língua portuguesa.

Outro termo que merece atenção é "empoderar". Inicialmente utilizado para descrever o processo de dar poder ou autonomia a indivíduos ou grupos marginalizados, "empoderar" se tornou uma palavra da moda em diversos contextos, desde campanhas publicitárias até discursos motivacionais. No entanto, o uso excessivo pode banalizar seu significado e diluir seu impacto original. Frases como "empoderar-se através da maquiagem" ou "empoderamento financeiro com cartões de crédito" mostram como o termo pode ser distorcido e esvaziado de seu significado profundo e transformador.

Não há problema em usar esses termos na comunicação oral cotidiana. No entanto, na hora da escrita, especialmente em contextos acadêmicos ou profissionais, é essencial ser criterioso. O uso excessivo de palavras da moda pode sugerir uma restrição de vocabulário e o risco de utilizá-las de forma incorreta, com sentido indeterminado. Portanto, em sua redação, opte por um vocabulário mais preciso e variado, garantindo clareza e impacto na sua comunicação escrita. Além disso, estar atento às palavras da moda e aos seus significados originais pode ajudar a manter a integridade e a riqueza da língua, permitindo uma comunicação mais eficaz e significativa.

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Sobre o autor: Flávio de Castro é pós-graduado em Letras pela Unicamp e escritor. Escreveu Desaparecida (2018) e Minério de Ferro (2021), além de colaborar em diversas revistas, jornais e suplementos. Atualmente é pesquisador no Posling do CEFET-MG e professor de Literatura e Interpretação de Textos no Curso DetOnline.