Professores das universidades federais e dos institutos federais, além dos técnicos-administrativos dos institutos, decidiram encerrar a greve, que teve inicio em abril. Os profissionais chegaram ao consenso pelo fim da greve durante assembleias realizadas ao longo do fim de semana.
No sábado (22), na 193ª Plenária Nacional do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), técnicos e docentes dos institutos federais aprovaram a suspensão do movimento. E, neste domingo (23), foi a vez de o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) anunciar a decisão.
Eles só voltam ao batente, no entanto, após a assinatura dos Termos de Acordo com o governo federal.
O coordenador-geral do sindicato, David Lobão, explicou ao Correio que o próximo passo é informar, ainda hoje, ao governo sobre o resultado da assembleia. "Pela manhã, nós vamos entrar em contato com o governo para comunicar a nossa decisão. O próximo passo é assinar uma minuta de acordo, que se transformará em projeto de lei. Após a assinatura, os técnicos e docentes dos Institutos Federais do Brasil devem suspender a greve. Tentamos olhar sempre para o copo meio vazio e meio cheio, acreditamos que tivemos algumas conquistas com as nossas reivindicações, por isso decidimos pelo fim da greve", explicou.
Apesar de a principal reivindicação dos técnicos — um reajuste salarial de 4% para este ano — não ter sido atendida, o Sinasefe decidiu aceitar o acordo que prevê um acréscimo de 4% para 2025. "Nossa maior conquista, que podemos até colocar no mesmo patamar salarial, é a revogação da Portaria 983/2020 que fala a respeito da jornada de trabalho do docente e sobre a possibilidade de pesquisa. Os IFs possuem muitos pesquisadores, e o número cresce a cada ano. A portaria proibia que esses professores realizassem pesquisas e projetos de extensão contando a jornada de trabalho. Se o profissional quisesse, teria que ser feito fora da carga horária, o que é muito difícil se pensarmos que eles cumprem uma carga de 40 a 46 horas por semana", afirmou Lobão.
Vitória parcial
A greve dos técnicos-administrativos e docentes nas instituições federais de educação gerou um intenso período de negociações com o governo federal. Na última reunião, ocorrida em 14 de junho, houve avanços em pautas não remuneratórias, como a criação de um plano de carreira.
A aprovação das propostas — durante a plenária realizada de forma híbrida, com participantes presentes em Brasília e conectados via Zoom — foi vista como uma vitória parcial pelos sindicalistas, que agora focam na assinatura dos acordos e na continuidade da luta por melhorias. O comando nacional de greve do Sinasefe permanecerá ativo até que os acordos sejam assinados, e novos encaminhamentos serão debatidos na próxima plenária, ainda a ser convocada.
O encerramento da greve dos técnicos-administrativos em educação e a aceitação das propostas do governo marcam um momento significativo no cenário educacional e sindical do país, destacando a importância do diálogo e da negociação na busca por melhores condições para os servidores públicos da educação, segundo o sindicato.
Universidades
Apesar de algumas universidades terem decidido terminar a greve na última semana, outras continuaram esperando novas tratativas com o governo. No início da noite deste domingo, o Andes-SN divulgou, em nota, que após reunião durante o final de semana, em Brasília, a categoria dos professores universitários também decidiu assinar o acordo apresentado pelo governo. Além disso, afirmou que a greve deve chegar ao fim oficialmente na próxima semana, em 3 de julho.
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"Finalizada a sistematização dos resultados deliberados nas assembleias da base nos estados entre os dias 17 e 21 de junho, a categoria docente definiu pela assinatura do termo de acordo apresentado pelo governo, a ser realizada em 26 de junho, bem como pela saída unificada da greve a partir de tal data, até 3 de julho", informou a nota.
No sábado, o Andes publicou um comunicado a respeito de um encaminhamento de proposta para o Termo de Minuta enviado pelo MGI na sexta-feira. Durante a última semana, pelo menos 24 universidades sinalizaram um fim para a greve dos professores, que já passa de 60 dias. Dessas, 12 já voltaram ou marcaram uma data para o retorno às aulas.
Na sexta-feira, o Comando Nacional de Greve da Federação de Sindicatos De Trabalhadores Técnico- Administrativos Em Instituições De Ensino Superior Públicas Do Brasil (Fasubra) também voltou a se reunir para definição das próximas diretrizes da greve dos técnicos das universidades. De acordo com a entidade, durante a reunião, houve a construção de um ofício solicitando melhorias na proposta apresentada pelo governo, que foi protocolado junto ao Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), com cópia para o Ministério da Educação (MEC), conforme indicação da maioria das assembleias das entidades de base. No entanto, até o fechamento desta edição, a entidade ainda havia se manifestado com indicação para aceitar um acordo com o governo ou uma data final para acabar com a greve dos técnicos das universidades.
Na última quinta-feira, os docentes da Universidade de Brasília (UnB), com votação em auditório lotado, decidiram retomar as atividades acadêmicas nesta quarta-feira. A decisão pode ser considerada um indicativo nacional, já que as outras instituições seguiram o mesmo caminho neste final de semana. Com ressalva apenas para a categoria representada pela Fasubra.
A greve envolveu mais de 62 universidades pelo Brasil, que se uniram para consolidar as negociações com o governo. No entanto, nem todas as reivindicações foram atendidas. Apesar de ainda não haver uma decisão total nacional, a expectativa é de que a greve nacional da educação se encaminhe para o fim esta semana.