A greve dos professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) durou 51 dias. A paralisação, que teve início em 15 de abril, terminou em assembleia realizada na última quarta-feira (5/6). Foram quase dois meses sem aulas - tempo que prejudicou os alunos da Federal, que perderam conteúdo acadêmico, além daqueles que estavam prestes a terminar o curso e tiveram que adiar a formatura.


Assim, o Estado de Minas foi até o Campus Saúde da UFMG, localizada na Avenida Professor Alfredo Balena, Região Centro-Sul de BH, para ouvir dos alunos sobre o retorno das aulas nesta segunda-feira (10). Dois afetados pela greve são os alunos de Medicina Silvanilson de Souza Ferreira e Nathan Vincenzi, que estão no 5° período e tiveram mais da metade das aulas paralisadas.

 



 

“Esse lance de parar a maioria e ficar uma ou duas tendo aula acaba travando muitos alunos aqui. Muita gente é de fora. Ficou meio complicado voltar para minha cidade, porque estava tendo aula aqui”, diz Silvanilson, que é do interior da Bahia. O estudante afirma que até chegaram a falar com os professores que o ideal seria paralisar tudo ou não paralisar ninguém, mas que não foram ouvidos.

 

Já o estudante Nathan Vincenzi conseguiu um fim de semana para ir a Uberlândia (MG), onde mora a família. “Minha expectativa era de que demorasse um pouquinho mais a greve. Ainda mais pelo que o povo falava das assembleias, dos reajustes salariais, que não estava batendo muito com a proposta do governo”, destaca.


Ambos os estudantes concordaram que as aulas voltaram em um bom prazo. Além disso, repercutiram sobre o novo calendário do ano letivo, que foi estendido até fevereiro de 2025. “Se demorasse mais ia acabar pegando grande parte das férias de dezembro e janeiro no segundo semestre. Está dentro do esperado”, ressalta Silvanilson.

 

A dupla de medicina Silvanilson de Souza Ferreira e Nathan Vincenzi

Edésio Ferreira/EM/D.A.Press

 

A estudante de medicina Lívia Jardim Pinheiro, de 21 anos, está no 4° período e teve todas as sete disciplinas paralisadas. “Eu acho que a greve é um movimento importante, só que para nós alunos fica bem complicado. Eu moro no interior de Minas, em Araçuaí, e tive que voltar para lá. Quando voltou tive que vir correndo”, explica.


Em relação à reposição das aulas, Lívia acredita que a UFMG organizou bem o período letivo. “Ficou até um calendário melhor do que eu imaginava, porque eu esperava que não ia ter nem um tempinho de férias. Bom que repõe o conteúdo e dá pra você descansar”, diz.

 

A estudante de medicina Livia Jardim Pinheiro

Edésio Ferreira/EM/D.A.Press

 

Para não prejudicar os alunos que já estão na reta final do curso, alguns professores decidiram não parar as disciplinas. Caso do estudante do oitavo período de medicina Gabriel Almeida, de 25 anos. “Foi um acerto dos próprios professores, que organizaram o calendário e negociaram com o pessoal do internato. Ficou definido o que é serviço essencial de assistência para a saúde, que não pode parar independente se tiver greve ou não. Aí o internato, que é a partir do 9º período, foi um deles”, afirma.


O estudante explica que o 8º período não poderia parar, porque o 9º ia para o 10º e o 8º vai para o 9º. Se o 8º parar, ia gerar uma lacuna e sobrecarregar os hospitais. Além disso, como não pararam, Gabriel conta que, o semestre que vai até agosto para a maioria dos alunos, continua normal para eles, que vão entrar de férias em 12 de julho.

O aluno de medicina Gabriel Almeida, de 25 anos

Edésio Ferreira/EM/D.A.Press

Nem todos foram favoráveis


Uma das estudantes de medicina, que não quis se identificar, foi contrária à greve dos professores. “Minha turma entrou na pandemia. Foi um ano e meio online no início do curso e agora pegamos mais essa greve. Então, ficamos meio não muito a favor, sabe. Talvez fosse melhor esperar essas turmas formarem”, destaca.


A aluna que está no oitavo período continua. “Viemos de uma férias muito longa, porque a UFMG não retorna em fevereiro, no calendário normal ela retorna em março. É muito tempo que ficou parado, e depois a gente mal voltou, entrou ali no ritmo e parou de novo”, termina.

 

Paralisação

 

Os professores da UFMG decidiram encerrar a greve durante assembleia na última quarta-feira (5). Ao todo, foram computados 201 votos pelo fim da greve, 179 votos pela continuidade e 16 abstenções. Em Minas Gerais, pelo menos outras 12 instituições federais seguem em greve, incluindo institutos federais (IFs) e universidades, sem previsão de retorno.


Entre as principais reivindicações do movimento, estavam a reposição de perdas salariais acumuladas durante os governos anteriores, a reestruturação dos planos de carreiras, mais investimentos nas instituições e realização de um concurso para contratação de funcionários. O movimento também pedia reajuste imediato dos auxílios e bolsas de estudantes.


Já os técnicos administrativos em educação (TAEs) seguem em greve, iniciada em 11 de abril. Embora a instituição tenha legitimado as paralisações, a UFMG não se manifestou oficialmente.

Mudança no ano letivo 

 

Por causa da greve, o ano letivo na UFMG só vai terminar em fevereiro de 2025. O calendário foi definido na última sexta-feira (7/6), pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da instituição, que definiu ajustes no calendário escolar do ano letivo de 2024.


Ficou decidido que o primeiro período letivo será encerrado em 31 de agosto. Em 23 de setembro, após três semanas de recesso, terá início o segundo semestre letivo, que vai terminar em 8 de fevereiro de 2025. O primeiro período letivo do próximo ano começa em 10 de março e se estende até 12 de julho. Já o segundo começa em 11 de agosto e vai até 13 de dezembro de 2025.

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