Cartaz digital de divulgação do Filme Feios da Netflix -  (crédito: divulgação Netflix)

Cartaz digital de divulgação do Filme Feios da Netflix

crédito: divulgação Netflix

*Conteúdo produzido por Flávio Castro

O filme Feios, dirigido por McG e inspirado no livro de Scott Westerfeld, tornou-se um fenômeno global no streaming, figurando no top 10 de filmes mais assistidos da Netflix em 93 países. Lançado em 2024, o longa capturou a atenção do público ao apresentar uma narrativa distópica sobre uma sociedade onde a cirurgia estética é obrigatória aos 16 anos, transformando todos os jovens em versões "perfeitas" de si mesmos. A popularidade do filme reflete não apenas seu enredo envolvente, mas também a ressonância de sua crítica à padronização da beleza em um mundo obcecado pela aparência.

A história gira em torno de Tally Youngblood, uma jovem que se aproxima da idade para passar pela cirurgia que a tornará socialmente aceitável. No entanto, sua amizade com Shay, uma garota que rejeita essa transformação, leva Tally a questionar o sistema. Quando Tally é forçada a escolher entre trair sua amiga ou garantir sua própria cirurgia, o filme coloca em pauta questões sobre identidade, liberdade e a pressão para se encaixar nos padrões impostos. Essa relação direta com os padrões de beleza reforça o papel que a sociedade contemporânea desempenha na construção e manutenção de ideais inatingíveis.

O enredo de Feios não poderia ser mais pertinente à realidade atual, onde o culto ao corpo perfeito se intensifica, principalmente nas redes sociais. A busca por um ideal estético, seja por meio de dietas rigorosas, treinamentos exaustivos ou intervenções estéticas, é uma constante na vida de muitos. Harmonizações faciais, implantes de cabelo, cirurgias plásticas e o uso de cosméticos são práticas amplamente divulgadas e incentivadas por influenciadores digitais, refletindo o desejo de alcançar um padrão que promete aceitação e sucesso social.

Os dados de uma pesquisa divulgada pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) confirmam essa tendência. Em 2021, houve um aumento de 19,3% nos procedimentos estéticos ao redor do mundo, com mais de 12,8 milhões de cirurgias plásticas e 17,5 milhões de intervenções não cirúrgicas, como aplicação de toxina botulínica e ácido hialurônico. A lipoaspiração, o aumento de seios e a rinoplastia estão entre as cirurgias mais populares, enquanto procedimentos menos invasivos, como o uso de preenchimentos, continuam crescendo. Essa busca por modificações corporais está diretamente ligada à pressão social por conformidade aos padrões de beleza.

No Brasil, a obsessão pelo corpo perfeito é particularmente intensa. O país é um dos maiores mercados de cirurgias plásticas e procedimentos estéticos do mundo. No entanto, é importante reconhecer que esses padrões de beleza são ditados pelas classes hegemônicas, que possuem os recursos financeiros para moldar suas aparências conforme os ideais de perfeição propagados pela mídia e pela indústria da moda e do entretenimento. Esse processo cria uma forma de poder simbólico, onde a aparência física se torna um marcador de status social, reforçando desigualdades e limitando a diversidade estética. A imposição desses padrões, especialmente entre mulheres, gera um ciclo de insatisfação e consumo, em que a beleza idealizada se torna um produto e um valor ao mesmo tempo, perpetuando a exclusão e o controle sobre os corpos.

As redes sociais desempenham um papel crucial na disseminação dessa "ditadura da beleza", influenciando pessoas cada vez mais jovens. Plataformas como Instagram, TikTok e Facebook estão repletas de imagens filtradas e padrões estéticos irreais, que acabam por criar expectativas inatingíveis. Essa exposição constante pode gerar consequências psicológicas significativas, como ansiedade, depressão e transtornos alimentares, afetando a autoestima e a saúde mental dos indivíduos, especialmente dos adolescentes em fase de formação identitária.

Nesse contexto, Feios se mostra extremamente relevante ao propor uma discussão atual e necessária sobre os impactos da padronização estética. O filme não apenas entretém, mas também incentiva a reflexão crítica sobre a influência das mídias sociais e da sociedade no conceito de beleza. Por abordar temas tão pertinentes, Feios frequentemente é considerado uma possível temática para redações do ENEM e de outros vestibulares, servindo como um catalisador para debates sobre identidade, pressão social e os desafios enfrentados na busca pela autenticidade em meio a padrões opressivos.

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Sobre o autor: Flávio de Castro é pós-graduado em Letras pela Unicamp e escritor. Escreveu Desaparecida (2018) e Minério de Ferro (2021), além de colaborar em diversas revistas, jornais e suplementos. Atualmente é pesquisador no Posling do CEFET-MG e professor de Literatura e Interpretação de Textos no Curso DetOnline.