Os candidatos que farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) este ano estão na contagem regressiva para as provas, marcadas para 3 e 10 de novembro. Na reta final, os estudantes intensificaram a preparação. A dica, para se sair bem nas avaliações, é adotar estratégias eficazes para aprimorar o desempenho e reduzir a ansiedade.




Estabelecer prioridades, focar nas metas, confiar na preparação feita ao longo do ano e identificar os conteúdos que merecem mais atenção são recomendações de especialistas. A criação de resumos e a realização de simulados são essenciais para se acostumar com o formato das provas nos dias que antecedem o exame.


 

De olho em uma vaga em medicina veterinária ou tecnologia da informação, Maria Julia Cardoso, de 18 anos, é daquelas que acreditam que a reta final de estudos é importante para um bom desempenho. Para isso, privilegia a revisão dos conteúdos e participação em simulados. 


Estudante do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), ela garante estar confiante. “Me dediquei durante todo o ano, e os três anos de ensino médio no IF me proporcionaram uma ótima preparação para o Enem. O apoio da minha família tem sido fundamental para meu bem-estar psicológico. Com todo o esforço que coloquei ao longo do ano, tenho boas expectativas para o resultado”, contou.


Alunos entrevistados pelo Estado de Minas dizem que o primeiro dia de provas é o mais cansativo. Os candidatos têm até 5h30 para resolver as 90 questões, incluindo Linguagens e Ciências Humanas, e fazer a redação. 


Essa, inclusive, é considerada uma das avaliações mais importantes do Enem. Professor de Português e Redação do Colégio Bernoulli, em Belo Horizonte, Pedro Mol Arreguy Diniz reforça que é a única prova em que o aluno pode tirar nota mil, representando um quinto da pontuação total. “É essencial não deixá-la para o final, pois ela exige muita atenção e dedicação. Portanto, recomenda-se ler o enunciado e os textos motivadores, estruturar o texto e, em seguida, passar para a folha de redação”, recomendou. 


 

Segundo Pedro Mol, o Enem avalia a capacidade do aluno de elaborar um texto dissertativo-argumentativo, que não seja apenas informativo. O candidato deve apresentar um ponto de vista sobre o tema e explicar suas razões. “É essencial que os alunos estejam informados sobre atualidades e tenham uma formação filosófica, sociológica e cultural. A  prova de redação costuma abordar temas relevantes da sociedade brasileira”, observou. 


O professor dá dicas para a reta final de preparação. “Nesses últimos momentos, encontre momentos de felicidade. É importante ligar para um amigo com quem não conversa há muito tempo, assistir a uma série ou filme legal, ler um livro e revisar os últimos detalhes. A saúde mental é essencial. Sem ela, o aluno não consegue fazer a prova”, aconselhou.  


A ansiedade, porém, é comum entre os estudantes. Que o diga Cauã Gabriel de Souza, de 17 anos, que sonha em ingressar no curso de direito em uma universidade pública. “Confesso que estou ansioso e, quanto mais perto da prova, mais sinto aquele friozinho na barriga. Estou me dedicando bastante a fazer questões e redações neste último mês de preparação”, contou o jovem.


A mais temida

Se o primeiro dia do Enem é o mais cansativo, é no segundo domingo de exame que está a prova mais temida pelos alunos: matemática. Com 45 questões, que correspondem a 25% da avaliação, é essencial que os participantes foquem principalmente em questões que foram comuns em edições anteriores. 


De acordo com Igor Magalhães Cunha, professor de matemática do Bernoulli, é fundamental se concentrar nos tópicos que têm mais chances de aparecer na prova e são mais acessíveis para os alunos. Assuntos como razão, proporção, regra de três e porcentagem são frequentes, assim como a geometria plana e espacial.


“Nesta reta final, os alunos devem priorizar conteúdos que costumam aparecer com mais frequência, evitando temas muito específicos ou complexos, como logaritmos ou equações trigonométricas, que podem gerar estresse. A ideia é resolver questões que, embora simples, garantem pontos e diminuem a ansiedade”, afirmou Igor. 


A disciplina é um dos desafios de Laura Barbosa, de 18 anos. Com o sonho de cursar medicina veterinária na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a jovem conta que faz um cursinho preparatório desde fevereiro. “O segundo dia do exame me deixa mais temerosa, pois inclui as provas de matemática e ciências da natureza (física, química e biologia). Acredito que a maioria das pessoas tem muita dificuldade com física, e matemática também pode ser desafiadora, já que envolve muita interpretação e diversas fórmulas. No entanto, estou confiante”, frisou. 


A um mês do exame, Laura não esconde a ansiedade. Para amenizar, ela tenta se distrair vendo séries cômicas e lendo livros. “Passar um tempo com minha família e amigos também me ajuda nessa reta final”.


Manter uma vida social ativa é, inclusive, a dica que o professor Igor dá aos candidatos nesses próximos dias. “É importante fazer pausas durante os estudos, como um intervalo de 10 a 20 minutos a cada uma ou duas horas de estudo. Assistir a filmes, séries ou se manter atualizado com notícias é fundamental. Estudar 24 horas por dia não é produtivo e pode aumentar a pressão e o estresse”, pondera o especialista. 

 

 

O Enem

O Enem se consolidou como a principal via de acesso à educação superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e iniciativas como o Programa Universidade para Todos (Prouni).


As instituições de ensino, tanto públicas quanto privadas, utilizam o Enem para a seleção de alunos. Os resultados podem ser usados como critério único ou complementar nos processos seletivos, além de servirem como base para a concessão de auxílios governamentais, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).


Além disso, as notas podem ser aproveitadas por instituições de ensino em Portugal que mantêm parceria com o Inep, facilitando o acesso dos estudantes brasileiros em universidades fora do país.


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A edição de 2024 do Enem teve mais de 5 milhões de inscritos, conforme balanço divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O número é maior que o registrado nos anos anteriores.

 

Em Minas foram 463.722 inscritos. O estado ficou apenas atrás de São Paulo, que bateu a marca de 747.094 candidatos.

 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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