Uma das provas mais temidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é, ao mesmo tempo, a que pode elevar as chances de o candidato ter boas notas no certame. A redação representa um quinto da pontuação total da avaliação e é a única na qual o participante pode alcançar nota mil. Com o exame cada vez mais perto, será realizado em 3 e 10 de novembro, a dica para se sair bem é aprimorar a escrita e o repertório cultural.
A redação será aplicada no primeiro dia do Enem, quando os estudantes também responderão, em até 5h30, 90 questões de Linguagens e Ciências Humanas. Nessa prova, será avaliada a capacidade de o aluno elaborar um texto dissertativo-argumentativo, que não seja apenas informativo. O participante deve apresentar um ponto de vista sobre o tema e explicar suas razões.
Levando em consideração as edições anteriores, propostas relacionadas à saúde, ao meio ambiente, à tecnologia ou à educação são temas prováveis de cair na edição de 2024. No ano passado o tema foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
Citando como exemplo as mudanças climáticas, a professora Regina Mota, especialista na área, defende que o meio ambiente é um tema que já deveria ter sido incluído na prova. “Esse assunto (mudanças climáticas) pode reverberar em várias áreas, como desmatamento, queimadas, desertificação e agricultura familiar”, exemplifica.
A docente pondera que a reciclagem, a tecnologia, o envelhecimento populacional e a juventude são temas relevantes que também podem ser abordados na avaliação deste ano.
Para se sair bem
Os alunos devem estar atentos a certos critérios que resultam em nota zero na prova. Entre as principais causas estão a fuga ao tema, um texto de apenas sete linhas, a inclusão de trechos copiados dos textos motivadores e a desobediência à estrutura dissertativo-argumentativa.
Para não fugir do tema, Regina Mota diz ser importante circular as palavras-chave do enunciado. Além disso, ler os textos motivadores é essencial, pois eles direcionam a redação. A professora recomenda que os alunos sejam curiosos e busquem fazer conexões entre o cotidiano e a redação do exame.
“Assistir a um filme e pensar sobre suas relações com os temas do Enem pode enriquecer muito o repertório. É mais importante do que saber o tema e saber escrever um texto dissertativo-argumentativo”, reforçou a docente, acrescentando ser necessário citar áreas do conhecimento, como obras de arte, músicas, filósofos e sociólogos. Especialistas recomendam que o participante tenha, no mínimo, três para cada eixo temático.
É o que faz Davi Miguel Costa Morais, de 18 anos, que busca uma vaga em medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “A redação é a parte que mais pode elevar a nota no exame. Dedico-me a expandir meus repertórios culturais e aprimorar minha escrita”, frisou.
Foi nas séries, filmes e livros que o estudante encontrou uma maneira de estudar e relaxar nas semanas que antecedem a prova. “Encontrei um refúgio nas leituras e nas séries. Posso estudar e descansar ao mesmo tempo. Nessa reta final, a ansiedade é intensa, e isso tem me ajudado muito. Além disso, consigo adquirir um bom conhecimento de mundo, o que pode me garantir uma nota mil na redação”, continuou.
A professora Regina também reforça que a redação é uma construção que deve ser feita constantemente, com muita leitura e escrita. “A escrita é um processo de amadurecimento, com o tempo o aluno vai dominando. Para isso, o treinamento é essencial e deve ser feito até a semana que antecede a prova”.
A dica é seguida à risca por Maria Eduarda Santos Silva, de 18 anos, que garante se preparar para a redação desde o início de 2024. “Faço redações todas as semanas, abordando diferentes temas e enviando para a correção. Quanto aos repertórios, tenho alguns coringas e, conforme o tema da redação, pesquiso na internet para ampliá-los”, contou a estudante, que almeja uma vaga em ciência das computação.
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Por outro lado, Maria Eduarda não esconde a ansiedade. Ela avalia a prova como uma das mais difíceis do Enem. “Tenho receio em relação ao tema que será proposto, são muitos eixos temáticos e a prova vale mil pontos, mas estou confiante”.
Tecnologia como aliada
Segundo Regina Mota, a tecnologia pode ser uma boa aliada na construção de repertório para a prova, mas que isso não substitui o conhecimento prévio do aluno. "Utilizar esses recursos pode não ser eficaz se o aluno não tiver conhecimento prévio. A inteligência artificial pode ser uma aliada na construção do repertório, mas é fundamental sentar e ler. Quem não tem o hábito de leitura pode se perder em buscas na internet ou na inteligência artificial”, afirmou.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice