Em 2024, a estimativa é de que cerca de 88,3 milhões de novos automóveis sejam comercializados globalmente, segundo a S&P Global Mobility. Este número evidencia a robustez do setor automotivo mundial. No entanto, a realidade em países como a Síria é significativamente diferente. Nesse país, devastado por anos de conflito, menos de cem veículos novos foram vendidos apenas no primeiro semestre do ano, um contraste avassalador comparado ao cenário global.
A produção local na Síria é praticamente restrita a poucas fábricas, como Sham e Hamisho, que, no entanto, não fabricam veículos completos. Em vez disso, essas empresas se concentram na montagem, importando peças-chave como motores do Irã e da China. Esse panorama ilustra não só os desafios enfrentados pela indústria automotiva no país, como também reflete as complexidades econômicas e políticas que afetam a disponibilidade e distribuição de veículos.
Quais são os desafios enfrentados pela indústria automotiva na Síria?
O mercado automotivo na Síria está repleto de obstáculos. Anos de conflito contínuo resultaram em uma infraestrutura deteriorada e um ambiente econômico em frangalhos. Isso leva a uma dependência exacerbada de importações para componentes essenciais, como motores, com procedência majoritariamente do Irã e da China. Além disso, a produção local limita-se geralmente ao chassi e a outras peças mais simples, sinalizando a ausência de uma cadeia de fornecimento completa e integrada.
A crise econômica persistente faz com que a maioria dos consumidores sírios opte por veículos usados em detrimento de novos, devido aos altos preços e à escassez de oferta. Enquanto veículos novos são raros, a presença substancial de marcas sul-coreanas, como a Hyundai, torna-se ainda mais notável, paradoxalmente por serem dos poucos ainda fabricados localmente, mesmo com produção limitada.
Por que a presença de veículos japoneses e sul-coreanos é predominante no Oriente Médio?
A configuração geopolítica da região desempenha um papel crucial na predominância de veículos japoneses e sul-coreanos. Devido a embargos e restrições comerciais impostas por muitos países do Oriente Médio contra os Estados Unidos e algumas nações europeias, as marcas ocidentais têm menos presença na região. Isso abre caminho para que montadoras asiáticas preencham essa lacuna, uma vez que mantém relações comerciais mais neutras ou favoráveis.
A utilização de picapes da Toyota por grupos extremistas evidencia esta situação inusitada. Elas são a escolha clara em diversos conflitos na região por sua durabilidade e facilidade de manutenção, enquanto marcas americanas, como Ford e Chevrolet, encontram barreiras para sua circulação no Oriente Médio.
Como a indústria automotiva reflete as condições socioeconômicas dos países em conflito?
A indústria automotiva é frequentemente um reflexo das condições econômicas e sociais de um país. No caso de nações em conflito, como a Síria, as limitações do mercado revelam problemas subjacentes relacionados à infraestrutura, à estabilidade econômica e à posição política global. Enquanto o mundo avança com inovações e expansões, países em conflito permanecem limitados aos recursos locais e a parcerias estratégicas com poucas nações que os apoiam economicamente.
Esse cenário influencia significativamente a escolha dos consumidores, que muitas vezes são compelidos a optar por soluções mais econômicas e acessíveis, como veículos usados ou de marcas que conseguem estabelecer e manter uma presença significativa no país, levando em consideração as restrições logísticas e políticas existentes.