Em maio de 2024, Porto Alegre enfrentou uma enchente devastadora que resultou em danos extensivos a inúmeros veículos, muitos dos quais foram abandonados nas ruas da cidade. Essa situação contribuiu significativamente para o aumento dos casos de carros abandonados registrados na capital gaúcha. De acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), entre janeiro e novembro de 2024, foram reportados 965 casos, um aumento de 34% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 717 casos.
O impacto da enchente foi tão severo que, apenas a partir do mês de maio, foram relatados 635 casos de veículos abandonados, totalizando 65% do ano. A situação foi agravada pelo fato de que muitos proprietários não conseguiram arcar com os custos de remoção dos veículos danificados, optando por deixá-los nas vias públicas.
Por que os Veículos Abandonados são um Problema?
O abandono de veículos não é apenas uma questão de poluição visual ou de desperdício de espaço público; é um problema de saúde pública. Carros parados por longos períodos atraem animais e insetos, como mosquitos, que podem se tornar focos de doenças como a dengue. Além disso, eles representam um risco de segurança, pois podem ser utilizados como abrigo por animais peçonhentos, ameaçando a segurança dos moradores próximos.
Para as autoridades de saúde e os moradores de áreas afetadas, a remoção desses veículos é essencial. A EPTC está envolvida em um processo complexo e detalhado para garantir que esses carros sejam removidos de maneira eficiente das ruas da cidade.
Como é Feito o Processo de Remoção de Veículos Abandonados?
O procedimento para lidar com veículos abandonados é estruturado e envolve várias etapas:
- A EPTC é notificada pelos moradores através dos canais 118, 156 ou pelo site da prefeitura. Os próprios agentes podem detectar carros em condição de abandono.
- Uma vistoria é realizada para verificar se o veículo se enquadra na situação de abandono.
- Se confirmado, a EPTC tem 30 dias para adesivar e notificar formalmente o proprietário.
- A notificação é enviada pelos Correios ou, se o endereço for desconhecido, publicada no Diário Oficial de Porto Alegre.
- O proprietário tem um prazo de 10 dias para remover o veículo após a notificação.
- Caso o prazo não seja cumprido, o veículo é guinchado pela prefeitura e levado a um depósito.
- O carro permanece no depósito por até 90 dias, período no qual ainda pode ser resgatado pelo dono.
- Se não for reclamado, o veículo é leiloado ou destinado à reciclagem.
Qual é a Situação Atual nos Bairros Atingidos?
Os bairros mais atingidos, como o Humaitá e o Santa Rosa de Lima, continuam lidando com as consequências das cheias. A EPTC tem realizado esforços para limpar essas áreas, embora muitos carros ainda estejam aguardando remoção. Um exemplo é um Peugeot 307 azul no bairro Humaitá, que foi notificado em outubro, mas cuja denúncia havia sido feita já em fevereiro, meses antes da enchente. Essa demora se deveu ao foco dos recursos na minimização dos danos imediatos da catástrofe.
Impactos Econômicos e Alternativas para Proprietários de Veículos
Um dos desafios enfrentados pelos proprietários de veículos danificados é a falta de recursos financeiros para pagar por serviços de remoção. Aqueles sem seguro automotivo, como Celiomar Cardoso, vivem com a realidade de ter um carro inutilizável estacionado em suas propriedades ou nas ruas. Sem condições de custear o guincho, muitos veem esses veículos como um empecilho indesejado.
Historicamente, as autoridades têm se empenhado em encontrar soluções que ofereçam apoio aos proprietários, além de garantir a limpeza e a segurança das vias públicas. No entanto, a demanda crescente após a enchente evidencia a necessidade de novas abordagens e maior interação comunitária para lidar eficazmente com o problema de veículos abandonados em Porto Alegre.