Na noite de segunda-feira, 16 de dezembro de 2024, um encontro virtual, promovido pela Presidência da República, foi marcado por uma intervenção significativa. O evento, que tinha como foco o Benefício de Prestação Continuada (BPC), atraiu a atenção de muitos, especialmente de pessoas com deficiência preocupadas com as novas propostas legislativas contidas no Projeto de Lei 4614/2024. O encontro contou com a participação de membros influentes do Ministério da Fazenda e conselheiros de entidades representativas relacionadas ao tema.
O Projeto de Lei tem gerado apreensão, já que implementa regras mais rígidas para o acesso ao BPC. O grupo presente na reunião se manifestou ativamente através dos comentários, expressando sua oposição às mudanças previstas. Essas medidas incluem possíveis entraves à concessão do benefício, o que poderia afetar adversamente os indivíduos beneficiários e suas famílias.
Quais são as preocupações dos grupos de apoio em relação ao PL 4614/2024?
Diversas organizações, como a Associação Nacional de Apoio às Pessoas com Deficiência (ANAPcD) e a Coalizão Nacional Inclusiva pelo Autismo (CONIA), têm investigado e desafiado o PL 4614/2024. Eles estão particularmente inquietos com as disposições que exigem atualização cadastral frequente e ameaçam suspender benefícios caso essas condições não sejam cumpridas. Além disso, alterações que ignoram aspectos fundamentais do modelo social de deficiência, conforme estabelecido na legislação brasileira, também são ponto de crítica.
Outro ponto de desacordo é a proposta que limita o benefício a apenas um membro em famílias que contam com mais de um indivíduo elegível. As organizações enfatizam a necessidade de manter a proteção social e evitar a exclusão de beneficiários legítimos devido a definições restritivas e procedimentos burocráticos excessivos.
O impacto das regras propostas sobre as famílias brasileiras
O governo defende que o objetivo das novas regras é otimizar a concessão do BPC, assegurando que o benefício alcance aqueles que realmente necessitam. Contudo, o impacto potencial dessas medidas sobre as famílias suscita preocupações. As novas diretrizes exigem que até mesmo a renda de membros que não residem na mesma casa seja contabilizada, o que pode desqualificar alguns indivíduos que antes se qualificavam para o benefício. Adicionalmente, a atualização de cadastros, mesmo que não tenha ocorrido mudanças significativas na condição socioeconômica das famílias, pode apresentar barreiras intransponíveis para muitas.
A implementação de biometria para novos cadastros é outra mudança proposta que pode representar desafios significativos, especialmente para moradores de áreas com infraestrutura inadequada ou regiões de difícil acesso.
Qual é o caminho proposto pelas entidades para um BPC mais inclusivo?
Em resposta às preocupações levantadas, a ANAPcD propôs emendas ao projeto de lei, sugerindo soluções que atendam melhor às necessidades das comunidades afetadas. Entre as propostas estão opções para o uso de cadastro biométrico como ferramenta adicional, com a obrigação do governo de oferecer alternativas acessíveis para a atualização de cadastros, especialmente em regiões remotas ou carentes em termos de serviços públicos.
Também foi sugerido que bens de baixo valor econômico ou que não geram renda não sejam considerados no cálculo para determinação de elegibilidade dos benefícios. Estas sugestões buscam garantir que o BPC continue a servir sua função essencial de suporte às pessoas com deficiência, assegurando condições justas para todos os potenciais beneficiários.